Por Leonardo Vieira
15 de outubro de 2007
Na Escola Municipal Professora Marlene Barros, no bairro Bom Jardim, crianças e adolescentes do ensino fundamental participam de aulas de informática associada às disciplinas existentes. O projeto pedagógico da escola prevê a utilização do laboratório de informática por todos os professores. O objetivo é causar no aluno o interesse em descobrir novas ferramentas, ao mesmo tempo que desenvolve o seu aprendizado.
No total, são dez computadores à disposição de 464 alunos. De acordo com a vice-diretora da escola, Déa Ribeiro Pessoa, o número é baixo, mas, com planejamento, consegue-se atender a todos. “Proporcionalmente, é um computador para cada 40 crianças. Dividimos os horários para que todas possam participar das aulas”, assegura. O laboratório funciona às segundas, quartas e sextas. Os professores de cada disciplina ficam responsáveis por agendar as aulas com a professora de informática.
A vice-diretora mostra-se satisfeita com as instalações e com os equipamentos disponíveis. “Os computadores são bons, às vezes estraga um mouse ou um teclado, mas sempre tem aqui para substituir. O espaço é suficiente, consegue-se colocar uma turma inteira aqui dentro, sem prejudicar o andamento das aulas”, avalia Déa. O laboratório possui cadeiras e mesas suficientes para 35 alunos e não é permitido o uso dos computadores por pessoas que não sejam da escola.
Burocracia para solicitar reparo nas máquinas
Contudo, a manutenção das máquinas é precária. Dos dez computadores, dois estavam ociosos – com defeito. A professora de informática Fátima Pereira Pedro conta que a burocracia é o grande empecilho para resolver essas questões. “Quando um computador estraga, comunicamos à Prefeitura. A partir daí, temos duas opções: esperamos o técnico da própria Prefeitura, ou solicitamos a verba para a escola contratar. Neste último caso, temos que esperar uma avaliação do pedido. No final das contas, as duas opções são super demoradas”, lamenta.
A escola possui o laboratório há cinco anos. O interesse partiu da própria instituição de ensino. A coordenação pedagógica da época, juntamente com alguns professores, elaborou o projeto. Após aprovação da Prefeitura, os computadores foram instalados na sala da antiga biblioteca.
A professora Fátima Pereira Pedro trabalha na Escola há quinze anos, e ajudou a elaborar o projeto. Atualmente, associa os cargos de professora de Português e de Informática e, para isso, teve que se capacitar. A Prefeitura pagou um curso de informática educativa para todos os professores. Além disso, ela ainda fez especialização na área. “Antes dos computadores serem instalados, eu fiz uma pós graduação em Informática na Educação, que trabalha o conteúdo das disciplinas adaptando-os às aulas nos computadores”, afirma. Fátima também leciona informática no Programa de Apoio ao Adolescente (PROMAD) que oferece cursos profissionalizantes em diversas áreas..
Aprendizado básico
O conteúdo das aulas é diversificado. Dentro de uma mesma classe, há os alunos que nunca usaram um PC, e aqueles que têm computador em casa. Por isso, a professora conta que inicia com um estudo simples. “Nas primeiras aulas eles aprendem os nomes dos componentes, a ligar e a desligar corretamente. Depois passo para o Paint, para treinar a coordenação com o mouse”, diz.
Os computadores não têm acesso à Internet e os programas utilizados são os do Open Office. Fátima comenta que mesmo os alunos que têm maior contato com a informática não demonstram um bom conhecimento dos programas utilitários. “Os alunos mais velhos freqüentam lan-houses, entram em salas de bate-papo, orkut e MSN. Porém, não demostram conhecimento de comandos básicos dos programas de edição de textos e gráficos”, afirma.
Com o passar das aulas, os alunos vão demonstrando grande interesse. É o que conta a professora de História, Suely Baio. “Para muitos deles é algo complemente novo e motivante”, afirma. A professora diz que no final do ano passado trabalhou com os alunos no laboratório de informática na produção de um jornal sobre a escravidão. Com o apoio da professora Fátima, os estudantes trabalharam com a editoração de textos e imagens, sem perder o foco no conteúdo. A professora de informática comenta, ainda, que muitos professores deixam de levar os alunos para o laboratório porque não dominam os programas. “O que dificulta é o medo do computador por parte de alguns professores”, afirma.
Internet aumentaria a motivação dos alunos
A aluna do 8º ano do ensino fundamental Mirelly do Nascimento, 13 anos, comenta que a aula de informática é uma ótima oportunidade para aprender a manusear os programas do computador, como os conteúdos das disciplinas. “Em casa ou na lan-house, a gente não fica fazendo gráficos ou escrevendo textos. Aqui a gente aprende a mexer nos programas e ainda estuda as outras matérias”, diz. Para Matheus Chaves, 12 anos, a escola é o único contato que ele tem com um PC. “Não tenho computador em casa, nem vou muito a- lan house, só para jogar”, comenta.
A dona de casa Neuza Maria Mendonça, 34 anos, tem dois filhos na escola. Ela elogia o trabalho nas aulas de informática. “Eles estudam de manhã, mas as aulas de computador são à tarde. Toda segunda-feira eles voltam para estudar”, afirma. Já para outro pai de aluno, o comerciante Eduardo Tourinho, 40 anos, a falta da Internet é crucial para a precariedade do ensino. “Como pode-se dizer que eles aprendem alguma coisa, se não têm acesso às informações da Internet?”, diz.
De acordo com matéria publicada no site da Agência de Notícias do Governo, de 12 de agosto, é baixo o número de pessoas que têm acesso à internet nas escolas. O estudo realizado pelo Ministério da Educação apontou que apenas 5,4% da população com 10 anos de idade ou mais declararou usar a internet gratuita nas instituições de ensino.
A escola Marlene Barros se defende. A vice-diretora afirma que a Prefeitura que é a responsável pela instalação da Internet. A escola já solicitou, mas ainda não foi atendida. A professora Fátima informa que todos os anos é feito um relatório com a síntese das atividades desenvolvidas no laboratório.