A transição da fase estudantil para a trajetória acadêmica no ensino superior representa uma série de desafios para os jovens que ingressam na Universidade. Além de imposições sociais, tarefas escolares e expectativas da família, muitos são os obstáculos a serem superados para manter a saúde mental do estudante. Para compreender e debater o tema, estudantes do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) participaram, nesta quarta, 26, do 1º Seminário de Assistência Estudantil – a saúde mental do estudante universitário, promovido pelo setor de Apoio Estudantil da Universidade.
A atividade teve início com a exibição do curta “Dor Invisível”, obra da Mexido Filmes, produtora composta por quatro alunos da Universidade Federal de Uberlândia, que aborda a depressão entre os estudantes de ensino superior. Na sequência, a psicóloga da UFJF-GV, Alessandra Efrem, ministrou a palestra “Tempo de transição, tempo de enfrentamento – a depressão na condição de estudante”. Alessandra explicou os conceitos de saúde, estado saudável, doença mental e depressão, e também apresentou os processos de ruptura na vida do estudante, que acontecem desde a saída do núcleo familiar e permanecem com a dificuldade de conciliar vida pessoal e estudantil, com aumento crescente da autonomia.
Segundo a psicóloga, quando começa a vida acadêmica, o aluno vivencia três tempos: o de Estranheza, no qual tudo é novidade e as novas tarefas representam um desafio, o de Aprendizagem quando passa a adquirir novos conhecimentos e costumes, e, por fim, o de Afiliação, quando o estudante adquire novos processos sociais e consegue dar conta das tarefas sem que isso represente um gatilho para angústia ou sofrimento. Para Alessandra, “há um estímulo à competição na universidade, e os que não obtém sucesso podem adentrar no universo da frustração e desenvolver transtornos mentais”.
Na sequência, o psicólogo Lucas Nápoli apresentou a palestra “O mundo está ao contrário e ninguém reparou” – por que desaprendemos a sofrer?”. Na discussão, ele explicou a relação humana com o conceito de felicidade, na sequência histórica da sociedade ao longo das últimas décadas. “Todos buscam a satisfação completa dos desejos, a chamada felicidade. Acreditamos que temos direito de ser felizes, o que confere aos outros o dever, a obrigação, de nos fazer felizes. Quando essa expectativa não é atingida, vem a frustração”. Lucas destacou, ainda, que é preciso desenvolver hábitos para lidar com a decepção, a fim de evitar que expectativas não atendidas se tornem motivo de sofrimento.
A docente do Departamento de Medicina, Maria Gabriela Bicalho, apresentou conceitos sobre a saúde mental do estudante universitário na perspectiva docente. Ao final do evento, ocorreu um debate sobre os temas apresentados, com mediação dos estudantes Vitor Hugo Mendes, do curso de Medicina, e Clara Mendes, da Economia.