A professora da Universidade Federal de Goiás, Laura Botelho, egressa do Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), presidiu, segunda e terça-feira, 24 e 25, na Faculdade de Letras da UFJF, uma palestra e uma roda de conversa sobre Letramentos Acadêmicos. Em ambos os eventos, a pesquisa realizada por Laura em sua tese de doutorado, “Práticas de letramentos acadêmicos na escrita da monografia: relações de poder na Academia”, baseou os debates.

A palestra “Letramentos acadêmicos e relações de poder na Academia” contou com a presença de estudantes da graduação e do Programa de Pós-graduação. Nela, foram apresentados os resultados da pesquisa, em que a professora acompanhou e entrevistou alunos e orientadores da Faculdade de Educação (Faced) na escrita de suas monografias. Na roda de conversa, “Dimensões escondidas na produção de gêneros acadêmicos”, com presença apenas dos alunos do PPG Línguística, a análise destes resultados foi aprofundada.

Um dos aspectos identificados por Laura foi de que a socialização acadêmica é complexa, no sentido de que relações de poder se encontram estabelecidas no ambiente universitário, e os estudantes se sentem em uma área periférica na produção de gêneros acadêmicos, tendo dificuldades para escrever suas teses de conclusão de curso. “O aluno recebe uma carga volumosa de texto para ler, e muitas vezes tem dúvidas de como colocar no papel o que entendeu sobre as leituras. Caberia ao professor orientá-lo sobre como se expressar sem desrespeitar as convenções de escrita”, apontou a professora.

Os estudos de letramentos acadêmicos começaram no Brasil na década de 1990 e consideram a escrita como uma prática social, que é influenciada e influencia o produtor e o receptor; sendo assim, qualquer texto possui um ponto de vista de seu autor, “mas na Academia, há uma tônica de que o texto acadêmico é objetivo, e o aluno é desestimulado a se manifestar. Porém, a voz dele pode ser colocada, através de estratégias linguístico-discursivas”, afirma Laura. Sua orientadora e professora do Programa, Marta Cristina da Silva, destaca que, para diminuir sua dificuldade, o estudante pode expandir seu contato com a linguagem acadêmica, “a vivência na Academia não é só vir às aulas. Participar de eventos, congressos, ler periódicos são práticas que ajudam na socialização e familiarização com os gêneros textuais acadêmicos, e consequentemente, facilitam na hora de escrevê-los.”