Em busca de testar uma metodologia de monitoramento acústico de baleias Cachalote em águas brasileiras, a acadêmica Franciele Rezende de Castro desenvolveu a sua tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Ecologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A pesquisa analisou a porção brasileira da Bacia de Pelotas, no Oceano Atlântico, na região sul do país, onde foi encontrada essa espécie do mamífero marinho.
A acadêmica explica que o método acústico é complementar ou alternativo à metodologia visual de observação da superfície dos oceanos e otimiza o uso de plataformas de análise de cetáceos, como baleias e golfinhos. “Trata-se de registrar acusticamente a ocorrência, distribuição e tamanho populacional de uma espécie durante um período. Para isso, utilizamos as chamadas matrizes, que são um conjunto de dois ou mais hidrofones. Elas podem ser fixas ou móveis. Um exemplo de móvel seria o arrasto, em que a matriz é rebocada por um navio, permitindo uma maior cobertura espacial, sendo, geralmente linear.”
Fascinada por biologia e matemática, a doutoranda viu na pesquisa uma forma de trabalhar mais de perto com os dois campos. Ela conta que sempre foi instigada pelo tema de estimativa de tamanho populacional em biologia, mas que não havia resultados disponíveis de observação de cetáceos para tais estimativas. A partir da ideia do professor orientador, Artur Andriolo, de implementação do monitoramento acústico no Brasil, foi possível que a equipe desse prosseguimento ao estudo.
“Uma das minhas motivações foi a conservação de espécies que, ainda hoje, são ameaçadas por ações antrópicas. Os cetáceos oceânicos, em particular, são pouco conhecidos, devido às dificuldades de acesso. Contribuir, de alguma forma, para o desenvolvimento de um método adicional que otimize seu monitoramento é muito estimulante”, aponta Franciele.
Foram analisados um total de 139 mergulhos completos das baleias. Eles foram registrados para avaliar o perfil dessa ação das Cachalotes. “Mergulho raso em forma de ‘V’ foi o tipo mais frequente, seguido por mergulhos de profundidade intermediária, mergulhos profundos e mergulhos rasos em forma de ‘U’”, indica a pesquisadora. Junto a isso, ela avalia que “vinte e sete mergulhos desses e outros 60 foram identificados como de forrageio (movimentos em busca de presas).”
Em relação à quantidade de baleias, Franciele afirma que “considerando que todos os indivíduos vocalmente ativos sob os trajetos percorridos foram detectados, a densidade estimada foi de 0,008 baleias/km² e a abundância de 871,31 baleias para a área pesquisada. No entanto, se nem todos os indivíduos estavam disponíveis acusticamente no momento em que o navio passou por eles, esses valores podem estar subestimados”.
Para o professor orientador, Artur Andriolo, por meio da pesquisa, foi possível demonstrar uma associação de desenvolvimento de tecnologia nacional para investigar questões de relevância biológica e conservação dos ambientes marinhos. “Isso confirma a importância da academia na inserção de questões atuais e no cumprimento do seu papel social. O estudo traz dados objetivos sobre a população de baleias cachalotes no sul do Brasil e constata sua ocorrência em áreas de interesse da indústria de exploração de óleo e gás”. De acordo com ele, essas informações preenchem uma lacuna de conhecimento e são necessárias “especialmente para os órgãos de licenciamento, gestão e políticas públicas”.
Contatos:
Franciele Rezende de Castro (Doutoranda)
francielercastro@gmail.com
Artur Andriolo (Orientador – UFJF)
artur.andriolo@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Prof. Dr. Artur Andriolo (Orientador – UFJF)
Prof. Dr. Gastón Guiné (UFJF)
Prof. Dr. Vinícius Novaes Rocha (UFJF)
Prof. Dr. Eduardo Resende Secchi (FURG)
Prof. Dr. Paul Gerhard Kinas (FURG)
Outras informações: (32) 2102-3227 – Programa de Pós-graduação em Ecologia