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Criatividade é arma contra carência financeira

Por Karolina Vargas   
15 de outubro de 2007  

 

A Escola Municipal Santa Cecília, que funciona no bairro com mesmo nomedossie_12_01 em Juiz de Fora, já utiliza computadores na educação de seus alunos há 10 anos. Mas apenas em outubro de 2006 foi criado um Projeto de Informática Educativa, visando as possibilidades e desafios da socialização das TICs (tecnologia de informação e comunicação) e a construção do conhecimento. A partir desse projeto, uma profissional de Informática Educativa está à frente das atividades desenvolvidas no laboratório de informática, trabalhando juntamente com as professoras do quadro curricular. Assim, os computadores passaram a ser usados de forma interdisciplinar e com horário semanal fixo. Ao todo, o projeto tem 15 horas por semana, dividas entre os alunos de primeira à quarta série. Para atender da quinta à oitava série, não existem dias fixos. O professor de alguma disciplina precisa agendar uma orientação da professora de informática educativa.

Depois da implantação desse projeto é que as máquinas passaram a ser mais exploradas pelos professores, que, de acordo com a diretora Gilda Maria Gomes, muitas vezes se sentiam inseguros para orientar muitos alunos na sala de informática e desenvolver atividades mais elaboradas. São dez computadores, sendo que, apenas cinco estão em funcionamento. Durante as aulas, as turmas são geralmente divididas em duas partes e mesmo assim dois ou três alunos compartilham o mesmo computador.

Nas aulas fixas semanais são abordados assuntos relativos ao que está sendo trabalhado na sala de aula, ou de acordo com datas comemorativas. A professora curricular combina com a responsável pelo laboratório o tema, para que ela então crie, desenvolva e organize atividades com os alunos. Uma vez escolhida a atividade passa por aprovação da professora curricular.

O projeto delimita como projetos específicos que os alunos conheçam e compreendam, através do meio digital, conteúdos das diversas disciplinas; envolver o aluno com a internet no papel de pesquisadores e criadores, a fim de utilizar a tecnologia de forma produtiva, além de explorar o processo interativo de construção do conhecimento. As principais ferramentas são os sites de buscas, jogos didáticos distribuídos gratuitamente e atividades elaboradas pela própria professora usando o Microsoft Office.

Ludismo e interatividade

dossie_12_02Durante a entrevista, a professora de informática educativa da E. M. Santa Cecília, Fabiana Coelho, mostrou algumas atividades desenvolvidas pelos alunos, como da ocasião comemorativa da semana do trânsito, para a qual as crianças modelaram em massinha vários elementos urbanos – pessoas, semáforos, árvores, carros, prédios, placas de trânsito – e fotografaram com uma câmera digital. A professora fez o recorte das fotografias e eles mesmos montaram o cenário sobre uma planilha do Excel com um desenho esquemático de um quarteirão.

Dependendo da atividade, são montadas historinhas em Powerpoint. Em uma outra turma, sem aula fixa, dentro da disciplina de artes, os alunos puderam trabalhar figuras geométricas com um jogo simulando o tangram – um antigo jogo chinês constituído por cinco triângulos de tamanhos diferentes, um quadrado e um paralelogramo, com  objetivo de conseguir fazer várias formas diferentes, usando as sete peças.

Outros projetos em ensino-aprendizagem desenvolvidos no laboratório de informática são realizados através de pesquisas na internet, coleta de informações, discussão dos temas levantados e produção de textos. Nessas aulas, os professores aproveitam para dar atenção ás dificuldades dos discentes com escrita, contextualização e interpretação.

Uma nova tecnologia, a mesma educação?

Como ressalta o Projeto de Informática Educativa, redigido pela Professora. Fabiana Coelho: “A escola está localizada em um bairro residencial, caracterizado por uma população de baixa renda, e que não disponibiliza uma área de lazer para os moradores, Sendo assim, a escola se torna um centro de referência para a comunidade”. O projeto ainda explica o papel das aulas na vida prática dos alunos: “a utilização das TICs na escola pretende que os alunos que por ali passarem sintam-se mais seguros e capazes de interagir na sociedade de hoje, quando estas tecnologias estão cada vez mais comuns”. Ela ainda comenta: “os alunos não faltam no dia da aula no laboratório, ficam chateados se a aula for desmarcada por algum motivo”.

dossie_12_03Os alunos não têm aulas de informática, mas segundo a orientadora pedagógica Mônica Espada os alunos que não têm computador em casa, a maioria, já têm acesso à tecnologia através das lan-houses. Dessa forma, se essa tecnologia não for explorada na escola, fica uma discrepância grande entre aprendizado e a vida das crianças. Mas a coordenadora alerta que a informática é apenas um recurso a mais, como vários outros. Ela afirma que “a tecnologia veio para ajudar, mas não para resolver todos os problemas”. Mônica alerta que o desenvolvimento dos alunos depende de vários fatores, e, enquanto recurso, não é a tecnologia que será capaz de fazer com que o aluno aprenda ou não.

Ao ser perguntada sobre o desenvolvimento dos alunos diante das máquinas, a professora responde: “às vezes é uma atividade bem semelhante à que eles estavam fazendo em sala de aula, mas por ser no computador eles ficam mais motivados, por causa da interatividade, dos sons… e assim eles acabam fixando melhor o conteúdo”.

Os computadores da escola também atendem ao projeto “Juiz de Fora nos trilhos da paz” da Secretaria de Política Social da Prefeitura, três vezes por semana, que atende com oficinas de informática a alunos da escola e moradores da comunidade.