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William Assis da Silva avaliou como o gosto pelo jogo sobrepõe a identificação etária nas relações entre os frequentadores do parque (Foto: Caique Cahon)

O aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, William Assis da Silva, defendeu, nesta sexta, 24, sua dissertação “O Feitiço do Jogo: sociabilidade entre homens no Parque Halfeld de Juiz de Fora”. Orientado pela professora Marcella Beraldo de Oliveira, William realizou uma pesquisa etnográfica para compreender a experiência do envelhecimento masculino e a apropriação do espaço do Parque Halfeld.

De acordo com a orientadora, Marcella Beraldo de Oliveira, a pesquisa contribui tanto para a compreensão da formação do Parque Halfeld quanto para a história e memória de Juiz de Fora. “A dissertação mostra como o espaço clássico é fundamental. Você não vai entender a cidade sem passar por esse local. A pesquisa trabalha com a construção da identidade do Parque Halfeld, assim como das pessoas que o vivenciam”, explica.

Durante o trabalho, outros temas tornaram-se relevantes para entender as relações estabelecidas no local. Segundo o mestrando, apesar da maioria dos frequentadores ser homens aposentados, é o jogo de cartas que estabelece a socialização. “Não é a identificação etária o principal elemento responsável por uni-los naquele território, mas sim o gosto pelo jogo. Dessa forma, movidos pelo prazer de jogar, pessoas de variadas idades também conseguem adentrar este território”, explica. A localização do Parque, conforme Silva, também contribui para a diversidade do público que o frequenta.

Silva observou também outras relações sociais que são responsáveis para maior participação e inclusão no grupo estudado. “Além de jogar bem buraco, fazer parte do jogo de brincadeiras que incluem piadas, gestos e provocações é um aspecto profundamente importante para uma boa relação com os outros frequentadores. É também por meio das relações jocosas que temas como a velhice, a masculinidade e a sexualidade são colocados em jogo”.

Segundo o estudante, os jogadores dificilmente se assumem como idosos. Isso está relacionado às brincadeiras que fazem parte da socialização do grupo. “Embora utilizadas de maneira bem-humorada, as representações sobre a velhice mostram-se atreladas a um sentido pejorativo e ligadas à perda de habilidades motoras ou falta de controle das emoções. Logo, recai sobre aqueles frequentadores que demoram muito para jogar, deixam cartas caírem, reclamam demais ou fazem jogadas consideradas erradas a acusação de estarem velhos”.

As discussões de temas como masculinidade e velhice ainda são caras nas pesquisas acadêmicas, de acordo com o estudante. “Enquanto existem diversos trabalhos que tratam da velhice das mulheres, são poucas ainda as etnografias dedicadas a tratar da velhice dos homens. É levando isso em conta que minha dissertação pretende, de alguma forma, contribuir para que essa lacuna possa começar a ser preenchida”, afirma.