Segundo o professor, Éder Azevedo, a mobilidade urbana "melhora a inclusão social de toda a população." (Foto: Sebastião Jr.)

Segundo o professor Éder Azevedo, a mobilidade urbana “melhora a inclusão social de toda a população.” (Foto: Sebastião Jr.)

Cerca de 70 pessoas, entre estudantes e lideranças ligadas aos conselhos de Direitos Humanos, Idosos e Assistência Social participaram, na última quinta-feira, 17, de uma oficina sobre a mobilidade urbana e as políticas de acessibilidade em Governador Valadares. A ação faz parte do projeto de extensão Observatório do Orçamento Público, coordenado pelo professor do curso de Direito da UFJF-GV Éder Marques de Azevedo. O objetivo da atividade foi capacitar os agentes sociais envolvidos com o tema.

O docente destacou a importância do evento para a conscientização de todos sobre a necessidade de espaços públicos que garantam o livre trânsito da população, independente da idade e das condições físicas. “Por ser assunto de relevante interesse social e por envolver o debate acerca da acessibilidade de maiorias e minorias sociais, qualquer categoria de pessoas é protagonista e epicentro de interesse em matéria de locomoção e planejamento da circulação urbana”, enfatizou Éder Azevedo. E completou, “uma política adequada de circulação de bens e pessoas no âmbito da cidade melhora a inclusão social de todos.”

Na opinião do professor, falta incentivo – principalmente por parte do poder público – ao uso de transporte sustentável, como bicicletas, por exemplo. Ao invés disso, segundo ele, o que se observa é o congestionamento provocado pelos automóveis, que apesar de transportarem apenas 20% da população ocupam 90% do espaço viário. Em relação a Governador Valadares, para Éder o principal problema é a “falta de fiscalização das calçadas”, que além de “estreitas e acima do nível”, muitas são “ocupadas por mesas de bares, prejudicando o trânsito” dos pedestres. Ele enfatiza que “não é o comércio que deve ser priorizado, mas as pessoas”.

A servidora Adenilza Nazário defende que a mobilidade e a acessibilidade deve ser discutida também com pessoas que não possuem deficiência. (Sebastião Jr.)

A servidora Adenilza Nazário defende que a mobilidade e a acessibilidade devem ser discutidas também com as pessoas que não possuem deficiência. (Foto: Sebastião Jr.)

Adenilza Maria Nazário conhece bem esta situação. Servidora técnica do campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ela faz uso de cadeira de rodas, e enfrentou muitas dificuldades de locomoção quando se mudou para Governador Valadares, no ano de 2010. “Não havia transporte coletivo adaptado para pessoas com deficiência e as vias eram piores para transitar. Eu tinha problema de mobilidade para chegar ao trabalho”, explicou. A servidora, que é bacharel em Direito, decidiu procurar o Ministério Público. Cerca de quatro meses depois de entrar com a representação, começaram as obras de alteração e construção das vias, colocação de semáforos em alguns pontos e retirada do equipamento em outros locais da cidade, tudo para garantir a acessibilidade dela e demais pessoas com mobilidade reduzida.

Adenilza vê com otimismo eventos como o da última quinta. “Acho importante porque há falta de conhecimento da legislação, sim, mas a própria pessoa com deficiência não procura o direito dela também. E sozinho você não consegue muita coisa. Então é preciso fazer seminários, discutir a questão para ela vir a público, trazer a questão para pessoas que não possuem a deficiência para que elas tenham essa visão”. E finalizou, “se você levar a política de mobilidade urbana a sério, ela vai realmente melhorar muito a vida das cidades, não só para mim com deficiência, mas para a mãe com seu carrinho de bebê, a grávida ou qualquer pessoa com redução de mobilidade.”