A Universidade Federal de Juiz de Fora acaba de celebrar mais uma parceria internacional. Desta vez foi assinado o Acordo de Cooperação Acadêmico Internacional com o Instituto Politécnico de Portalegre de Portugal (IPP). O objetivo é promover o intercâmbio de docentes, estudantes de pós-graduação e graduação, assim como de profissionais da equipe técnico-administrativa. O acordo entre as instituições permitirá articular o intercâmbio em diferentes áreas do conhecimento, sobretudo Ciências Ambientais e Biodiversidade.
A primeira parceria consolidada é a cotutela entre o Mestrado em Tecnologias de Valorização Ambiental e Produção de Energia do IPP e o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza da UFJF, que está com edital aberto para a turma de 2022. Além da possibilidade de orientação compartilhada, os estudantes que cumprirem os créditos e os requisitos em ambas as instituições podem receber diploma válido nos dois países.
A primeira estudante a se beneficiar do acordo de cotutela é a mestranda Beatriz Corrêa, do PPG em Biodiversidade e Conservação da Natureza. “Essa parceria começou durante o programa Ciência Sem Fronteiras, quando Beatriz ainda era estudante de graduação. Em Portugal, realizou um estágio no IPP sob a supervisão do professor Paulo Brito, que hoje é seu coorientador de mestrado no âmbito da cooperação”, relata a orientadora da pesquisa, a professora da UFJF Simone Cardoso. Brito participou recentemente do programa Global July da UFJF, ministrando capacitação sobre produção de gases renováveis a partir de resíduos e efluentes.
Gerente de Relações Internacionais (DRI), Hugo Rocha menciona que a parceria com o instituto de Portugal é relacionada, preponderantemente, ao intercâmbio de estudantes. “É inquestionável a qualidade da formação fornecida pelo IPP na área de tecnologia e meio ambiente, e este acordo contribuirá para a melhoria da produção de conhecimento na UFJF.”
Novas técnicas em biogás
O trabalho da mestranda tem uma etapa prática que será realizada sob a supervisão do professor Paulo Brito, que é o tratamento termoquímico de resíduos para produção de biogás. “A produção de biogás é feita por um sistema de queima de resíduos orgânicos em consórcio com outros materiais. Durante esse processo, há liberação de gases como metano, dióxido de carbono e hidrogênio, que, por meio de tecnologia própria, são convertidos em combustível. O trabalho da Beatriz consiste basicamente em avaliar quais misturas de resíduos podem ser feitas para minimizar os impactos ambientais e otimizar a produção de biogás”, sintetiza Simone.
A docente explica que em Portugal há muito resíduo do campo e da agricultura, como, por exemplo, de caroço de azeitona, que, juntamente com outros resíduos da indústria e materiais que seriam descartados na natureza, estão sendo reaproveitados para produção de biocombustível.
“Essas aplicações são muito promissoras em termos ambientais e para o mercado de biocombustíveis. Nesse sentido, Portugal tem sido um grande exemplo. Em função da crise econômica gerada pela guerra na Ucrânia, houve embargos econômicos que restringiram o acesso ao gás produzido na Rússia, do qual Portugal depende. Isso estimulou o uso de outras matrizes energéticas no país. Em parceria com o grupo de pesquisa do IPP, o biogás, gerado a partir da queima de resíduos, tem sido utilizado no Sistema Nacional Português. Portanto, os portugueses já estão se beneficiando da tecnologia gerada em larga escala”.
A mestranda Beatriz Corrêa afirma que seu projeto envolve duas etapas: “a primeira se trata de uma metanálise da ocorrência de plásticos em zonas costeiras a nível mundial e seus respectivos impactos na fauna presente nestes ambientes. A segunda parte está relacionada ao tratamento termoquímico de plásticos juntamente com resíduos agroindustriais”.
“Como pretendemos coletar os plásticos para os ensaios termoquímicos em praias da costa portuguesa, teremos a oportunidade de atuar na mitigação dos impactos ambientais associados à presença desses resíduos no litoral, mesmo que a nível local. Dessa forma, ao executar a parte prática no IPP empregando o processo de gaseificação, apresentaremos uma possível solução para a problemática dos resíduos plásticos em ambientes costeiros”, sinaliza.
Titulação internacional
“A dupla titulação será de grande importância para a minha formação acadêmica, pois irá me possibilitar atuar tanto no âmbito da biodiversidade e conservação da natureza quanto na área de valorização ambiental de resíduos”, considera a pós-graduanda. A expectativa para o intercâmbio no exterior é que a experiência amplie sua visão de mundo, permitindo ter contato com tecnologias de valorização ambiental que já estão bem consolidadas na Europa, mas que ainda não são muito difundidas no Brasil. Ela cita como exemplo a gaseificação, processo termoquímico que irá empregar na segunda parte do seu mestrado.
“Acredito que o acordo de cotutela vai abrir portas para outros alunos que também queiram, assim como eu, realizar a dupla titulação e se especializar nas duas áreas. Vivemos em um mundo cada vez mais multidisciplinar e certamente essa oportunidade não se restringirá apenas a graduados na área de Engenharia, mas também nos campos das Ciências Biológicas e Gestão Ambiental, por exemplo.”
Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU
A UFJF também tem contribuído para o alcance das metas previstas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A pesquisa citada nesta matéria está alinhada aos ODS 7 (Energia limpa e acessível) e 13 (Ação contra a mudança global do clima).
Confira a lista completa no site da ONU.
Fonte: Portal da UFJF