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Relatos de experiências

Relato de experiência internacional – Mara Bontempo Reis 

A materialidade sagrada na construção das santas populares no Brasil e em Portugal: relato de experiência da pesquisa de campo

Em novembro de 2023, tomei conhecimento que a CAPES havia publicado o edital de bolsas sanduíche para início das atividades no exterior a partir de abril de 2024. Nesse momento, o desejo de fazer um doutoramento sanduíche, que já vinha sendo gestado, ficou ainda mais avivado diante da possibilidade. Após ser contemplada com a bolsa PDSE- CAPES, sob a orientação do Professor Doutor Emerson José Sena da Silveira, estabeleci os contatos com docentes na Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã – Portugal. Mediante o aceite institucional, através do Professor Doutor Kaique Matheus Cardoso, consolidei a primeira etapa do processo para o desenvolvimento da minha pesquisa no exterior. Agora, finalmente, meu desejo se tornou realidade, deixando de ser apenas um sonho para se tornar algo palpável.

No dia 01 de abril de 2024 parti para o norte de Portugal, região do meu campo de pesquisa. O foco do estudo é a análise da materialidade sagrada na constituição da santidade de Lôla, uma santa popular do Brasil, e da Beata Alexandrina de Balasar, Portugal. O objetivo principal é investigar os elementos que influenciaram a construção de suas santidades. Uma das possibilidades que a pesquisa considera é a importância da materialidade religiosa na consolidação da comunidade de fiéis e na santificação tanto de Lôla quanto de Alexandrina.

A pesquisa parte do pressuposto que os objetos promovem conexões reais e carregam consigo histórias e memórias que auxiliam na formação dessa comunidade religiosa. Dessa forma, o projeto de doutorado sanduíche buscou mapear os elementos sagrados relacionados à Beata Alexandrina, a fim de investigar de que forma esses elementos contribuem para sua santidade, estabelecendo um estudo comparativo entre as duas possíveis santas.

Balasar é o local de nascimento de Alexandrina Maria da Costa, a Beata Alexandrina, a “Santinha de Balasar”, foco da investigação do doutoramento sanduíche. Balasar é uma freguesia do concelho da Póvoa de Varzim. A Póvoa está localizada na sub-região da Área

1Doutoranda em Ciência da Religião na Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestre em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Especialista em Educação de Jovens e Adultos – Proeja pelo IF Sudeste de Minas Campus Rio Pomba. Graduanda em Ciência da Religião na Universidade Federal de Juiz de Fora. Graduada em Educação Física (Licenciatura) pela Faculdade Metodista Granbery de Juiz de Fora. Membro do Núcleo de Estudos do Catolicismo (NEC/PPCIR/UFJF) e do Núcleo de Estudos da Religião, Educação e Sociedade, do Instituto Federal de Alagoas (NERES). ORCID: 0000-0001-6380-7854. E-mail: marabomtempo@yahoo.com.br

Metropolitana do Porto. A freguesia fica a 12 Km de distância da Póvoa e possui 2.245 habitantes e tem a agricultura como uma das suas principais fontes econômicas.

Em Balasar realizei registros dos objetos devocionais comercializados em lojas da freguesia, como também nas lojas da Fundação Alexandrina Maria da Costa. Há duas lojas pertencentes à Fundação: uma localizada no interior da igreja e a outra nas dependências da antiga casa da Beata. Em ambas as lojas os objetos vendidos, como livros, terços, medalhas, santinhos, dentre outros, são personalizados com imagens da candidata a santa. Ademais, efetuei registros fotográficos da casa da Beata, do salão de ex-votos e do túmulo onde Alexandrina foi sepultada, antes de seus restos mortais serem transladados para o interior da Igreja Santa Eulália.

Tive também a oportunidade de participar da festa em homenagem à Beata Alexandrina, que ocorre anualmente e foi celebrada entre os dias 21 e 25 de abril de 2024, sendo o dia 25 a data de comemoração dos 20 anos de sua beatificação. A festa contou com a presença de diversos romeiros, oriundos de vários lugares como: Portugal (Valongo, Póvoa de Varzim, Vila Nova de Gaia, Barcelos), Itália, França, Alemanha, Eslováquia, Brasil, dentre outros.

Além dos registros fotográficos, também tive contato com fiéis que me apresentaram seus relatos devocionais. Ademais, usufrui da oportunidade de conversar com a senhora Deolinda Maria Barbosa de Oliveira, uma das colaboradoras na Fundação Alexandrina de Balasar. A Fundação iniciou em 2011 e os seus principais objetivos é a difusão do culto à Alexandrina de Balasar e a promoção de obras sociais com atendimento a pessoas de baixa renda com distribuição de mantimentos e roupas.

Outro momento relevante durante a pesquisa de campo em Portugal, se deu na ocasião de uma reunião com o Professor Doutor Alexandre Freire Duarte, docente na Universidade Católica Portuguesa (UCP do Porto e Braga) e no Centro de Cultura Católica do Porto. Doutor Duarte, é também membro do Centro de Estudos de Filosofia da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e é o pesquisador responsável pela análise dos escritos pessoais da Beata Alexandrina.

Além da pesquisa de campo em Balasar, também estive na Universidade da Beira Interior (UBI), instituição que me acolheu em Portugal, a convite do meu orientador e supervisor do doutoramento sanduíche, Professor Doutor Kaique Matheus, para ministrar uma aula aberta. Foi um momento oportuno para apresentar a pesquisa em desenvolvimento, como também para estabelecer contatos com outros pesquisadores. Os discentes presentes na aula, são alunos da graduação do curso de Sociologia, nas disciplinas Sociologia da Religião e

Direitos Humanos e Multiculturalismo, dos professores Doutores Donizete Aparecido Rodrigues e Kaique Matheus Cardoso. Outrossim, na ocasião da aula aberta na UBI, concedi uma entrevista à discente Claudia Monteagudo da RUBI – Rádio Universitária da Beira Interior, sobre a minha pesquisa em Portugal.

Em suma, a presente investigação, realizada durante o estágio de doutorado sanduíche em Portugal, se alinha aos esforços promovidos para estimular o debate sobre o catolicismo popular, a dinâmica entre santo e devoto, a construção da santidade e a materialidade sagrada. O objetivo deste projeto não é desprezar os estudos anteriores, pois todos eles, sem dúvida, contribuíram de maneira significativa para a compreensão da religiosidade popular. Contudo, a inovação desta pesquisa reside na análise comparativa entre duas candidatas a santa: a Serva Lôla e a Beata Alexandrina de Balasar. Ambas compartilham trajetórias de vida com aspectos semelhantes e estão em processo de reconhecimento pela Igreja Católica como santas.

Isso posto, é preciso reconhecer que mais estudos são necessários, contribuindo para o enriquecimento do todo. Finalizei o meu estágio sanduíche e gostaria de enfatizar um aspecto positivo desta pesquisa em Portugal: que ela possibilitará a ampliação da pesquisa de doutorado em andamento no Brasil, trazendo elementos importantes de outra cultura, o que sem dúvida é também mais um passo para a internacionalização da ciência brasileira.

 

                                                                                                          

Relato de experiência internacional – Presley Martins – Dinamarca

Søren Kierkegaard Forskningscenteret SKC Project Seminar Presley H. Martins (Federal University of Juiz de Fora, Brazil) “Within the Tomb of Lazarus: Kierkegaard’s Perspective on Death and Hope”

 

 

 

O aluno do PPCIR Presley H. Martins está realizando seu doutorado sanduíche na Universidade de Copenhagen, Dinamarca. A sua pesquisa versa sobre a obra do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Na Universidade de Copenhague, no departamento de teologia, há o centro de estudos SKC – Søren Kierkegaard Research Centre. Além da obra completa do pensador dinamarquês, o centro possui um rico acervo de trabalhos especializados em Kierkegaard.

 

 

 

 

 

Veja a entrevista que Presley nos concedeu.

Como você se sentiu ao receber a notícia de que ganhou a bolsa para estudar no exterior?

Foi um sentimento indescritível. Eu estava em uma padaria em Juiz de Fora, naquele dia, que era a data prevista para divulgação dos resultados, eu atualizava a página do PPCIR a cada 2 minutos. Quando finamente o resultado fora publicado, o coração queria sair pela garganta. O sentimento foi de profunda alegria e gratidão, pois o caminho até ali teve suas pedras.

Qual é o país e a universidade em que você está estudando atualmente? O que motivou sua escolha?

Estou estudando na Universidade de Copenhagen, na Dinamarca. Minha pesquisa é sobre a obra do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Aqui na Universidade de Copenhague, no departamento de teologia, há o centro de estudos SKC – Søren Kierkegaard Research Centre. Além da obra completa, o centro possui um rico acervo de trabalhos especializados em Kierkegaard. Outra motivação que foi fundamental em minha escolha foi a oportunidade de poder viver e aprender sobre a cultura dinamarquesa, bem como a possibilidade de estudar o idioma dinamarquês na Studieskolen. O curso é oferecido pelo governo dinamarquês, sendo gratuito para os imigrantes.

Quais foram os critérios de seleção para essa bolsa e como você se preparou para o processo seletivo?

Os critérios consistiram na preparação e escrita de um projeto de pesquisa alinhado com o projeto de doutorado aprovado no processo seletivo do PPCIR e na comprovação de proficiência em língua estrangeira — o idioma irá depender do país em que o candidato for escolher.  No projeto, os critérios de avaliação foram: a aderência do projeto à área de concentração do candidato; qualidade e clareza do projeto e a relação entre o projeto e a universidade pretendida pelo candidato. A pontuação do currículo Lattes também foi considerada no processo seletivo. Desde que entrei no doutorado, eu já cogitava realizar a seleção para o doutorado sanduíche. No primeiro ano, eu li o edital e descobri que seria necessário um tempo mínimo no doutorado para poder submeter um projeto. Aproveitei aquele ano para estudar o inglês, um dos requisitos para poder fazer sua inscrição, e para aprimorar o projeto de pesquisa. Em relação à preparação, assim que o edital do PDSE 2022 foi divulgado, eu decidi que escreveria o projeto sobre um tema de um capítulo que fosse compor a tese final. Nesse sentido, tive algumas conversas com o meu orientador para discutirmos o projeto a ser trabalhado no centro de pesquisa em Copenhague. Desse modo, o projeto atenderia aos critérios de seleção, já que ele estaria vinculado à minha área de concentração, ao meu projeto de doutorado e à Universidade de Copenhague. Depois de ter conversado com o orientador, iniciei a pesquisa e as leituras para escrita do projeto, ao mesmo tempo, continuei estudando inglês e agendei o teste para o exame de proficiência. Eu optei por realizar o TOEFL ITP. Após a escrita do projeto, eu enviei ao meu orientador para que ele pudesse ler e fazer suas considerações. Também pedi para minha esposa, Maria Angélica, que também é aluna de doutorado do PPCIR, ler e fazer suas considerações, observando o que poderia ser melhorado. No que se refere aos estudos do idioma, eu realizava constantemente leituras de artigos e livros em inglês, bem como comecei a ouvir podcasts em inglês sobre os assuntos que me interessavam. Além disso, assisti a muitas aulas no Youtube e, o que penso ter sido o mais importante, fiz e refiz vários simulados do TOELF ITP disponíveis gratuitamente no Youtube. Também é preciso estar atento que, mesmo após a aprovação no processo, um critério para poder deixar o país e ir para o período sanduíche é passar pelo exame de qualificação, que consiste na escrita de um capítulo da tese, mais a entrega do projeto de doutorado. Desse modo, é preciso ter em mente que, além da preparação para o processo seletivo, é necessário articular junto com o orientador a escrita do capítulo da tese e a data para o exame de qualificação, que deverá ser antes de sua partida do Brasil. Tudo isso foi essencial em relação à minha preparação para o processo seletivo.

 

Quais são os benefícios de estudar no exterior na sua área de estudo?

Os benefícios são inúmeros; aprender a escrever e a comunicar sua pesquisa em outro idioma, tornando possível trocas de experiências e perspectivas em um ambiente internacional; aprofundar sua pesquisa em conversas com outros pesquisadores; questionar seu paradigma de pesquisa, aprimorando seu olhar em relação ao seu objeto de pesquisa; aprender o idioma do autor que estou pesquisando, o que possibilita uma leitura mais ampla e aprofundada do autor, entendendo seu contexto e cultura. Viver e aprender em outra cultura o ensina a reaprender a olhar para sua própria cultura e lugar, isso possui um valor inestimável tanto para formação do pesquisador, quanto para vida.

 

Quais são as principais diferenças que você encontrou entre o sistema educacional brasileiro e o do país em que está estudando?

As universidades na Dinamarca são públicas, sendo um país que promove a igualdade e o bem-estar social, o sistema educacional oferece equidade na formação para que todos possam ir à universidade. No Brasil, por ainda ser um país com muita desigualdade, ainda enfrentamos dificuldades no que diz respeito ao acesso à educação superior, embora, graças a políticas públicas, seja considerável o avanço que tivemos nas últimas décadas. Mas ainda temos muito trabalho pela frente, para que um dia o Brasil atinja essa equidade na formação educacional. Outra diferença muito significativa que tenho percebido é que o Brasil, através da CAPES e do CNPQ, oferece mais oportunidades de bolsas de estudos à nível de mestrado e doutorado, bem como bolsas para período sanduíche. Desse modo, o investimento na pesquisa, não apenas ajuda no desenvolvimento científico do país, como também vem a ser fundamental para uma formação de qualidade de futuros professores, o que contribui significativamente para o avanço da educação e, por conseguinte, para a diminuição da desigualdade em nosso país.

Como é a interação com outros estudantes estrangeiros e locais em seu programa de pós-graduação? Há alguma diferença cultural notável?

Há diferenças de costumes, obviamente, como alimentação e modo de interagir, bem como de perspectivas de vidas. Em linhas gerais, percebi que, devido toda nossa condição socioeconômica, somos mais ansiosos e tememos mais o fracasso, enquanto aqui eles levam a vida com mais tranquilidade, já que vivem em melhores condições sociais e econômicas. Eles sabem que se algo não sair conforme o esperado, eles terão apoio do Estado, poderão recomeçar sem muitos transtornos, não é como se toda a vida deles dependesse do sucesso ou fracasso na pós-graduação. Assim, a interação também perpassa por essas diferenças. Tendemos a andar mais preocupados, trazendo no olhar um pouco desse anseio, que pesa sobre as pálpebras, fazendo-nos parecer que estamos sempre com pressa e cansados.

Quais são as oportunidades de pesquisa que você destaca? Você participou de alguma conferência ou evento relevante para a área?

Tive a oportunidade de marcar uma reunião e conversar sobre o meu projeto de pesquisa com todos os professores aqui do Søren Kierkegaard Research Centre. Também tive a oportunidade de realizar um seminário, em que apresentei os resultados da minha pesquisa aos pesquisadores do centro. Desse modo, tive a possibilidade de receber perguntas e de discutir meu projeto com os meus colegas de pesquisa. Destaco também a participação nos workshops semanais que visam discutir textos de Kierkegaard. Além disso, ainda irei participar SKC Annual Conference, que ocorrerá entre os dias 16 e 18 de agosto. Este é o principal evento do Søren Kierkegaard Research Centre, em que se reúne pesquisadores de todo o mundo para discussão da obra do filósofo dinamarquês.

 

Como você avalia o suporte oferecido pela instituição de ensino e pelos programas de pós-graduação no exterior?

Excelente. Aqui na Universidade de Copenhague recebi todo o suporte necessário para realização de um bom trabalho. Além de disponibilizarem um espaço para trabalhar, sempre quando foi necessário, eles foram muito solícitos e ágeis ao forneceram informações, orientações e documentos. Com o cartão de pesquisador visitante que recebi da universidade, pude utilizar a impressora para fazer impressões e scanners sem limite de páginas.

Quais são os desafios que você enfrentou durante seu período de estudos no exterior e como os superou?

Quando eu cheguei na Dinamarca, era inverno. O frio aqui é rigoroso e os dias nessa época do ano são ainda mais escuros, para quem vem de um país tropical e está acostumado a ver o sol o ano todo, no começo essa mudança pode ser difícil. Você pode se sentir isolado, ser estrangeiro não é fácil; você está longe de familiares e amigos, por isso, é também um processo solitário, pois, para algumas questões, uma comunicação envolve mais do que poder compreender e falar outra língua. Você pode até ser fluente no exterior, mas continua a ser um estrangeiro, pois a língua na qual aprendeu a sentir o mundo é outra. E isso faz toda diferença, pois o significado é distinto, mesmo que a tradução seja a mesma. Assim, algumas questões podem ser difíceis de comunicar e serem compreendidas, pode até existir uma ponte, mas nem sempre somos capazes de atravessá-la sozinhos. Por isso, sempre busquei compartilhar esses momentos com amigos e familiares no Brasil. É claro que o fator biológico também implica em nosso emocional, por isso, não negligenciei o uso da vitamina D, já que recebê-la diretamente da luz solar era quase como um evento eclipse, raro de acontecer. Eu também busquei dividir minhas experiências com outros estudantes que estavam no mesmo processo, isso me ajudou a entender muitas questões e a enfrentá-las durante esse período; compartilhar é aliviar um pouco o peso para que ambos possam continuar.

Que conselho você daria para outros estudantes que estão considerando buscar oportunidades de estudo no exterior na área de Ciência da Religião?

Pesquise muito para encontrar a universidade e o orientador que sejam certos para pesquisa que está fazendo. Isso o ajudará a elaborar e estruturar um bom projeto de pesquisa que irá agregar tanto à sua pesquisa, quanto à sua formação enquanto pesquisador.  Procure conversar com o seu orientador sobre seus interesses e planos, ele o ajudará a pensar sobre possíveis caminhos para sua pesquisa. Busque ter contato com a universidade e o coorientador no exterior antes de iniciar o processo seletivo para o doutorado sanduíche. Os prazos costumam ser apertados (fique atento a eles!), esse contato prévio o ajudará quando precisar pedir a carta de convite para a universidade que pretende ir. Além disso, isso também facilitará para o coorientador escrever a carta de aceite que a CAPES exige, uma vez que ele já saberá quem você é, bem como terá conhecimento sobre a pesquisa que está desenvolvendo e que pretende continuar a desenvolver no exterior. Seja persistente e ousado; muitas vezes podemos pensar que algo não é para nós, seja pelas nossas experiências passadas, nossas desconfianças em nós mesmos ou por uma habilidade que ainda nos falte, podemos ser tentados a desistir antes mesmo de dar uma nova oportunidade para nossos sonhos, mas também podemos ser surpreendidos no futuro pela nossa escolha de não desistir. Aprender um idioma não é fácil, mas hoje há muitas ferramentas à disposição na internet para que seu aprendizado seja possível; ouse aprender algo novo, persista quando parecer impossível.  É preciso falar com as pessoas, perguntar, enviar e-mail para professores falando sobre seus interesses de pesquisa, trajetória, perguntando sobre possibilidades e oportunidades de colaboração. Receber críticas pode ser difícil, mas o crescimento pessoal nunca vem sem elas, assim, prepare a casa para recebê-las e busque acomodá-las na sua capacidade de superar. Há algo mais importante em jogo do que nosso ego. Estar disposto a sacrificá-lo será o que possibilitará esse crescimento. Ao mesmo tempo, é importante saber distinguir entre as críticas construtivas que vêm daqueles que querem ver o seu melhor, das críticas destrutivas que vêm sem nenhum propósito, estas devem ser ignoradas, por mais difícil que isso possa ser. O que pode ajudar é você se concentrar nas críticas construtivas, pois elas sempre vêm acompanhadas de auxílio, possibilidades e caminhos. O propósito delas é extrair o melhor que você pode se tornar, elas têm um sentido, acredite nele.  É necessário ter bem claro para si qual o seu objetivo e paixão, isso o ajudará a persistir quando tudo ficar turvo e confuso; é preciso ter uma luz à qual você possa olhar para se guiar nos dias em que você sentir que aquela motivação inicial está se esvaindo, mesmo que às vezes essa luz perca um pouco de sua intensidade, ela não o deixará às cegas e sem perspectivas. Durante o processo, você terá muitas responsabilidades, além das disciplinas, terá que ir atrás de vários documentos, assinaturas etc., tenha controle sobre os prazos, busque a melhor forma para se organizar. Lembre-se, nossos orientadores têm a vida agitada, além das necessidades do dia a dia e da vida pessoal, eles participam de bancas de qualificação e defesa de mestrado e doutorado, escrevem artigos, organizam e escrevem livros e capítulos de livros, lecionam em disciplinas,  fazem e corrigem avaliações, participam de reuniões, emitem pareceres, organizam eventos e palestras e etc., portanto, caso precise cobrar algo urgente (como uma carta de recomendação ou assinatura de algum documento), não hesite em lembrá-los dos prazos, evite fazer isso de última hora, eles entenderão e até irão agradecê-los por não terem os deixado esquecer. No meio de tanta correria, algo imprevisto pode acontecer, caso aconteça, não hesite em pedir ajuda e conversar com seu orientador e com coordenador do curso. Eles poderão dar o conselho certo e a força necessária para que você não desista, ajudando-o a ver o que você não está conseguindo enxergar nos momentos de dificuldade. Não avançamos sozinhos, mesmo que a solidão faça parte de nossos dias, a colaboração é uma parte essencial de quem nós somos, sendo ela nosso ponto de partida e chegada.