A residente Elisa Lopes Pinheiro discute que a Residência, como instrumento de educação em serviço, possibilita uma melhor visualização do campo de trabalho, o qual não se esgota na clínica, mas coloca em evidência outras possibilidades de atuação. A inserção do dentista no campo de prática da atenção primária por meio da Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da Universidade Federal de Juiz de Fora, em parceria com a Prefeitura do município, permite ao profissional uma vivência pautada nos princípios e diretrizes do SUS e possibilita uma formação generalista, crítica e reflexiva nas Unidades Básicas de Saúde contempladas pela ESF.
A promoção de saúde bucal e prevenção de agravos direcionada a grupos populacionais tal como gestantes, idosos e crianças, e em espaços sociais, como escolas e creches, faz parte da agenda dos preceptores e residentes. A atuação do profissional dentista na creche corrobora com os achados epidemiológicos da última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, em 2010, a qual mostrou a necessidade de intervenções efetivas do dentista em crianças menores de 5 anos de idade, devido à expressiva prevalência da doença cárie e o seu não-tratamento.
No âmbito da saúde da gestante, no pré-natal deve conter, pelo menos, uma visita ao dentista, de acordo com as políticas de saúde da mulher. A partir da reflexão de preceptores e residentes frente a esta necessidade, as gestantes pertencentes as UBS contempladas pela residência possuem acesso facilitado para atendimento odontológico desta população, visando prevenção de agravos e promoção de saúde da mãe e do bebê.
Ir para além da clínica, da assistência, amplia os horizontes da saúde bucal, permitindo o real entendimento do conceito ampliado de saúde, defendido na nossa Constituição. E, é neste caminho de se fazer saúde, que a Residência pauta todo seu trilho.
A atuação dos residentes nas Unidades Básicas de Saúde tanto do bairro Parque Guarani, quanto do bairro Industrial, cumpre com seu papel no fortalecimento do SUS, ampliando o acesso em saúde bucal a populações de risco e a grupos populacionais, como as gestantes, nas unidades de saúde, indo além das paredes da unidade, adentrando creches e escolas, formando profissionais capacitados em trabalhar na atenção primária, preocupados com a integralidade, equidade e universalidade da atenção, e críticos frente a realidade do modus operandi de se fazer saúde no Brasil.