Pesquisa conduzida com a participação de professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora aponta direcionamentos para abordagem preventiva do câncer de mama no país conforme nota da ABRASCO transcrita abaixo:
A importância da detecção precoce do câncer de mama
Com o artigo de Drauzio Varella publicado no domingo, 9 de junho, no jornal Folha de São Paulo, o debate sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama reapareceu com força e deve ser estimulado. No texto, o médico comenta o artigo recém publicado pela revista científica The Lancet Global Health, que contou com a autoria as pesquisadoras do Reino Unido, Isabel dos Santos Silva e Bianca De Stavola, e os pesquisadores brasileiros Nelson Renna Junior e Gulnar Azevedo (UERJ), Mário Nogueira e Maria Teresa Bustamante-Teixeira (UFJF) e Estela Aquino (UFBA): Ethnoracial and social trends in breast cancer staging at diagnosis in Brazil, 2001–14: a case only analysis.
O referido artigo que analisa os resultados dos dados dos Registros Hospitalares de Câncer disponibilizados pelo Instituto Nacional de Câncer, conclui que a prevalência de casos diagnosticados em estadiamento avançado no país é ainda alta se comparada à de países desenvolvidos. Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco e professora de epidemiologia do Instituto de Medicina Social-UERJ, que coordena a parte brasileira deste estudo em colaboração com a LSHTM e a UCL alerta: “como o que ocorre com outros problemas de saúde no Brasil, o câncer de mama expõe a grave situação da desigualdade de acesso a serviços de saúde no Brasil. A prevalência de mulheres diagnosticadas em fase avançada se compararmos mulheres de cor preta ou parda de baixa ou nenhuma escolaridade com mulheres brancas com nível universitário (48,8% e 29, 4%, respectivamente).”
Sobre o mesmo assunto, foi veiculada nesta terça-feira, 11 de junho, reportagem no Jornal da Band onde Gulnar comenta: “Aproveitamos este momento para reforçar a importância da detecção precoce dos casos de câncer de mama que é o que devemos alcançar para ter uma melhor resolutividade, mas ela não deve se dar apenas com o rastreamento mamográfico da população-alvo. Deve sim, sobretudo, priorizar o diagnóstico de mulheres sintomáticas pois muitas destas podem ser detectadas com a doença ainda em fase precoce e assim assegurar a todas as possibilidades terapêuticas disponíveis atualmente.”
“Enfatizamos a recomendação de rastreamento mamográfico para mulheres com idades entre 50 e 59 anos, com a observação de que trata-se de recomendação favorável fraca: os possíveis benefícios e danosprovavelmente são semelhantes, conforme aponta o documento publicado pelo Ministério da Saúde em 2015: Diretizes Clínicas para Detecção Precoce do Câncer de Mama ao mesmo tempo que chamamos a atenção de que mulheres com sinais e sintomas da doença devem ser referenciadas com urgência para serviços de diagnóstico de forma a terem acesso ao tratamento adequado ainda em fase precoce. Recomendações que deveriam ser seguidas por gestores e profissionais de saúde na lógica de organização das redes de serviços do SUS” recomenda Gulnar.
Fonte: https://www.abrasco.org.br/site/outras-noticias/opiniao/cancer-de-mama-e-o-impacto-na-identificacao-precoce-da-doenca/41283/ – Acessado 26/06/2019.