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Na União Geral dos Trabalhadores, o apoio à formação de adultos

Centro Maria Rúbies

Tecnologia no combate ao analfabetismo

Telecentros contribuem no combate ao analfabetismo, que atinge quase 3% na Espanha

Da mesma forma como o projeto Òmnia apóia bastante as UECs – Unidades de Escolarização Compartida, com a finalidade de combater o atraso e a evasão escolar, também em muitos casos dá suporte a escolas de formação de adultos. Afinal, na Espanha, o índice de analfabetismo entre a população maior de 16 anos é de quase 3%, ou seja, 1 milhão e 200 mil pessoas. Outros 11% de adultos (4,7 milhões de espanhóis) não concluíram os estudos primários. Na Catalunha, o percentual de analfabetos é menor que a média espanhola, mas ainda assim chega a quase 2%, o que significa 126 mil adultos que não saber ler ou escrever. Em 2001, quando se ampliou o projeto Òmnia, 12 centros de formação de adultos passaram a contar com um desses telecentros, que se tornavam assim importante elemento na tarefa de oferecer novas possibilidades de aprendizagem à população com baixa ou nenhuma escolaridade, muitos deles imigrantes que chegaram à Espanha com pouco estudo.

Os pontos Òmnia localizados em centros de formação de adultos acabam por se diferenciar dos demais: das três linhas de atuação do projeto (formação, uso comunitário e inserção sócio-laboral), a primeira quase sempre se destaca a ponto de se abandonar, ou quase, as demais. O acesso às tecnologias da comunicação e informação, nesses centros, acompanha os projetos pedagógicos da escola em que o ponto Òmnia está instalado – e quanto mais a escola possuir um projeto tradicional, mais tradicional será, também, o uso das novas tecnologias. Em parte se corre o risco de que nesses telecentros se deixe de lado a premissa de não transformar o ponto Òmnia em uma sala de aula convencional. As particularidades dos pontos Òmnia instalados nos centros de formação de adultos levaram a Generalitat a discutir a possibilidade de retirar tais telecentros do projeto. Em ao menos um caso, o do Centro de Formação de Adultos La Garrotxa, em Olot, verificamos pessoalmente que em julho de 2005 já não havia um ponto Òmnia funcionando na escola, aberto à população em geral (ainda que com restrições de horário e de acesso), como se prevê que tais telecentros sejam.

 

No centro da cidade, mas longe da rua

Ainda não chega a ser essa a situação do Centro Maria Rúbies, da UGT (União Geral dos Trabalhadores), também uma escola de adultos, instalada na sede da seção catalã da central sindical, em plena via Laietana, uma das mais importantes de Barcelona, que corta o distrito de Cidade Velha, dividindo o bairro Gótico do Born/A Ribeira. Situado no 8º andar do prédio da UGT, esse ponto Òmnia reserva horários para acesso aos computadores por quem estiver interessado. Mas isso dificilmente acontece, como destaca o dinamizador Floren Mena: “Não somos um telecentro como os demais, aos quais se chega diretamente da rua; aqui é preciso ir ao 8º andar de um sindicato, e depois seguir pelo fundo de um corredor, isso faz com que sejamos um pouco desconhecidos pela gente que está do nosso lado”. O horário reservado para uso livre quase sempre é utilizado pelos próprios alunos da escola de adultos, que desenvolvem então atividades de reforço escolar, de pesquisa e de auto-aprendizagem.

A ênfase do Centro Maria Rúbies é o ensino de idiomas, em especial o inglês, ao preparar os alunos para obtenção do título de graduado em educação secundária, requisito para continuar os estudos, em formação técnica ou universitária. “O ponto Òmnia vem complementar a escola de adultos, que já existia antes do telecentro. Muitas das aulas são planejadas a partir de temas telemáticos, ou do uso do computador”, assinala Floren. Após o apoio aos cursos de idiomas, a prioridade do centro é o aprendizado básico em informática: “Tentamos em todos os estudos utilizar o computador, além de ter aulas de novas tecnolgias, introdução ao word, à Internet, como buscar a informação que interessa”.

O ponto Òmnia dá suporte, ainda, a outras áreas da UGT, em atividades de apoio a inserção laboral. As manhãs das segundas-feiras são reservadas para orientar as pessoas encaminhadas ao telecentro pelo departamento de orientação profissional da UGT, para fazer currículo, enviá-lo por internet, pesquisar bolsas de emprego. “Esse departamento dá formação principalmente a quem tem entre 40 e 50 anos, e mulheres, que são as que têm mais dificuldade de encontrar trabalho, e aqui lhes damos uma série de noções em informática”. O contato com quem não está relacionado ao Centro ocorre essencialmente através das reuniões com os dinamizadores dos demais pontos Òmnia do centro de Barcelona, como os da Associação Infantil do Raval e do Centro Aberto Tria.

Estabilidade, uma exceção entre dinamizadores

Floren está no ponto Òmnia Maria Rúbies desde 2003, e se diferencia da maioria dos dinamizadores porque é contratado pelo Departamento de Educação da Generalitat, e não pelas entidades gestoras ou por prefeituras. Não vive, portanto, a difícil situação de precariedade de quase todos os dinamizadores do projeto Òmnia. “Vejo uma excessiva rotatividade entre os dinamizadores, o contrato que eles têm não é suficientemente atrativo para que fiquem no projeto, muitos permanecem apenas 6 meses, um ano; é necessário dar formação para os dinamizadores, mas essa rotatividade existe mais, creio, por causa do salário e das condições de trabalho. Com dois anos de dinamizador sou o 3º ou 4º mais velho no projeto”.

Ele explica que não trabalha na dependência de ter seu contrato renovado ou não no ano seginte, pois se sair do ponto Òmnia do Centro Maria Rúbies pode retornar a qualquer momento às salas de aula do ensino público. “Sou privilegiado porque não preciso estar preocupado com o salário, posso fazer projetos, e, como dependo da escola de adultos, o projeto pode ser de mais longo prazo. Os demais dinamizadores têm contrato de 6 meses ou 1 ano, e talvez aí surjam problemas de envolver-se com o projeto. Eles pensam: por que vamos gastar energia se depois, após 6 meses, vão nos mandar embora?”