mestrado educação

Claudete Imaculada de Souza Gomes realizou a pesquisa de campo em três escolas municipais da cidade (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Como tem se dado a abordagem das relações de gênero e sexualidades nas escolas municipais de Juiz de Fora? A indagação norteou as pesquisas da estudante do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Claudete Imaculada de Souza Gomes.

A mestranda defendeu a dissertação “Docentes, sexualidades e relações de gênero: desdobramentos nas práticas pedagógicas”, sob orientação do professor Anderson Ferrari. “Meu campo de pesquisa se deu em três escolas municipais de Juiz de Fora, localizadas em regiões distintas da cidade. Tive como ponto de partida 36 questionários respondidos por docentes destas três escolas e, no segundo momento, com encontros e realização de grupos focais e entrevistas, tive a participação direta de cinco docentes de conteúdos diversos; sendo dois de história, um de geografia, um de educação física e um de inglês. Todos do segundo ciclo do ensino fundamental”, explica a acadêmica.

Relações de gênero e sexualidade: um debate necessário

Segundo Claudete, durante a realização da pesquisa, foi possível verificar que as relações de gênero e sexualidades estão presentes nas discussões dentro e fora das salas de aula, bem como a ausência de projetos específicos que abordem os referidos temas. “Esses temas estão presentes nas discussões em sala de aula, corredores e demais espaços da escola, a cada vez que essas discussões aparecem e encontram uma professora ou professor disposto a conversar sobre isso. Os docentes que eu contatei se mostraram muito abertos à discussão, assim como declararam que fazem essa abordagem durante as suas práticas pedagógicas.”

A mestranda ressalta, ainda, como foi importante notar que muitas professoras e professores consideram que a escola é um bom espaço para discutir a temática: “assim como admitem que esses debates são importantes e necessários. Entretanto, também apareceram nos discursos, entraves significativos, tais como a falta de projetos específicos que abordem os temas em questão e, mais recentemente, esses entraves surgem catapultados pelo movimento conservador representado pelo discurso religioso que tem chegado às escolas.”

Outro aspecto destacado pela pesquisadora nos discursos de professoras e professores é a violência nas instituições de ensino. “Essa questão também aparece com força como uma preocupação docente, ocupando espaço nas discussões. No entanto, frequentemente, não inclui o debate acerca da violência contra a população LGBT e mesmo da violência contra a mulher, a não ser em episódios esporádicos. Percebe-se a preocupação de muitos docentes em trazer o tema para discussão, seu empenho em fazê-lo a partir de demandas que surgem no cotidiano da escola, o que é muito positivo. Porém, foi notada a falta de espaço sistemático para esse trabalho nas escolas pesquisadas.”

O tema de pesquisa e a vivência na educação pública

Claudete Gomes explica que o tema da pesquisa surgiu a partir da vivência como professora de ciências e biologia na educação pública. “Desde minhas primeiras experiências como professora, há cerca de 15 anos, o tema me pareceu importante. Percebi que as sexualidades estão na escola, e que a forma como são tratadas com frequência gera sofrimento aos sujeitos. O gênero, por sua vez, é um marcador social importante e a escola atua construindo e reforçando os papéis, sobretudo heteronormativos, em detrimento daquelas e daqueles que não estão adequados a essa norma, num esforço constante para enquadrá-los. E, muitas vezes, isso acaba por excluí-los dos espaços escolares.”

Contato:
Claudete Imaculada de Souza Gomes (mestranda)
cl_claudete@hotmail.com

Banca examinadora:
Anderson Ferrari (orientador – UFJF)
Roney Polato – (UFJF)
Alexsandro Rodrigues – (Universidade Federal do Espirito Santo – Ufes)
Marcos Lopes de Souza – (Universidade Estadual do Sul da Bahia  -Uesb)

Outras informações: 2102 -3665 – Programa de Pós-Graduação em Educação