Criada para regulamentar a liberação progressiva do uso de laboratórios de pesquisa na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a Resolução 51/2020 estipula diretrizes institucionais para a segurança de pesquisadores e a continuidade de pesquisas e serviços – tanto os realizados em combate à Covid-19, prioridade durante a pandemia, quanto os estudos experimentais para elaboração de teses e dissertações. Em vigência há cerca de nove meses, a aplicação da regulamentação possibilitou mais de 3 mil acessos a laboratórios durante a pandemia, tanto no campus sede em Juiz de Fora quanto no campus avançado em Governador Valadares.
A pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da UFJF, Mônica Oliveira, informa que a resolução foi aprovada pelo Conselho Superior (Consu) da UFJF, e os especialistas do Conselho Setorial de Pós-graduação e Pesquisa (CSPP) trabalham, contínua e regularmente, para a aprovação das submissões de acesso aos laboratórios. “Uma das qualidades da regulamentação é que ela foi discutida por todos os envolvidos: professores, coordenadores e diretores de unidades, faculdades e dos próprios laboratórios. É um compartilhamento de responsabilidades.”
A pró-reitora também explica que, para aprovar o acesso a determinado laboratório, é exigido o cumprimento de uma série de critérios. “São verificados se todos os documentos estão corretos, qual é o plano de ocupação, qual o tamanho e a dimensão do espaço, qual o número máximo de pessoas que podem ocupá-lo ao mesmo tempo, se ele atende a normas de biossegurança – como, por exemplo, se é possível aplicar a ventilação recomendada no local e se a equipe possui Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) regulares. Também são exigidos protocolos de higienização e assinaturas de termo de responsabilidade.”
ICE lidera acessos a laboratórios
De todos os acessos registrados desde que a Resolução 51/2020 passou a vigorar, o Instituto de Ciências Exatas (ICE) representa o maior volume: 66,4%. O diretor do ICE, Eduardo Barrére, relata que o instituto reúne 16 iniciativas – tanto projetos de pesquisa quanto teses e dissertações – que são classificados como Prioridade I dentro do contexto da pandemia; ou seja, são projetos vinculados direta ou indiretamente ao combate à Covid-19. “Atualmente, contamos com 142 pessoas autorizadas, principalmente ligadas aos departamentos de Química e Física.”
“A rotina teve que mudar bastante, pois as questões de logística de transporte, refeições, distanciamento, proteção e higienização, fazem com que tudo tenha que ser bem planejado e executado com muita cautela. Sem isso, não seria possível viabilizar qualquer acesso”, ressalta Barrére. “Como todo esse cenário é atípico para uma instituição de ensino superior, as ações iniciais são sempre complicadas, mas, com a colaboração de diversos agentes e coordenação direta da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa e da Pró-Reitoria de Infraestrutura e Gestão, conseguimos estabelecer os protocolos de forma a atender aos anseios de nossos pesquisadores e da sociedade.”
Autorização de estudantes da pós-graduação
Após a aprovação da Resolução 51, foi acrescentada uma alteração oficial a respeito do envolvimento de discentes da pós-graduação e estudantes de graduação ligados a projetos de iniciação científica. Uma das pesquisas contempladas com essa regulamentação específica é a de desenvolvimento de um modelo de ventilador mecânico de aplicação específica para a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (ARDS), que acomete pacientes com Covid-19 em estado moderado e grave.
“Fizemos um esforço grande para que pudéssemos continuar a pesquisa e o Conselho Setorial de Pós-graduação e Pesquisa dedicou bastante tempo em análise para aprovar essa alteração”, resume o pesquisador Exuperry Costa, envolvido na pesquisa do ventilador mecânico. O professor lamenta o atraso causado por obstáculos como o próprio cenário pandêmico e a alta do dólar, fatores que resultaram, por exemplo, na compra tardia de insumos para a pesquisa. Ao mesmo tempo, reforça o compromisso de continuar lutando pela ciência. “Acredito que a UFJF ficou mais forte no enfrentamento da pandemia. Não é mesmo o momento de baixar a guarda.”
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