Data de abertura do Jardim ainda não foi definida, mas obras seguem em pleno ritmo (Foto: Alexandre Dornelas)

Data de abertura do Jardim ainda não foi definida, mas obras seguem em pleno ritmo (Foto: Alexandre Dornelas)

Como parte das atividades da Semana da Árvore, o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu a visita técnica de 30 profissionais de órgãos ambientais e de empresas de consultoria da área na tarde da última quinta-feira, 18. O grupo conheceu como será o funcionamento do espaço, que abrigará laboratórios, centro de educação ambiental, coleções botânicas, teleférico e outras estruturas de pesquisa, conservação e turismo.

Acompanhados dos professores de Arquitetura e Urbanismo Klaus Chaves Alberto e de Botânica Daniel Pimenta, os visitantes foram ao mirante do Bairro Alto do Eldorado, onde será instalado uma das duas estações do teleférico, cujas torres terão 35 metros de altura. O equipamento será utilizado tanto para transporte e lazer como para trabalhos de educação ambiental. “Por meio dele, é possível ter noção global do jardim e de seu entorno urbanizado. Podemos perceber o contraste entre o crescimento da cidade, de um lado, e a mata preservada de outro. O teleférico ajudará a ter a ideia global do jardim e dessa contradição. Não será preciso falar muito, as pessoas sentirão a diferença entre o ambiente urbanizado e o preservado na cidade”, disse Daniel Pimenta.

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Klaus Alberto mostra espelho d’água recuperado de assoreamento onde estão sendo instalados decks (Foto: Alexandre Dornelas)

No vale onde ficarão concentradas as atrações do Jardim, Klaus explicou sobre os conceitos acerca do espaço e das estruturas, que já têm setores em fase de acabamento da obra civil e ainda não estão com visitas abertas ao público em geral. Ainda não foi definida a data de abertura. A entrada principal será composta por um passarela de madeira, que está sendo instalada sobre um espelho d’água artificial, ladeado por jardim vertical com estrutura já levantada. O projeto paisagístico é assinado pelo escritório Burle Marx, herdeiro do artista plástico e arquiteto homônimo, conhecido pelos trabalhos modernistas que valorizavam elementos da vegetação nativa, como em parques e praças de Brasília, Recife e Rio de Janeiro.

Há cerca de cem metros da recepção foi erguido o setor administrativo e estão sendo instalados decks sobre espelho d’agua natural, visto com nova ponte de madeira e recuperado de assoreamento. A margem do lago ainda terá parque infantil, incluindo brinquedos adaptados para crianças com deficiência, e já possui sala de educação ambiental, construída com cobertura vegetal.

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Projeto paisagístico do Jardim é assinado pelo escritório Burle Marx (Foto: Alexandre Dornelas)

Na área central do Jardim, os profissionais entraram na antiga sede do Sítio Malícia – nome dado à área antes da compra pela UFJF do terreno de 845 mil metros quadrados, que corria o risco de uma parte se tornar condomínio residencial. Na edificação, em fase de reforma, funcionará o Centro de Visitantes, composto de salas para exposições permanentes e temporárias, café e loja. Segundo Klaus, a adaptação de construções existentes no local reflete a preocupação do projeto do Jardim em realizar o mínimo impacto ambiental, utilizando as edificações anteriores e as áreas descampadas ou com vegetação exótica. Do mesmo modo, um dos objetivos é recuperar e reflorestar partes da área, como ocorreu com a eliminação de erosões na encosta próxima ao mirante, e utilizar apenas carro elétrico para transporte de pessoas no interior do jardim para, conforme o professor, evitar a poluição provocada por veículos que usam combustíveis fósseis, como os derivados de petróleo.

Pesquisas, sustentabilidade e trenó

Entre as novas estruturas que entram em fase de acabamento no Jardim, destacam-se a casa sustentável e o laboratório para pesquisas, registro de espécies e criação de banco de sementes. “Podemos fazer intercâmbio de sementes com outros jardins botânicos e reconstituir espécies de Mata Atlântica que não temos mais aqui. E vamos ter viveiro”, afirmou Daniel Pimenta. Na casa sustentável, inédita no Brasil, de acordo com Klaus Alberto, o grupo de visitantes pôde fazer um breve circuito pelos cômodos para perceber o quanto escolhas arquitetônicas, seja de materiais ou de posicionamento de componentes, como janela e varanda, podem influenciar no conforto térmico e de luminosidade e em outros aspectos.

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Em visita, representantes de órgãos ambientais conheceram as futuras instalações do Jardim; ao fundo sala de educação ambiental com cobertura vegetal (Foto: Twin Alvarenga)

Ainda não instalado, o trenó de montanha, que é um tipo de carrinho sobre trilhos que pode descer acelerado, terá tanto a finalidade lúdica quanto a de acesso a trechos da encosta onde serão incluídas coleções da flora que requerem mais incidência de luz solar. “Em todo jardim botânico, há esses elementos de atração de público (teleférico e trenó de montanha), além da flora. E aqui o trenó foi adaptado para transporte com a inclusão de mais uma estação”

As coleções botânicas ainda não foram plantadas, sendo que o orquidário e bromeliário a céu aberto está com a pérgula metálica instalada. Ao mesmo tempo, estão sendo desenvolvidas trilhas, acessos e obras de recuperação e reforço das margens do segundo lago. E uma clareira na mata recebeu uma sala de aula natural e simples, composta por um círculo de troncos usados como bancos. O ambiente recebeu indígenas, músicos e membros de quilombolas para apresentações nos últimos meses.

Impressões

(Foto: Twin Alvarenga)

Acesso ao orquidário e bromeliário (Foto: Alexandre Dornelas)

Para o chefe do Departamento de Qualidade Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura, João Marcus Junqueira, o Jardim Botânico tem o potencial de promover a biodiversidade da flora, e os projetos em execução no local mostram que há o intuito de proporcionar o menor impacto ambiental.

A bióloga e assistente executiva da Secretaria de Meio Ambiente Luciana Aquino elogiou a intenção do Jardim em desenvolver ações de educação ambiental no projeto do Jardim. “Fiquei bastante interessada nessa área e na preocupação da equipe do Jardim por esse tema. Tinha conhecimento de parte dos projetos e notei na visita o avanço que houve”.

Participaram também da visita integrantes da Guarda Municipal Ambiental, do Instituto Estadual de Florestas e do Campo de Instrução de Juiz de Fora/ Centro de Educação Ambiental e Cultura do Exército, consultores, professores e alunos.

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