Ministradas pelo pesquisador Osny Fonseca nas últimas edições do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, as oficinas de dança barroca são sempre um sucesso, com muitos participantes. Para a edição virtual do evento, este ano, o tema comparece no programa “Conhecendo as Danças do Barroco”, a ser desenvolvido nesta sexta, 27, às 20h, no canal do Centro Cultural Pró-Música no Youtube, pelo grupo Passos do Barroco, dedicado ao estudo e à prática de danças antigas.
O grupo é formado por Osny Fonseca, Raquel Aranha, Maíra Alves e Clara Couto, artistas e pesquisadores que se dedicam há muitos anos a aprofundar o conhecimento sobre as danças dos séculos XVII e XVIII e suas relações com a música do período.
Segundo a violinista Raquel Aranha, que estudou dança barroca na Holanda e na França, o programa foi preparado criteriosamente em módulos de conteúdos que exploram um panorama geral, no qual aspectos dessas danças recebem ênfase: o contexto histórico, a técnica e estética, os tratados de ensino, a notação coreográfica, e o repertório musical, entre outros. “Apresentaremos em forma de vídeo, ricamente ilustrado e com exemplos extraídos de apresentações realizadas pelo grupo, de forma a trazer para o presente as releituras dessas danças”, ressalta.
O objetivo do grupo é difundir uma prática didática que demonstra a importância e a relevância deste conhecimento sobre as danças antigas, especialmente para músicos. Ela ressalta o fato de que em todo o repertório orquestral, vocal, instrumental e mesmo o sacro do período barroco, há a presença de danças. “Portanto, se não compreendemos a arte da dança que está representada (direta ou indiretamente), se não soubermos reconhecer e enfatizar suas características (apoios, métricas, caráter, entre outros), não saímos de uma percepção superficial dessas obras, além de corrermos o risco frequente de deformá-las em nossas interpretações.”
Raquel Aranha aprova a iniciativa de garantir a edição do Festival em formato virtual. “Os eventos culturais, transmitidos de maneira on-line, ganharam um espaço sem precedência em função da adaptação necessária ao momento. É fruto de uma mudança drástica na forma de comunicação com o público, de compartilhamento de conteúdo e conhecimento. Acredito que esta nova forma de atingir a comunidade deve seguir paralelamente aos eventos presenciais, quando forem possíveis. São estratégias que se somam nas ações culturais e educativas”, destaca.
O Festival é organizado pela Pró-reitoria de Cultura e pelo Centro Cultural Pró-Música, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e se estende até segunda-feira, 30 de novembro, sempre via plataformas virtuais. As transmissões acontecem diariamente a partir das 19h, com palestra do professor de Música da UFJF, Rodolfo Valverde, destinada a fazer uma contextualização histórica do programa da noite e, em seguida, às 20h, as apresentações.
O grupo
Clara Couto é bailarina, historiadora e professora. Tem formação em dança clássica/contemporânea e integrou a “Uai Q Dança Cia”. Estudou dança barroca na França, Portugal e Suécia. É mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), em 2015, com estágio de pesquisa na França (Sorbonne-Paris IV), tendo estudado as danças e os balés de corte na França do século XVII.
Maíra Alves é bailarina e professora. Formada pela Escola Municipal de Bailados de São Paulo (2007). É bacharel e licenciada em Dança pela Unicamp (2015).
Raquel Aranha é violinista e mestre de dança. Estudou violino barroco no Conservatório Real de Haia (Holanda), e dança barroca na Holanda e na França. Vem se dedicando ao ensino dessas artes desde 2007, além de realizar pesquisas acadêmicas em torno do “balé de ação”, de Noverre. É doutora em Música pela Unicamp (2016).
Osny Fonseca é mestrando no Programa de Pós-graduação do Instituto de Artes da Unicamp; bacharel em cravo e regência e licenciado em Música pela mesma universidade. Iniciou na dança barroca em 1996 e, desde então, estuda relações entre música e dança dos séculos XVII e XVIII.