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Escolas enfrentam dificuldades para se informatizar

Por Fernanda Reis Sales    
15 de outubro de 2007  

 

dossie_13_01No mundo globalizado e tecnológico em que vivemos, a internet se faz presente em todas as esferas da vida do homem. Saber lidar com a internet tornou-se imprescindível. A Educação acompanha essa evolução. A escola tornou-se o local onde não só os alunos aprendem os conhecimentos trabalhados nas disciplinas regulares, como também desenvolvem a capacidade de ir além da sala de aula.

As escolas trabalham hoje a educação na era digital. E as possibilidades dessa nova realidade são múltiplas. Segundo o Centro de Referência Educacional nenhum educador nega a importância do uso da informática na educação. Mas ainda restam dúvidas a respeito da necessidade de trazer cada vez mais o computador para dentro da sala de aula. O computador na escola precisa ser entendido como uma ferramenta pedagógica. Ele constitui um meio a mais – assim como livros, revistas, jornais e filmes – que deve ser utilizado para melhorar e incentivar o aprendizado.

As novas tecnologias impõem mudanças nos padrões de ensino e determinam novas formas de comportamento. E isso ocorre por meio do desenvolvimento de projetos educacionais que permitem ao educador orientar o aluno a construir seu próprio pensamento utilizando adequadamente a tecnologia.

A dificuldade de implantação

O processo de implantação da informática como instrumento pedagógico nas escolas, porém, não é simples. Exige qualificação e planejamento. É preciso definir como utilizar esse instrumento a favor da melhoria da qualidade do ensino. E, no caso do ensino público brasileiro, o desafio aumenta, por ser um país carente de recursos.

Algumas escolas não se encontram preparadas para introduzir tal sistema. Como é o caso da Escola Municipal Manoel Bandeira, que está implantando seu primeiro laboratório de informática. A diretora da escola, Maria Helena de Araújo Torres, afirma que ainda não sabe como irá trabalhar a educação digital na escola: “Por enquanto ainda não tem nenhum projeto. Estamos aguardando os computadores. Ainda não definimos quem estará aplicando as aulas, a grade de horário. Vou precisar de ajuda para isso”.

A coordenadora pedagógica, Suely Vieira Baio Rocha, confirma que ainda não há um projeto definido e que por enquanto o que está sendo feito é uma pesquisa entre os alunos. “Depois dos alunos iremos verificar junto aos professores suas habilidades e quais se interessam em trabalhar com o computador diretamente, como professor de informática. Mas por enquanto estou sabendo de tudo por alto, não sentamos ainda para discutir como será esse projeto e como será desenvolvido o trabalho no laboratório”, completa a pedagoga.

Informações obtidas junto à Secretaria de Educação revelam que não há um projeto desenvolvido em conjunto com a direção da escola. O suporte que a secretaria dá é disponibilizar cursos de capacitação para os professores interessados, a construção do laboratório, bem como sua manutenção, e o suporte na aquisição dos computadores.

A falta de recursos

A escola aguarda a chegada dos computadores desde julho deste ano. A diretora Maria Helena diz que houve dificuldade em conseguir realizar a obra do laboratório e adquirir os equipamentos. “Ainda estamos montando o laboratório e tudo é muito difícil. Temos que esperar verba. Ela às vezes não chega, o que atrasa a obra toda. Agora está tudo encaminhado. Acredito que o laboratório estará funcionando em novembro. Mas os alunos não estão acreditando que esse laboratório vai sair”, diz Maria Helena.

dossie_13_02A diretora espera que os 10 computadores que serão doados pela ONG alemã Coinfo cheguem até outubro. “A Secretaria de Educação ficou responsável pela manutenção dos computadores e pela obra do laboratório. Ainda assim ela apenas doou o material, porque a mão de obra fica por conta da verba que a escola recebe”, diz Maria Helena.

A coordenadora pedagógica completa: “Não sei como iremos trabalhar com 10 computadores para uma escola que tem quase 1000 alunos. É complicado para um professor entrar num laboratório com 35 alunos para desenvolver os conteúdos em apenas 10 computadores”.

O despreparo dos professores

A falta de qualificação dos professores também dificulta a implantação do sistema.  Segundo a diretora da escola os professores não serão submetidos a um curso de qualificação. “Porque além de não receberem por isso, eles têm que dar aula. A idéia é inicialmente disponibilizar uma pessoa habilitada para formar uma turma de instrutores, que seriam os próprios alunos. Estes seriam os professores da próxima turma e assim por diante”, completa a diretora.

Segundo a coordenadora a secretaria de educação disponibiliza para os professores interessados cursos de capacitação. “Como ainda não fizemos a pesquisa com eles, não sabemos qual o nível de conhecimento que eles têm em informática. E somente depois disso é sentaremos junto com eles para fazer o projeto”, diz Suely Vieira.

A importância da educação informatizada

Apesar das dificuldades Maria Helena acredita que o desenvolvimento da educação digital em uma escola pública édossie_13_03 uma oportunidade de um futuro melhor para as crianças de baixa renda.

Segundo pesquisa feita pela direção, os alunos gostariam de usar o computador na escola. “Essa é uma reivindicação antiga. As crianças aqui da escola são muito carentes. É um bairro muito carente e agressivo. E o nosso papel é dar ferramentas para eles saírem dessa realidade. A internet iria abrir os horizontes para eles trabalharem. E hoje todo mundo tem que saber de informática. Como a maioria não tem computador em casa, essa é uma oportunidade que eles terão para melhorar de vida”, diz Maria Helena.

Por fim, a coordenadora pedagógica da escola completa: “Implantar laboratórios de informática nas escolas não é suficiente. É preciso potencializar esses espaços, de modo a facilitar o desenvolvimento cognitivo dos alunos. E pensar numa proposta pedagógica focada na formação continuada e no futuro profissional do aluno. Infelizmente existe uma deficiência no conteúdo dessas aulas. Os professores ora sabem menos, ora não sabem nada. Não há conteúdo acadêmico. Salvo exceções, hoje essas aulas são recheadas de recreação e acesso a jogos e internet”.