
Maria Aparecida Gonçalves da Silva
Coisa interessante que é a genética: Alice Ferreira Gonçalves, mãe de Maria Aparecida Gonçalves da Silva, tinha quase sempre gêmeos. Ganhava neném de dois em dois, em quatro partos foram oito filhos. Mas perdeu a maioria, de 13 irmãos ficaram apenas quatro. Com uma das tias de Maria Aparecida, irmã de Alice, aconteceu a mesma coisa: primeiro teve trigêmeos, depois em duas vezes foram gêmeos. Em três partos, sete filhos. Maria Aparecida também, duas vezes gêmeos. Mesma sina da filha dela, e daquela outra ali, também. Essa minha tia ganhou uma que era escurinha, bem fechadinha mesmo, e um rapaz mais abertinho. Eu ganhei o casal, que era Adejanira, a escurinha, e Adejacir, esse aí já era bem mulatinho. Difícil descobrir o caminho que cada um seguiu… Mas sabemos o de Maria Aparecida, também chamada em casa de Mariinha, assim, com dois “is”.
Sobreviveu. Fez papel de mãe, e também de pai, de avó, sustentou a família, trabalhou em fábrica, continuou pelejando ao chegar em casa, lavar roupa, preparar as coisas, tudo sempre caía nas costas de Maria Aparecida. Que um dia arrebentou: as pernas não aguentaram, a cabeça também travou. Saía para trabalhar, dava as crises, de repente caía, desmaiava, perdia a fala, ficava uma, duas semanas sem dizer uma palavra. Remédio forte, tarja preta direto, Diazepam e outros. Aposentou-se em 1966, por motivo de saúde, invalidez.
Depois de aposentada, nada de descanso. Continuou trabalhando. Ficou sete anos como lavadeira no Tupi, não podia ter registro em carteira, senão perderia a pensão. Me ajudavam, né? Aí fui pro Bretas, o Daniel do Bretas me adorava, disse, ô tia, infelizmente vamos ter que te dispensar, não queremos que a senhora fique sem a sua aposentadoria. Mas até que as coisas se acertaram: além de receber um dinheiro pela demissão, contrataram uma filha de Mariinha para ficar no lugar dela, já era melhor assim.
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Maria Aparecida passou a infância ajudando a mãe na lida de lavadeira, buscava e levava trouxa de roupa na casa dos clientes. Também carregava marmita para quem trabalhava nas fábricas, Mascarenhas, Meurer, depois voltava com aquela tralha vazia, era lavar e deixar pronto para o dia seguinte. Mas o pior era conseguir soltar o pai, que ia toda hora preso. José Gonçalves bebia, arrumava briga que só, se alguém olhasse meio de esguelha para ele, pronto, briga na certa. Antigamente era assim, pagava para tirar da carceragem, mas só por bebida. Aos 14 anos Mariinha entrou em uma fábrica de calçados, e o dinheiro que juntava como aprendiz é que tirava o pai da cadeia.
Também comprava remédio para a mãe, ficava na fila nos tempos de racionamento da 2ª Guerra, para conseguir meio quilo de açúcar, um bocadinho de feijão. E a mãe ganhando neném. Era Maria Aparecida quem cuidava do enxoval dos irmãos que estavam para nascer. Pra deixar pra minha mãe que tivesse esperando bebê, como se fosse, eu era o marido da minha mãe. Porque meu pai… era só a bebida! Entendeu?!
Passou por fábricas de calçados, de estojos, e malharia, trabalhou muito em restaurantes, clubes. Estudou até a 5ª série. Depois de levar a comida para o pai na hora do almoço, matava aula. Ao invés de ir para o colégio tomava o bonde ou caminhava de volta para casa. Até que um dia o pai a seguiu, disse para a professora avisá-lo se a filha fugisse da escola de novo. Então não perdi nenhum dia mais de aula. Estudei, aprendi tudo, sexta-feira a gente tinha o canto, aquelas músicas eram boas! Aí fiquei, sabe, fui pro 2º, 3º, 4º, 5º, e… depois fui embora, já trabalhava, às vezes fazia serão até de noite para ter mais um dinheirinho, cabeça também não aguentava.
O pai trabalhou na Prefeitura, como bombeiro. O que ganhava ia uma pequena parte para as coisas da casa, uma parte maior para o botequim. Os mantimentos, pagava um mês, mês seguinte ficava devendo. Morreu de repente, de um mês para o outro, vinha do Alcoólicos Anônimos, adoeceu, teve um problema de pneumonia. E aí ficou só a mãe, criando também as netas, filhas de Iria, a irmã mais nova, solteira, que morreu cedo. Minhas outras irmãs, Antônia e Marisa, estavam em São Paulo, eu é que fui ajudar trazer a mudança de volta para Juiz de Fora.
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Maria Aparecida perdeu muitos parentes e pessoas queridas, nesses 73 anos de vida, mas também ganhou outros tantos. Quer chegar a ter bisnetos, tataranetos, pentanetos… Vive assim, com resignação, mas não tem vontade nenhuma de morrer, tem é medo. Quer chegar aos 100 anos, sonha em viver, viver! Na minha mente não existe a morte, pelo que sinto. Como se fosse uma pessoa assim de uns 30 anos, de uns 30 e poucos anos. Gostaria de ver os netos se erguerem, que estudassem, se formassem, virassem gente de bem, trabalhassem numa firma até ficarem velhinhos, ou fossem mandados embora. Que a filha se casasse com aquele moço que já vive com ela há tempos. Eu acho que a pessoa tem que melhorar, não ficar só, porque você não tão quer ficar no seu mundinho a sós.
Adora passear, tem vontade de conhecer cidades, se desse uma sortezinha, ganhasse um trocado, poderia também ajudar as pessoas. Pegar assim, o fulano não tem isso, não tem alimentação, não tem uma roupa decente, a pessoa que precisasse de um remédio… uma ajuda, ajudar. Eu gosto muito de ajudar, porque eu sou ajudada! Conhece São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Cabo Frio também já foi, trabalhava para uma médica que passava ali 15 ou 20 dias de férias. Era o filho solteiro dessa patroa que a levava, de carro. Junto com a família, as crianças. Eu ia trabalhar, ficava em apartamento, aí depois o filho dela pega e morreu, de repente, ela ficou muito magoada, muito chateada, não vai mais. Quer conhecer Brasília, entrar nos shoppings centers dessas cidades todas. Sabe que pode andar de graça em ônibus, mesmo para outros estados, pela renda e idade que tem, mas não aproveitou muito. Depois que veio esse negócio de passagem viajei só uma vez, fui no Rio com a minha irmã.
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Nasceu no Manoel Honório, na rua Álvares Júnior, 111, no finalzinho da Garganta do Dilermando, onde estão as irmãs até hoje. Casou com 26 anos, o marido e ela trabalhavam na mesma fábrica de calçados. Começaram a namorar em janeiro, quando foi em maio ficaram noivos, em dezembro casaram. Foi assim, sabe, que eu queria mesmo ele, os outros falavam que ele estava cheio de namorada. Mas todo dia Maria Aparecida ia para a fábrica, chegava o ônibus, parava na praça da Estação, ela vinha do Manoel Honório, ele já a estava esperando, iam conversando bater o cartão de entrada no trabalho. Ao meio-dia, almoçavam perto um do outro, saíam juntos, ele ia para a casa dela, jantava, conversava com os pais. Quando dava nove da noite, ia embora. Mas depois não deu certo, sabe?! Nós fomos 25 anos casados, daí separamos. Maria Aparecida nunca mais casou, nem morou com outro homem. As filhas são ciumentas, não deixam, se for para entrar alguém na casa dela, só se for o pai novamente, outra pessoa não.
O marido de Maria Aparecida era mesmo mulherengo: arrumava uma aqui, depois outra ali, o casal brigava, depois tentava ficar bem. Mas ele pintava o sete, caprichava… não dormia em casa, tinha vez que ficava uma semana fora, chegou a passar uns sete meses, quase um ano, indo para casa só aos sábados, para apanhar muda de roupa. Saía do serviço, ia pra casa da namorada. Sofri muito, muito mesmo! Mas a gente brigava de agarrar um no outro, de bater!
Mas Mariinha tratava do marido também com carinho. Ele entrava em casa de repente, e ainda dizia: — Afinal, o que você tem a ver com a minha vida? Os filhos, na adoração pelo pai. As crianças até adoeciam, uma ficou aguada, mas ele trocava de roupa e saía dizendo, vou embora. A coisa esquentava é na porta, se pegavam no tapa, dali um tempo ele cismava e voltava. Chegava e também não conversava, não ligava pra você, entendeu? Um dia, quando apareceu, começaram cada um a dormir num canto. Depois ele foi passar um final de ano no Rio de Janeiro e nunca mais voltou a entrar na casa dela. Ainda vê as filhas. Isso foi em 1985. Não, não tenho raiva não.

Maria Aparecida sofreu muito: o marido era mulherengo, arrumava uma aqui, outra ali. (Ilustração: Marlene Perlingeiro Crespo)
No começo o marido de Maria Aparecida contribuía com um dinheiro para as compras, mas depois começou a avacalhar, não dava mais o dinheiro, comprava sabão, uns dez quilos de arroz, dois de feijão e punha na casa. Aí eu chamava a minha sogra, que ela morava aqui em cima, e falava – ele chama Juvenildo, eu tratava ele de Lili – olha só o que o Lili comprou! E ela respondia: Ah, minha filha! É assim mesmo! Eu também já sofri com meu marido, e era pior, porque ele não punha nadinha de nada em casa. Mariinha ainda tinha que suportar as vizinhas dizerem: — Lá vai o Juvenildo cheio de sacola de compras, vai para a casa da outra.
Ele nunca comprou um par de meias para os filhos, para os sapatos Maria Aparecida ia à fábrica, pegava e mandava marcar, descontava no salário dele. O marido reconhece, dá razão a ela, até hoje fala: — Ô Maria! Eu não criei meus filhos, você que criou! Juvenildo está doente, falou que vai voltar. Mora no Borboleta, na casa de um colega. Tem uma casa no Nova Era, deve vender para indenizar a outra mulher, que entrou com processo. E Maria Aparecida vai poder ficar na casa onde está, que ele deixou para ela.
O terreno onde Mariinha mora era da sogra, mãe de Juvenildo, quando morreu ficou para ele. O terreno do lado ficou para o irmão dele, que morava em Belo Horizonte, já morreu. O sobrinho de Juvenildo ainda foi algumas vezes ver o terreno mas depois sumiu. Ali no começo era apenas uma casa, depois construiu outra, e mais uma… Moram por ali 14 netos e 8 bisnetos de Maria Aparecida, umas 40 pessoas nas cinco casas construídas nos dois lotes. Netos emprestados, não são legítimos mesmo, de sangue, são da parte do meu marido, porque é de uma ex-mulher que ele teve, e as filhas dela moram aqui. Não te falei que ele era muito namorador? Foi antes de mim! Ele teve várias. Era assim, namorico. De casada mesmo só tem eu! O resto tudo era… amásias.
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A tia que morava no bairro possuía uma condição de vida melhor, pois recebia pensão de viúva de ex-combatente. Ela é que organizava as festas, fazia bolo no aniversário das crianças, também dava roupa para os filhos de Maria Aparecida. Comemoravam lá o aniversário dos meninos, dos parentes mais próximos. Nas festas juninas enchia a casa de gente, juntava a vizinhança, muita comida, dançavam bailes de torda, brincavam com folha de bananeira, tocavam sanfona, bailavam. Faziam latas de 20 litros de doce de mamão, doce de abóbora, de cidra, tudo feito em casa. Muito licor, diversão.
Maria Aparecida gostaria que o bairro tivesse um salão igual ao da AMAC para reunir os idosos, com um coral para quem gosta de cantar como ela. Todo tipo de música, bolero, samba, pagode. De vez em quando coloca os discos de vinil na vitrola, pega as crianças e fica dançando com elas. Ouve rádio, gosta de ver novela na TV, tem dia que fica vendo filme na televisão até de madrugada
Antes de casar, ela namorou bastante: namoro daquele que pai fica espiando, para saber se a intenção é seria. Os apaixonados, sentados longe um do outro. O filho de uma comadre morava nos fundos da casa dela, ao cantar uma música Mariinha já sabia que era ele, passando. Se fosse cedo, ia até o portão, despistando, para ver o moço. A música era Begin the Beguine, de Cole Porter, versão brasileira de Haroldo Barbosa, interpretada por Orlando Silva: Quando começa o beguine / Bate um tambor a doce cadência / Ao corpo vem / Longínqua dolência / Canta o luar nos palmeirais…
Os bailes são sempre a lembrança que traz mais saudades, com uma ponta de tristeza, melancolia. Chegava nas festas, usava um sapato e roupas novas, a compra feita com sacrifício, querendo arrumar um namorado, piscava o olho, paquerava. Mas o pai logo chegava, se escorando pelas paredes, e estragava a alegria das meninas. Tinha que voltar pra casa, às vezes nem vinte minutos que a gente estava na festa. Não tinha nem a felicidade da roupa nova, do sapato, nem nada. A gente ia só à missa, aos domingos, voltava, fazia o almoço, a gente almoçava, ficava por ali, pronto.
A turma ia assistir e participar dos jogos de futebol, a várzea fervia nos domingos. No carnaval, era a vez das escolas de samba, com as fantasias de papel crepom, chapéus de palha feitos de papelão. O Dom Bosco desfilava no primeiro dia, dava aquela chuva, já não tinha fantasia para sair depois, o papelão desmanchava inteiro no meio da avenida, as fantasias de papel crepom toda manchadas. Perdia tudo o que era feito com tanto trabalho, levava dois, três meses pra fazer aqueles chapéus, os adereços, tudo à mão. E o povo dançando mesmo assim, na rua. Desclassificado, brincando o carnaval.
Com Juvenildo, Maria Aparecida ia ao cinema São Luís, na praça da Estação, saíam da fábrica às 17h, em seguida estavam lá, pegavam ainda a sessão das 17h30. Barrabás é o filme que mais marcou a lembrança de Mariinha, com Anthony Quinn vivendo o ladrão escolhido pelo povo judeu para ser libertado, deixando Jesus Cristo na cadeia. Depois do filme aquela alegria: juntava a turma, ia jantar, arroz, batatinha frita bem crocante, alho. Nós gostava demais daquilo! Saía do cinema, dali ia conversando, aí tomava um sorvete ainda, aí cada um ia pra suas casas sabe?! A gente trabalhava muito, mas divertia muito também, boba!
Ou senão ia na casa das colegas, jantar e ficar cantando, ao som do violão de Juvenildo, artista de qualidade. Maria Aparecida fazia o jantar, e ela e as colegas sentavam na cama, jantavam, cantavam. Era bom demais! Eu comecei aprender a tocar violão, mas depois a casa queimou, o violão queimou, aí eu não pude comprar mais.
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A vida de Maria Aparecida foi marcada por esse incêndio, que acabou com a casa em que morava. Ficou sem nada, salvou apenas a televisão. Tentou depois dormir no terreiro, com um colchonete e uma cadeira, mas não deu certo. Foi morar com a filha, acha que não acostuma na casa das outras pessoas, tem que ficar na casa do pessoal da gente mesmo. Foram as crianças que puseram fogo na casa? Pensou que era isso, mas depois os bombeiros explicaram: ela esqueceu o ferro elétrico ligado, o ferro esquentou, começou a pegar fogo na colcha da cama, nas beiradas, e aí foi pegando, pegando, em tudo, tudo. O neto dormia na sala, quando sentiu aquela quentura no corpo dele, deu um pulo da cama, tirou a televisão correndo e saiu.

Em um incêndio Maria Aparecida perdeu quase tudo, salvou só a televisão. (Ilustração: Marlene Perlingeiro Crespo)
Quase tudo que Mariinha conseguiu colocar dentro de casa depois era doado, demorou para poder comprar alguma coisa de novo. O ex-prefeito Tarcísio é que ajudou, também, a refazer a vida dela. Foi um dia inaugurar asfalto no bairro, Maria Aparecida falou com ele, pediu uma caridade, reconstruir a casa. Não demorou dois meses, foram lá os funcionários da Prefeitura, primeiro acabaram de derrubar o que sobrara, depois levantaram uma casinha nova para ela.
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Maria Aparecida está no bairro desde 1962. Quando casou foi morar no Nossa Senhora Aparecida, onde ficou uns três anos, depois voltou para o Manoel Honório, até que a sogra fez uma casinha para ela no Dom Bosco. Conta das brigas que havia no bairro, Serra de Cima contra Serra de Baixo, pedradas, um machucava o outro, agora falam 511 e 512, não combinam muito não, melhorou mas volta e meia recomeçam as brigas, o Chapadão diz que pessoal da parte baixa mora num buraco. Católica, gosta de ir à missa, vai com a filha, mas não no bairro, diz que ali muita gente põe reparo, fica vendo como as pessoas estão vestidas, os sapatos, o penteado. Vai então até a Igreja São Sebastião, no centro, antes ia às missas da Igreja São Mateus.
Reclama da violência do Dom Bosco, das drogas. Alguns netos estão envolvidos nessas coisas. Ela aconselha, mas não a ouvem. Os jovens pegam as coisas dos idosos. Tem horas que eles ficam agressivos, a gente vai conversar, você entendeu?, dão uma resposta, é, deixa isso aí, vó!, me deixa pra lá! Maria Aparecida insiste, quer que eles tenham outra vida, que estudem, arrumem um trabalho, prestem serviço à comunidade, sigam uma religião. Uma neta, apenas, a trata melhor, respeita, procura saber como está Mariinha, fala também o que está fazendo, pergunta, se preocupa.

Maria Aparecida, que é chamada de Mari-inha, com dois “is”, teve gêmeos duas vezes. (Ilustração: Marlene Perlingeiro Crespo)
Morar assim perto da família é para ela bom e ruim. Tem desavença, uma hora está uma paz, aquela brincadeira, tudo unido, de repente está todo mundo virado um contra o outro. Queixa-se dos gastos: remédios, muitos remédios, gás, luz. Como são várias casas juntas, e a água e luz estão em nome dela, a conta vem aquele absurdo, ela é que tem que pagar. Eles pegam da minha luz. Tem luz não. Tem uns aí que a água é minha também. Tinha mês que eu pagava de água dez reais, sete, oito reais. Agora dá quase 200 reais até por mês. A luz dá 500 e poucos reais! Dividem, por exemplo, em três casas, uma conta de 660 reais, fica 120 para cada casa. Ainda assim, para ela é pesado.
Se aborrece. A saúde fica pior. Problema de circulação nas pernas, pressão alta. Em tempo de calor, as pernas engrossam, incham muito, tem varizes internas. Todo ano dá erisipela. Sente cansaço, dor, mas não quer operar, tem medo. Eu trato com homeopatia, né? E trato também com médico. Receia que as pernas a deixem paralisada, quando está esperando ônibus demora para conseguir começar a andar, com dificuldade para dar os primeiros passos, dói muito. Cai com frequência, machuca o joelho, mas faz questão de tentar sair para a rua, fazer as coisas dela, ver a irmã, ir ao Semente, não gosta de faltar à missa.
Tem dia que está desanimada, acha que não vai nem levantar, fica com o astral baixo, aborrecida. Eu choro muito, boba, choro muito mesmo. Eu sou muito sentimental. Se eu vou conversar com a pessoa, e essa pessoa me responde mal, entendeu?! Se eu quero dialogar com a pessoa e a pessoa não me dá atenção… pra mim o dia acaba. Acabou.