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Programa Mentoring

O Programa Mentoring surge da necessidade do Curso de Medicina da UFJF-GV em adotar uma estrutura que respondesse às exigências das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Medicina ao mesmo tempo que atendesse à demanda por melhoria contínua e de auxílio à trajetória discente no curso.

O Projeto foi inspirado em Programas Mentoring, que têm sido implantados em Escolas Médicas no Brasil desde a década de 1990, como exemplo de sucesso podemos citar a Universidade Federal de Alfenas – Unifal, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP, reconhecendo que a formação do futuro médico é marcada por intenso estresse acadêmico e emocional.

A palavra inglesa mentoring (traduzida como mentoria ou tutoria em Português) é derivada de um personagem da Odisseia de Homero. Mentor era um amigo de Ulisses que cuidou de seu filho Telêmaco enquanto o pai retornava da Guerra de Tróia. Mentor, auxiliado pela deusa Atena, era um guia de conhecimento prático e também uma fonte de suporte pessoal para o jovem. Com o tempo, mentoria passou a ser o nome dado à relação em que uma pessoa mais experiente acompanha de perto, orienta e estimula um jovem iniciante em seu desenvolvimento pessoal e profissional (USP, 2023).

O ingresso na Universidade para o jovem, ao mesmo tempo em que sinaliza uma conquista, pode se tornar um período crítico, de maior vulnerabilidade para o início e manutenção do uso de álcool e outras drogas e desenvolvimento de sofrimento e transtornos psíquicos, pois é um período em que o jovem se distancia do núcleo familiar e se insere em um novo contexto que requer adaptações, novas posturas e responsabilidades. Estudos apontam que a prevalência de sintomas depressivos, de ansiedade, uso de álcool e outras drogas e suicídio é maior entre os estudantes de Medicina quando comparados à população geral. Isso ocorre porque esses estudantes estão sujeitos a potentes estressores, tais como rede de apoio deficiente, sobrecarga de conhecimentos, competição, dificuldade na administração do tempo, individualismo, responsabilidade e expectativas sociais do papel de médico, contato com a morte e processos patológicos, exame físico de pacientes, medo de adquirir doenças, de cometer erros e sentimentos de impotência diante de certas doenças. Por isso, faz-se necessário propostas de prevenção (apoio ou suporte) e intervenção para esta dada população, como o Mentoring (Unifal, 2023; MOREIRA et al, 2020).

Ao relatar a experiência do Programa de Mentoring do curso de Medicina da PUC Minas Gerais, Silveira, Nunes e Generoso (2021), enfatiza que: as necessidades contemporâneas no campo da educação médica apontam para um reposicionamento do processo ensino-aprendizagem voltado para a realidade brasileira. Esse movimento requer a construção de novas formas de estimular um ensino médico mais atual, mais vivo e mais dinâmico, que procure contribuir para uma prática que realmente tenha impactos sobre a qualidade dos futuros médicos do país. Se esses imperativos são claros para a nossa percepção, mudar essa realidade implica um esforço de atenção especializada à questão da formação médica e à atualização teórico-prática da atividade docente”.

O Programa Mentoring possui um papel preventivo e de suporte para o desenvolvimento pessoal e profissional dos discentes. A proposta é que um tutor ou mentor acompanhe longitudinalmente a turma, durante os 6 anos de curso. Esse tutor/mentor é considerado figura que inspira, dá conselhos e auxilia o aluno a atravessar a jornada do curso de Medicina, sem assumir a postura de avaliador, papel de pai, ou psicoterapeuta. Um tutor, termo mais adotado no Brasil, pode ocupar um espaço social único para o jovem em busca de si mesmo. O mentor proporcionará oportunidades para que os estudantes concretizem os seus objetivos pessoais e profissionais preservando a saúde física e mental, para que os mesmos possam exercer os cuidados inerentes da Medicina. As características consideradas importantes para ser um mentor são: estar inserido no contexto da graduação, ter postura empática, bom relacionamento com os alunos, capacidade para ouvir, disponibilidade dentro e fora do grupo, paciência e que compartilhe experiências. Os mentores foram indicados pelos próprios alunos, após ser exposta a proposta aos mesmos (Unifal, 2023).

Dessa forma, objetiva-se desenvolver ações preventivas e de suporte em um ambiente humanizado, a fim de compreender, conhecer e acompanhar a vida do acadêmico em Medicina, proporcionando-lhe momentos de reflexão, tomada de consciência e competências para enfrentar as dificuldades no meio acadêmico-social, contribuindo para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Além de acolher o estudante que sai de seu núcleo familiar e se insere na Universidade, ambiente novo, com exigências de novas posturas e responsabilidades e lhe oferecer suporte para que enfrente a formação acadêmica e a profissão com menos angústia e adoecimento; promover discussões e reflexões sobre temas de interesse dos estudantes, a fim de auxiliá-los a desenvolver competências para enfrentar dificuldades pessoais, acadêmicas e profissionais; detectar estudantes em sofrimento psíquico ou que possam apresentar quadros de transtornos mentais ou comportamentais relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas para  devidos encaminhados (Unifal, 2023).