Evento contempla a programação da Semana do ICE (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
“Ano passado, um aluno me parou e disse: quero estudar aqui, o que eu faço para conseguir?” Com este relato, a diretora da Escola Municipal Três Marias, da cidade de São João Nepomuceno, Sayonara Araújo, descreveu a importância da Feira de Ciências do Departamento de Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A iniciativa, que ocorreu na tarde desta quarta-feira, 17, recebeu participantes para uma mostra competitiva de experimentos científicos, desenvolvidos em escolas de Juiz de Fora e região. O evento contempla a programação da Semana do Instituto de Ciências Exatas (ICE).
A Feira de Ciências tem como objetivo principal criar um espaço para que professores e estudantes das escolas públicas e particulares de Juiz de Fora e região possam mostrar os seus trabalhos científicos. Sayonara conta que esta é a segunda vez que a Escola participa do evento. Segundo a professora, os projetos desenvolvidos têm gerado bons frutos na comunidade na qual a instituição se localiza. “Ano passado, trouxemos o ‘Lixo Eletrônico’ e agora estamos com 5 trabalhos, desenvolvidos por alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental. Devido ao ‘Lixo Eletrônico’, a Escola tornou-se ponto de coleta do lixo, com todo um trabalho socioeconômico de conscientização dos alunos quanto ao descarte do rejeito eletrônico.”
Redução das desigualdades
Um dos trabalhos apresentados pela Três Marias é o projeto “Reaproveitamento de alimentos”. A estudante Camila Alves, do 8º ano do ensino fundamental, conheceu a Universidade por meio da Feira e explica como o evento funciona. “Nossa ideia partiu do tema da Feira de Ciências: redução das desigualdades. Fizemos receitas que reutilizam partes dos alimentos que costumam ser jogadas fora, como as cascas e o talo. Isso pode contribuir, inclusive, com a complementação da renda da família, por meio da venda destes produtos, como os bolos. O projeto também tem a ver com o combate ao bullying, seja por falta ou excesso de massa corporal, já que os alimentos são saudáveis.”
Os alunos do Centro Educacional Serra dos Órgãos – Colégio de Aplicação do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) – também captaram com exatidão a temática do evento. Com o projeto “Utilidade escondida: transformar o lixo em energia”, os estudantes Victor Hugo, Marias Luiza, Maria Eduarda, Julia e Clarissa provaram que até mesmo o lixo é capaz de se apresentar como alternativa para a redução das desigualdades sociais e para a preservação do meio ambiente.
“Estamos impressionados com tantos projetos e com a grandeza do evento. Nunca tínhamos participado de algo deste tamanho. Vemos, nisso, uma oportunidade de crescer e mostrar a potencialidade do nosso projeto”, relata Maria Luiza Alonso, do 1° ano do Ensino Médio.
Trabalhos receberam notas entre zero e dez pontos para critérios como criatividade, conhecimento e grau de dificuldade (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)
Em sua 29ª edição, a Feira de Ciências recebeu 138 trabalhos, vindos de 23 escolas. Para a avaliação, os competidores foram divididos em três categorias: ensino fundamental, até o quinto ano; ensino fundamental, do sexto ao 8º ano; 9º ano do ensino fundamental, e todos os anos do ensino médio ou técnico. Os trabalhos receberam notas entre zero e dez pontos para critérios como criatividade, conhecimento versus escolaridade e grau de dificuldade da execução. Os três grupos melhores colocados de cada categoria recebem premiação simbólica.
Para o coordenador geral do evento, Wallon Anderson Tadaiesky, a presença de escolas de cidades de regiões relativamente distantes da Universidade comprova o crescente interesse dos jovens pela ciência, além de corroborar com a credibilidade da iniciativa.
“O Departamento de Física do ICE realiza a Feira há 29 anos e, por acaso, esta edição casa com a comemoração dos 50 anos do Instituto e do próprio Departamento. Ela foi criada com o intuito de possibilitar a professores e estudantes das escolas da região que demonstrem seus trabalhos nas áreas de ciência e tecnologia. Muitas dessas pessoas, inclusive, serão alunos da UFJF, mas o evento já contribui com um contato entre elas e as pessoas que fazem ciência e tecnologia, num lugar onde as pessoas se sintam acolhidas para discutir esses temas”, encerra Tadaiesky.