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Diretora defende informatização sem abandono dos métodos tradicionais

Por Rômulo Corrêa   
15 de outubro de 2007  

 

Atualmente não é raro em escolas de educação infantil se instituir o uso do computador. Anúncios são feitos divulgando sua utilização como um diferencial para que os pais de crianças na faixa etária de 4 a 6 anos fiquem atraídos com a possibilidade de seus filhos entrarem na era da computação desde pequenos. Mas para isso é necessário infra-estrutura, capacitação de professores, manutenção dos equipamentos e ainda conhecer o processo de aprendizado das crianças desta faixa de idade. Compilar todos esses atributos em uma instituição não é tarefa fácil. Nas escolas particulares é mais comum oferecer esse tipo de serviço devido a questão financeira. Existem empresas terceirizadas que facilitam o processo, mas isso não quer dizer que estejam capacitadas para lidar com a didática adequada para as crianças. Já nas escolas públicas -em que alguns casos até o material básico é escasso- são poucos os casos de computadores para os alunos.

dossie_11_01Na rede municipal  de Juiz de Fora, aproximadamente 42% das escolas possuem laboratório de informática, mas apenas 24% têm acesso a internet, segundo a Secretaria de Educação da cidade. A escola Professor Nilo Camilo Ayupe, no centro da cidade, responsável pela alfabetização de crianças menores de 7 anos, possui 3 computadores, no entanto exclusivamente para uso dos professores e diretoria. Segundo a diretora Luiza Helena Rocha, as crianças têm acesso livre a todas as dependências da escola, já que funciona em tempo integral. Com isso é inevitável que elas se aproximem dos computadores da recepção e a curiosidade faz com que tenham seu primeiro contato com os mesmos. “Por ser uma escola municipal, a maioria das crianças são de origem humilde e não têm computador em casa, é comum vermos muitas delas sentadas em frente às máquinas mexendo no teclado, mesmo quando estão desligadas”, afirma a diretora. Luiza Helena considera natural que cada vez mais cedo os alunos se interessem por jogos eletrônicos devido à interface atrativa que chama a atenção das crianças, e por isso seria ideal aproveitar esse interesse para a educação.

Para assistir a entrevista com a diretora da Escola Municipal Prof. Nilo Camilo, acesse o mais procurado site de vídeos na internet, que está bloqueado na UFJF, e digite os tags: Escola Professor Nilo Camilo Ayupe.

À moda antiga

A escola municipal Nilo Camilo Ayupe investe na forma tradicional de ensino e procura fazê-la com dinamismo edossie_11_02 interatividade. São aproximadamente 90 alunos, que dividem o espaço em tempo integral, divididos em 4 turmas. O espaço bastante colorido estimula a percepção dos alunos. “Nós priorizamos o tato para estimular as crianças, muitas brincadeiras com massinha de modelar, desenhos expostos em cartazes e brincadeiras no pátio”, conta a professora Maria Lucia de Oliveira. Esse é um aspecto positivo do ensino “à moda antiga”, já que a dedicação específica a computadores não desenvolve o controle motor das crianças. “Já vi casos em outras escolas em que eu já trabalhei, onde os alunos ficam dispostos nos computadores fazendo movimentos repetitivos com o mouse, apenas colorindo desenhos já disponibilizados pelos softwares”, lamenta a professora.

 dossie_11_03Defender a imersão no mundo da informática para auxílio na alfabetização das crianças não significa anular os tradicionais métodos de ensino, garante Luiza Helena, diretora da escola Nilo Camilo Ayupe. Ela afirma que sua gestão acredita na implantação de um projeto político pedagógico que se baseia nas atividades físicas, artísticas e culturais, o que, também, tenta suprir a falta de computadores na formação infantil. “Nós fazemos trabalhos e apresentações com música, pintura e arte em geral expondo os produtos dos alunos, incentivando ainda mais o desenvolvimento das crianças”, diz. Helena afirma ainda que eles investem semanalmente nas tradicionais aulas de educação física para promover uma integração das crianças.

Nos dias de hoje, seria lógico que a maioria da população soubesse lidar com os microcomputadores, mas essa não é a realidade. “A informática não compunha a rotina da formação dos educadores atuais, e os professores que estão se formando, não estão sendo –em sua maioria- treinados para que essa realidade seja diferente”, afirma a coordenadora pedagógica Sylvana Fernandes. Para ela a implantação de projetos de informática em escolas é bastante complexo, porque não implica apenas na compra e manutenção dos equipamentos. “É importante oferecer treinamento para os professores que irão lidar com as crianças senão o investimento é nulo”, argumenta Fernandes.  A Prefeitura de Juiz de Fora se mostra acessível para a implantação de laboratórios de informática nas instituições de ensino municipal, de acordo com a diretora da escola Nilo Camilo. “É necessário montar um projeto bem estruturado e fundamentado para apresentar para a PJF, a relação com os diretores de escolas em relação a novas propostas é muito tranqüila”, conclui Luiza Helena Rocha.

Auxilio no ensino

A implantação de computadores no ensino gera uma outra discussão. Frente às dificuldades já apresentadas, como a questão financeira e de infra-estrutura, seria vantajoso implantar laboratórios de informática em instituições com alunos de pré-escola, ou seria melhor focar nos alunos de ensino fundamental, que de certa forma já perderam tempo? A coordenadora pedagógica Sylvana Fernandes garante que não há tempo a perder com os alunos mais velhos, mas é necessário dar uma atenção especial para a nova geração, que irá encarar o mercado cada vez mais informatizado. “Os jogos eletrônicos e softwares educativos funcionam como um real auxilio no aprofundamento, na reelaboração, ou até uma forma de começar a construir um novo conhecimento dentro de um contexto que não fuja do processo de desenvolvimento e objetivos da instituição de ensino infantil”, conclui a pedagoga.

Veja aqui artigo sobre as novas tecnologias na educação.