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Pesquisadora utilizou um hidrofone com gravador portátil, enquanto a aproximação até o animal foi feita com barco de porte pequeno (foto: arquivo pessoal)

Em busca de aprofundar os conhecimentos em relação às espécies de boto, o golfinho de rio, a mestranda Jéssica Fernandes de Melo desenvolveu a pesquisa “O boto vermelho: há diferença bioacústica entre as espécies e subespécies do gênero Inia?”. O estudo foi apresentado no Programa de Pós-graduação em Ecologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

De acordo com Jéssica, atualmente, existem três espécies de boto: Inia Geoffrensis, encontrada na bacia do Amazonas, Inia Boliviensis, na bacia do rio Madeira, e Inia Araguaiaensis, do rio Araguaia. Ela explica que, apesar das espécies serem visualmente iguais, há algumas diferenças físicas, genéticas e moleculares que as distinguem. “Para entendermos melhor essas espécies e sua história, resolvemos estudar as vocalizações emitidas por esses animais e verificar se há diferença entre as espécies em relação ao som produzido”, articula.

A mestranda conta que o interesse pelo tema surgiu durante a graduação. “Sempre fui apaixonada pela Amazônia e por animais, e o boto vermelho une estes dois temas”. Jéssica enfatiza que esses animais sofrem riscos de extinção, devido a construções de barragens na Amazônia, extração de minérios e conflitos com pescadores. “Para tentar conservar essas espécies e fazer planos de manejo, precisamos, antes de tudo, conhecer bem sobre elas”, salienta.

Os sons estudados são chamados de cliques de ecolocalização e, segundo Jéssica, servem para que os animais se localizem e encontrem presas. A metodologia utilizada foi a bioacústica, que é o estudo desses sons. “Esse método é interessante para estudar o comportamento dos botos, porque não precisamos manipulá-los para obtermos dados”, pontua a mestranda. Ela relata ainda que, para a pesquisa, foi usado um hidrofone com gravador portátil, e a aproximação até o animal foi feita com barco de porte pequeno. Os sons capturados foram analisados em laboratório.

Segundo a acadêmica, a espécie Inia Araguaiaensis, do rio Araguaia, foi descoberta em 2014, sendo um marco recente, o que ainda gera dúvidas sobre ela ser mesmo distinta das outras. “Encontrei diferença significativa no pico de frequência dos cliques, que é o parâmetro mais usado para diferenciar espécies de golfinhos. Esses sinais são sons produzidos dentro da cabeça do animal, e as frequências deles dependem da anatomia interna. Se houver diferença nos cliques, há diferença na anatomia. Sendo assim, o estudo serve também como mais uma comprovação de que essa espécie é, sim, diferente.”

Para o professor orientador, Artur Andriolo, o estudo tem papel importante na formação de recursos humanos, no esclarecimento de perguntas que tratam do comportamento acústico do boto vermelho e suas variações entre as espécies. Além disso, “apresenta informação relevante para gestores da área de conservação, com elementos que potencialmente ajudam na tomada de decisões”.

Contatos:
Jéssica Fernandes de Melo (Mestranda)
jessicafmelo@live.com

Artur Andriolo (Orientador)
artur.andriolo@ufjf.edu.br

Banca Avaliadora:
Prof. Dr. Artur Andriolo (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Aline Cristina Sant’Anna (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Renata Sousa-Lima (UFRN)

Outras informações: (32) 2102 – 3227 Programa de Pós-graduação em Ecologia