Reflexões, análises e interpretações sobre como as mulheres transexuais vivenciam suas identidades de gênero e religiosas junto ao cristianismo evangélico fundamentam a tese do antropólogo Hugo Felipe Quintela. O estudo foi realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais.
A pesquisa foi realizada ao longo de 3 anos, por meio de entrevistas, relatos biográficos e testemunhos de vida. O acompanhamento das experiências e trajetórias das mulheres trans na religião evangélica implicou no conhecimento de suas estratégias de negociação, articulações e performances de gênero neste contexto, que vão desde superar os preconceitos, até lutas judiciais para exercer seus direitos.“A partir das reivindicações em favor de uma maior visibilidade das identidades trans, tem se reclamado, ainda que de maneira emergente, espaços anteriormente vetados e inimagináveis a estas pessoas e, um desses espaços, é o religioso”, relata o pesquisador.
Segundo os estudos realizados por Hugo, os dogmas propostos pela doutrina cristã evangélica são fundamentados pelas normas de gênero, Adão e Eva, por exemplo, que representam corpos marcadamente cis heteronormativos. Mas, ao mesmo tempo, ressalta o antropólogo, a adesão religiosa não se revela uma experiência estática, pelo contrário, se transforma a partir das vivências cotidianas dos sujeitos. Dessa forma, percebe-se que, mesmo em espaços não inclusivos, as mulheres trans são capazes de desestabilizar conceitos pré-estabelecidos, lutando pelos direitos de exercer sua fé. Hugo pontua que essa luta se dá, principalmente, pelo fato delas se colocarem e se manterem nesses espaços, resistindo à invisibilidade de suas identidades: “elas não estão ali procurando uma cura, estão ali porque querem experimentar o seu religioso”.
A professora orientadora, Cristina Dias da Silva, acredita que a tese tem impacto nos debates atuais sobre a luta por reconhecimento e direitos das pessoa trans, sobretudo no tocante à religiosidade, contribuindo para a compreensão de que a diversidade sexual e identitária deve ser respeitada e incluída. “Exercer uma fé com dignidade e sem discriminações é um direito relacionado a uma cidadania completa, ampla, que inclui o próprio direito de ir e vir”, completa a docente.
Contatos:
Hugo Felipe Quintela – (Doutorando)
hugoquintela86@gmail.com
Cristina Dias da Silva – (Orientadora)
cristinabaltor@gmail.com
Banca Examinadora:
Prof.ª Dr.ª Cristina Dias da Silva – Orientadora (UFJF)
Prof. Dr. Raphael Bispo dos Santos – (UFJF)
Prof. Dr. André Sidnei Musskopf – (UFJF)
Prof. Dr. Marcelo Tavares Natividade – (UFC)
Prof.ª Dr.ª Sandra Regina Soares da Costa – (Ufes)
Outras informações: (32) 2102-6321 – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais