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Como escolhas alimentares podem alterar a resposta imunológica do corpo frente a doenças infecciosas?

Quando se fala em aumento na imunidade corporal, muitas são as receitas compartilhadas: água com limão, própolis, suplementos vitamínicos; tudo para evitar doenças e garantir uma vida saudável. Contudo, principalmente em tempos de pandemia, é preciso reforçar que não existem substâncias inovadoras que nos tornem imunes a doenças como a Covid-19. Ao nosso alcance, porém, estão decisões diárias que podem, sim, colaborar na manutenção de um estado nutricional saudável, que influencia diretamente na resposta imunológica do corpo.

 

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O Conselho Federal de Nutricionistas alerta que não existem protocolos técnicos nem evidências científicas que sustentem técnicas milagrosas, como superalimentos ou terapias nutricionais capazes de prevenir ou combater o novo coronavírus. Manter bons hábitos alimentares, rotina de atividades físicas e exposição saudável ao sol continua sendo a orientação mais adequada para o bom funcionamento do sistema imunológico, como explica a professora Maria Anete Valente, do Departamento de Nutrição do Campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV).

 

“Alguns nutrientes exercem papéis importantes na resposta do sistema imune, ou seja, auxiliam a imunidade: vitaminas do complexo B, cuja deficiência resulta na supressão da formação de anticorpos; glutamina; ácidos graxos essenciais (como o ômega 3, encontrado em peixes e linhaça); minerais como zinco (encontrado em carnes, peixes, aves, leite,  nozes e leguminosas), e selênio (antioxidante natural encontrado na castanha-do-pará, nozes e amêndoas)”, enumera a docente. Vitaminas A (encontrada em leite e derivados, ovos, vegetais de folhas escuras); C (disponível em frutas cítricas como laranja, acerola e limão) e D (que pode ser sintetizada pelo próprio organismo e também encontrada em peixes) integram a lista.

 

Ainda segundo Maria Anete, a escolha e o consumo adequado dos alimentos podem prevenir comorbidades como diabetes, hipertensão e obesidade, que são fatores de risco para complicações da Covid-19. “Todos os nutrientes podem ser obtidos pela alimentação. A suplementação será necessária se houver deficiência, que pode ser verificada por meio de exames bioquímicos, ou se o indivíduo apresentar algum quadro que demande, como cirurgia bariátrica, gestação e lactação. Inclusive a vitamina D, que tem sido bem comentada, pode ser obtida pela alimentação, somada ao contato com os raios ultravioleta”, explica.

 

Com o objetivo de disseminar informações verdadeiras à população, a Associação Brasileira de Nutrição divulgou o Guia para uma alimentação saudável em tempos de Covid-19. A publicação traz orientações sobre o planejamento das refeições, bem como dicas de armazenamento, conservação e preparo dos alimentos. Clique aqui e acesse o documento.

 

Escolhas saudáveis em meio à pandemia

Mudanças na rotina social e profissional estão entre os fatores que dificultam a adoção de escolhas saudáveis durante o período de distanciamento social. Somado a isso, um maior tempo em casa pode provocar alterações nos hábitos alimentares das pessoas, como quadros de compulsão. A professora explica que esse consumo está diretamente relacionado a um mecanismo de recompensa cerebral para situações que envolvam ansiedade, estresse, ociosidade, sobrecarga de trabalho, preocupação e tristeza.

 

“A grande maioria tem oAnotação 2020-06-16 123416 desejo de comer alimentos mais calóricos, com baixo valor nutricional, como fast foods e doces. A ingestão de carboidratos simples, principalmente doces, causa uma sensação de prazer momentâneo, por estimular, por exemplo, a produção de serotonina”. Esse momento de bem-estar, então, dá lugar à frustração, e ao sentimento de culpa. Por isso, de acordo com Maria Anete, é preciso reconhecer as emoções, evitar os conhecidos ‘beliscos’, e manter uma relação de harmonia com a alimentação.

 

A docente destaca iniciativas que podem substituir a alimentação compulsiva durante a pandemia: “outras atividades são prazerosas, como uma leitura, um filme, ou manter contato e conversar com amigos e familiares, seja por mensagens, ligações ou videochamadas”. “É preciso ter saúde em casa”, finaliza.

 

Fonte: www.ufjf.br/noticias/