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Ciao, bella Italia! Lá do país da bota, Alexandre Aguilar conta como tem sido sua experiência de intercâmbio estudando Direito em uma universidade de grande tradição. Mais do conferir de perto as belezas, a história e a cultura italiana, ele está conseguindo se aperfeiçoar na sua área de interesse, o direito privado. E ainda teve a chance de dar um pulinho logo ali, em Genebra, para representar junto com a professora Manoela Roland, o Centro de Direitos Humanos e Empresas da UFJF em reunião na ONU. É muito orgulho desses intercambistas, não? Confere aí.


Comecei a me preparar para a seleção do intercâmbio ainda no 2º período de Direito e, com o passar do curso, surgiu meu interesse pela Itália, mais especificamente pelo direito italiano. As leis italianas influenciaram o direito privado brasileiro e me fizeram escolher o país como destino para me aprofundar na área. Diversos autores italianos são citados nas aulas de Introdução ao Direito, Direito Civil e Direito Comercial como Pietro Perlingieri e o antigo professor da Universidade de Camerino, onde estou agora, Norberto Bobbio.

Camerino é uma comuna italiana situada na província de Macerata e tem aproximadamente 7 mil habitantes. A cidade está localizada bem no meio do país, a quatro horas de Roma e próxima ao litoral adriático. Camerino é marcada, sobretudo, pela Università degli Studi Camerino (Unicam), cuja fundação se deu ainda na Idade Média, em 1336.

Na Unicam,

Na Unicam, aulas de Alexandre Aguilar na Faculdade de Direito são em italiano para conhecer bem as leis do país (Foto: Arquivo Pessoal)

A Unicam é ótima e bem acolhedora, principalmente, com os estudantes estrangeiros. A maioria dos moradores de Camerino é composta por jovens atraídos pelo ar de cidade pequena e pela fama da Universidade, considerada a melhor da Itália com até 10 mil estudantes. Além disso, o que eu considerei bem diferente, em comparação à UFJF, foi o fato de não haver um campus, como conhecemos no Brasil. A instituição conta com vários centros e faculdades espalhados pela cidade além de alojamentos estudantis que você pode escolher, dentre eles, o que fica mais cômodo e perto de seu curso.

A universidade permite a matrícula em matérias em inglês nos centros de exatas e biológicas e é normal encontrar e fazer amigos de culturas diversas. De certo modo, isso muda o seu modo de ver o mundo e de entender os valores dos outros. É desafiador aprender e se abrir para entender o outro com mais sensibilidade.

Na Scuola di Giurisprudenza (Escola de Jurisprudência/Direito), por outro lado, só é possível se matricular em disciplinas em italiano. Isso porque o que se preza aqui – e também em todos os cursos de direito em geral – é que você seja apto a aplicar as leis daquele determinado país, assim, o mínimo eu te pedem é a compreensão dos códigos e jurisprudências italianas.

Visão privilegiada na reunião das Nações Unidas (Foto: Arquivo Pessoal)

Visão privilegiada na reunião das Nações Unidas (Foto: Arquivo Pessoal)

Não tem como falar sobre a Faculdade de Direito ou da minha estadia em Camerino sem mencionar o terremoto que devastou a cidade no dia 26 de outubro de 2016. Mesmo não tendo vítimas fatais, o terremoto causou sérios danos na parte histórica da cidade, onde ficavam alojamentos, o comércio e, inclusive, o Palazzo Ducale, lugar onde funcionava a Faculdade de Direito até a data do ocorrido. Militares italianos impedem a entrada de pessoas nas áreas de risco do centro histórico da cidade. O comércio foi transferido para outro local, os estudantes que moravam ali foram realocados pela universidade sem qualquer custo e as aulas de Direito estão acontecendo em outro prédio doado à faculdade até a finalização da restauração do Palazzo Ducale.

Na ONU, Alexandre acompanhou a professora Manoela Roland convidada para painel sobre direitos humanos (Foto: Arquivo Pessoal)

Na ONU, Alexandre acompanhou a professora Manoela Roland convidada para painel sobre direitos humanos (Foto: Arquivo Pessoal)

Além de ter conhecido e me encantado por Roma, logo que cheguei ao país, também fiz outra viagem muito marcante. Em outubro, fui até Genebra na Suíça com o Homa – Centro de Direitos Humanos e Empresas da UFJF, do qual faço parte no Brasil. A professora de Direito Internacional, Manoela Roland foi convidada como painelista no Conselho de Direitos Humanos da ONU e tive, portanto, a oportunidade de representar o projeto nas Nações Unidas com a professora. Ver de perto como é difícil o acordo entre os países, os interesses contrastantes, acompanhar as discussões por quase 12 horas por dia durante uma semana foi cansativo, mas ao mesmo tempo engrandecedor, uma baita experiência não só curricular, mas de vida.


Está fazendo intercâmbio pelo Piigrad? Então conta sua história para a gente. Envie um e-mail para estudante@comunicacao.ufjf.br. 

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