Dando continuidade à série de entrevistas com a nova equipe da Administração Superior, a Diretoria de Comunicação conversou com o pró-reitor de Graduação, professor da Faculdade de Medicina Marcus Gomes Bastos. O objetivo da série, que trouxe como primeiro convidado o vice-reitor, Marcos Chein, é compartilhar com toda a comunidade universitária o que pensam e como pretendem atuar os responsáveis pelas pastas. É também uma oportunidade de conhecer melhor os temas e atribuições que se relacionam com cada setor da Universidade. Duas entrevistas serão publicadas por semana.
Na UFJF desde 1978, Marcus Bastos é especialista em Nefrologia, atua tanto na graduação quanto no Programa de Pós-Graduação em Saúde, no qual coordena o Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Tratamento em Nefrologia. Na entrevista, ele relembra o pedido do ex-reitor Henrique Duque aos professores, para não se esquecerem da graduação, fala sobre a importância da tecnologia em sala de aula e da internacionalização e comenta sobre a necessidade de ampliar campos de prática na área da saúde. Confira a seguir trechos da entrevista.
– Como o senhor encarou o convite de assumir uma das mais importantes pastas da UFJF?
– O convite me pegou de surpresa, pois não esperava fazer parte da administração da Universidade. Mas sou movido a desafios. Então, quando o dr. Júlio e o professor Marcos me convidaram para fazer parte da pró-reitoria, vi a possibilidade de tentar fazer melhorias no ensino de graduação da UFJF. Estou chegando agora e há uma série de conhecimentos a serem adquiridos. Felizmente, a equipe que estava com o professor Magrone (Eduardo Magrone, ex-pró-reitor de Graduação) permaneceu e isso vai ajudar no aprendizado. É também fantástico termos um pró-reitor adjunto, no caso, a professora Ana Cláudia Peters, que realmente tem sido extremamente importante. Os conhecimentos que ela têm da Universidade, particularmente na área de Humanas, vão me ajudar muito, inclusive, em relação à licenciatura.
– Quais têm sido as primeiras providências?
– O mais importante neste momento tem sido o bom senso. Estamos tomando conhecimento do que cada um de nossa equipe faz e dos problemas nos diferentes setores da pró-reitoria. Embora tenhamos que atender toda a Universidade, temos que priorizar alguns problemas mais agudos, especialmente, em Governador Valadares, lá eles precisam de muita atenção. O momento agora é de entendimento, não só da Pró-reitoria de Graduação, mas do funcionamento da administração central da Universidade. Junto da Ana Claudia, estamos começando a entender melhor esta máquina administrativa.
– Como o senhor avalia a posição da UFJF na área de ensino?
– Na graduação a gente sempre teve uma Universidade muito forte. A instituição se destaca pelo ensino da graduação. E, agora nos últimos anos, o crescimento da pós-graduação tem melhorado ainda mais o ensino. A gente deixa de ser uma Universidade de repasse de conhecimento para ser uma Universidade que gera conhecimento. E isso nos dá muita qualidade. A nossa Universidade a cada dia melhora ainda mais a qualidade da graduação.
– Comente sobre os desafios da graduação da UFJF em termos de qualidade de formação e de estrutura e quais são os planos nessas duas esferas.
– Eu não consigo falar quais são os grandes problemas da graduação. Como sou da área de Saúde, conhecemos os problemas de lá, e não de outras áreas. Mas acho que o grande desafio para se ter um ensino de qualidade é ter professores qualificados, funcionários motivados e alunos de excelente nível, certamente atraídos pela qualidade de nossa Universidade. Isso é um conjunto. Disponibilização de tecnologias modernas para que a gente possa ensinar, é um conjunto de diferentes aspectos que vão tornar a Universidade cada vez melhor.
– Na área de Saúde, que o senhor atua de perto, o que é possível dizer sobre a estrutura oferecida aos alunos e o onde podemos melhorar?
– Se for mencionar o curso de Medicina, gostaríamos de ter mais áreas para atividade prática. Já externei isso a meus colegas, e acho que devemos repensar nosso currículo. Esta semana, por exemplo, dei aula de Ultrassom às 17h para alunos que estavam em aula desde às 7h. Como posso exigir aprendizado de quem já estava há dez horas dentro de sala de aula? É preciso criar campos de prática, reduzindo a carga teórica maciça que temos hoje na Faculdade de Medicina, e isso acredito que acontece em outros campos. A prática vai ser fundamental com o novo hospital porque vai aumentar demais o acesso aos diferentes ambulatórios, e isso vale para outros cursos. A Educação Física e a Fisioterapia, que têm atividades no CAS-HU, precisam hoje de expansão de área física para suas práticas. Não estou abordando aqui a situação de Governador Valadares, mas posso garantir que lá também há problemas que precisam ser solucionados com uma certa urgência.
– O senhor introduziu a Ultrassonografia na graduação em Medicina, algo inédito na América Latina. Podemos dizer que o senhor é um entusiasta da utilização de novas tecnologias em sala de aula?
– Com certeza. Assisti recentemente a apresentação de um professor e ele mencionou uma coisa muito interessante. Nós estamos numa universidade do século XIX, com professores do século XX ensinando a alunos do século XXI. Vai haver uma necessidade muito grande de nos adequarmos a essa geração que chega na universidade hoje munida de uma série de competências na área de informática, e nos vamos ter que mudar este modelo (de ensino). Penso que nosso principal papel é garantir ao nosso aluno o mínimo de conhecimento, porque o máximo cada um deles é que vai determinar, eles vão dizer aonde querem chegar em termos de aquisição de sua formação.
– Cada vez mais os professores da UFJF têm se dedicado à produção científica, reflexo do aumento do quadro de doutores e da ampliação dos programas de pós-graduação. Com isso, podemos dizer que tornar a graduação atrativa para esses pesquisadores tornou-se um problema. Como fazer isso?
– Há cerca de cinco anos, em uma sessão de recebimento de novos professores, o professor Henrique (Duque, ex-reitor) destacou algo que me marcou muito. Depois que entramos na universidade e começamos a nos envolver com a pós-graduação e a pesquisa, a tendência natural é que se esqueça um pouquinho da graduação. Mas o professor Henrique lembrou muito bem que todos nós entramos pela graduação, nosso concurso primariamente é para professor da graduação, então acho que não devemos virar as costas. Saber conciliar é a situação ideal. É onde nossa Universidade sempre marcou uma presença muito grande em qualidade, então é fundamental manter nossa graduação no nível de excelência que ela tem atingido até o momento.
– O que pode tornar a graduação mais interessante?
– O importante hoje na universidade moderna é trabalhar a questão da colaboração interinstitucional não só no âmbito nacional, mas internacional também. Existe uma grande facilidade de comunicação e um grande estímulo por parte do Ministério da Educação para estabelecer parcerias. O programa Ciência sem Fronteira, por exemplo, tem dado a oportunidade de encaminharmos alunos para instituições fora do Brasil, fortalecendo o intercâmbio com outros países, o que nos faz crescer em todos os níveis de ensino.
– Com a adoção do Sisu como sistema de seleção, a UFJF ficou ainda mais exposta no cenário nacional. O que devemos fazer para conseguirmos os melhores estudantes do país?
– Isso vai depender muito da qualidade daquilo que você está ensinando ou produzindo na Universidade tanto na graduação quanto na pós. Eu costumo dizer que há muito tempo a gente não é mais uma Universidade regionalizada, haja visto a Faculdade de Medicina onde temos um percentual importante de alunos, próximo de 50%, que são originários de outras partes do país. Então, ensino de qualidade e uma pós-graduação que a cada dia se fortalece com certeza vão fazer recebermos cada vez mais alunos de melhor qualidade.
– Quais são as principais realizações que pretende deixar ao final destes quatro anos?
– Meu grande compromisso com o professor Júlio e com o professor Marcos é me dedicar ao máximo para fazer um trabalho que venha ao encontro dos discentes, dos colegas docentes e dos funcionários. Dar continuidade aos programas que professor Magrone desenvolveu na pró-reitoria, tentando resolver alguns problemas que ele já levantou em seu relatório de atividades. Trabalhar em cima de modernidade de ensino, adequação de área física onde for preciso e logística para que o ensino da graduação possa se desenvolver da melhor forma possível.
Outras informações: (32) 2102-3967 (Comunicação da UFJF)
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