(Foto: Clara Downey)

Evento contou com áudio-descrição e tradução simultânea para a língua brasileira de sinais (Foto: Clara Downey)

“Todo espaço público tem, por obrigação, ser acessível, contemplar as necessidades de todas as pessoas. A universidade, sem dúvida alguma, tem fundamental papel neste processo”. Desta forma, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Frederico Braida, abriu a série de palestras e discussões que ocorreu nesta quinta, 13, na Faculdade de Engenharia da UFJF.

O evento, promovido pelo grupo de pesquisa Arquitetura de Interiores, Design & Decoração (Intra), abordou os limites e as possibilidades para a promoção da acessibilidade em ambientes internos. As discussões agradaram a plateia, que lotou o anfiteatro.

A professora do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF, Myrtes Raposo, falou sobre os recursos que a ergonomia pode oferecer para a promoção da qualidade de vida no trabalho. De acordo com Myrtes, é preciso reconhecer as especificidades de cada trabalhador e tratá-lo de maneira individualizada.

“Temos que entender que não é o homem que tem que se adaptar ao trabalho, mas as ferramentas é que têm que estar adaptadas às condições e fatores humanos. Há de se observar quais são as demandas daquele trabalhador, para que elas possam ser desenvolvidas de forma que dê a ele uma maior qualidade de vida no trabalho, que deve estar totalmente adequado às condições físicas, psíquicas e emocionais da pessoa”, afirmou.

Já a jornalista Thais Altomar – que é cadeirante – encantou o público. Ela conversou com a plateia sobre como é a vida de uma pessoa com deficiência e provou que há muitas possibilidades para a promoção do bem estar dessas pessoas. Mas, segundo Thais, o primeiro passo é justamente ouvir o que o indivíduo com deficiência tem a falar.

“As pessoas falam por nós, mas não sentem o que a gente sente e nem vivenciam. Então é preciso a nossa participação para que a gente possa passar isso e, mais que participar, é necessária a nossa formação. Precisamos alcançar a arquitetura, a engenharia, a medicina, todas as áreas de estudo para que possamos ser parceiros nessa mudança. O mercado de trabalho também é fundamental porque é onde conseguimos alavancar nossa independência financeira, para que possamos ser reprodutores do que é a acessibilidade”, argumentou.

Braida endossou as palavras da colega. “A fala da Thais é muito importante porque traz o relato de uma pessoa que vive, diariamente, as dificuldades e os obstáculos que a deficiência traz. Ou seja, é importante o contato direto com quem mais precisa dos mecanismos que promovam acessibilidade, pois assim chegaremos mais perto de soluções que atendam, de fato, todos os públicos”.

Para a mestre em museologia e historiadora Luciana Queiroz, que está fazendo pós-graduação em Museografia e Patrimônio, pela Universidade Claretiano, as discussões servem para o fortalecimento de propostas que atendam, de fato, às demandas de pessoas com os mais variados tipos de deficiência. “Acessibilidade em museus não se trata apenas de adaptar o edifício e fazer reformas; ela deve ser pensada como uma mudança de postura e fazer entender que a cultura é para todos.”

O evento contou com áudio-descrição e tradução simultânea para a língua brasileira de sinais (Libras). Além da série de palestras e debates, outras especificidades do tema foram abordadas ao longo do dia, como intervenções em imóveis tombados e acessibilidade para idosos.

Outras informações:
Graduação em Arquitetura e Urbanismo