Na foto, estudante está com o robô “Spike”na mão, apresentado pelo professor André Marcato (Foto: Marcella Victer/UFJF)

Será que a Inteligência Artificial vai dominar o mundo? Os robôs vão se revoltar contra os humanos? Estas questões, que alimentam tanto a imaginação popular quanto debates acadêmicos, foram o foco do encontro promovido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Augusto Cerqueira, André Marcato e Leonardo Honório estiveram no Colégio de Aplicação João XXIII na última quarta-feira, 2, para conversar com os alunos sobre robótica e Inteligência Artificial (IA).

O bate papo integra o projeto de extensão “A Ciência que Fazemos”, que busca aproximar o conhecimento científico das escolas públicas de Juiz de Fora, incentivando o diálogo sobre temas de grande relevância para o futuro tecnológico.

Robôs: união da mecânica com a programação e a eletrônica 

O pesquisador Marcato, do Departamento de Energia da Faculdade de Engenharia da UFJF, iniciou a conversa com os alunos explicando as diferentes áreas da engenharia elétrica. Ele destacou a engenharia de telecomunicações, a de energia e a robótica, demonstrando como todas essas áreas se complementam no cotidiano.

“A robótica une a parte mecânica com a programação e a eletrônica. O robô é uma máquina que nós programamos”, pontuou Marcato. O pesquisador apresentou exemplos práticos, como o robô humanoide “NAO”, programado para jogar futebol, e o robô cirúrgico “DaVinci”, utilizado em procedimentos médicos.

Em seguida, ao projetar uma tela, Marcato ensinou os alunos a controlar “Spike”, o robô que circulava pelas mãos curiosas dos presentes. Logo depois, ele posicionou Spike sobre uma superfície plana e, utilizando a linguagem de programação Python, inseriu comandos que faziam o pequeno robô girar e andar. Alterando números e sinais no código, o pesquisador demonstrou o controle preciso do robô.

“A IA vai dominar o mundo?”

O pesquisador Cerqueira, também da área de Engenharia Elétrica, abordou com os alunos o conceito de Inteligência Artificial (IA) e seu papel na programação. “O ChatGPT, por exemplo, realiza uma função específica: é um robô de conversação. Ele é uma ferramenta de troca de linguagem, e a programação nada mais é do que uma linguagem”, explicou Cerqueira.

Na foto, o professor Cerqueira explica explica o que é a inteligência artificial e seu papel na programação (Foto: Marcella Victer)

Ele também destacou exemplos de IA no cotidiano dos alunos. “Uma das primeiras áreas de aplicação da IA foi nos jogos, como FIFA, xadrez e outros jogos interativos online”, acrescentou.

Já o pesquisador Leonardo Honório, do mesmo departamento, ressaltou que o ChatGPT não deve ser considerado uma fonte de verdade absoluta. “O ChatGPT nem sempre está certo, pois suas respostas dependem das interações anteriores que você teve com ele. Se você usar o programa diariamente e tratar todas as respostas como verdades, você nunca vai aprender de fato”, alertou Honório. Ele sugeriu que os alunos utilizem a ferramenta para resolver exercícios, como equações matemáticas, e depois compreendam as soluções.

Em uma dinâmica, o cientista selecionou perguntas dos alunos para o ChatGPT responder. Uma das primeiras perguntas chamou a atenção: “Vocês pretendem dominar o mundo com a IA?”. Após uma breve contextualização, a resposta do chatbot foi imediata: “Não. Definitivamente, não pretendemos dominar o mundo. Na verdade, não temos vontade ou desejo”. Honório complementou, explicando que o algoritmo de IA é projetado apenas para responder perguntas, sem intenção de ação própria.

Futuros cientistas

Marcato deixou um recado aos alunos. “É importante que vocês olhem para frente. O que vocês vão estar fazendo daqui a dez anos?”, questionou o cientista. “A gente precisa de mais jovens como vocês para estar com a gente e mudar a realidade do país, para que consigamos desenvolver produtos sofisticados como esse”, continuou.

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