Registro da visita de pesquisadores da UFJF à Escola Municipal Professora Núbia Pereira de Magalhães (Foto: Marcella Victer)

Quando estamos doentes o corpo avisa. A temperatura sobe, começamos a suar, a cabeça pesa,  tudo dói. Tem algo de errado. Os rios e lagos quando estão poluídos dão o aviso utilizando pequenos insetos aquáticos – os macroinvertebrados bentônicos – como porta-vozes. E como esses pequenos seres nos ajudam a medir o nível de poluição das águas dos rios? Para falar sobre o processo de biomonitoramento, o professor Roberto da Gama e a doutoranda Luiza Pedrosa, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), conversaram com os alunos do 7º ano da Escola Municipal Professora Núbia Pereira de Magalhães.

Os encontros aconteceram nos dias 26 de outubro e na última quinta, 9 de novembro. As visitas fazem parte do projeto de extensão “A ciência que fazemos”, iniciativa que tem o objetivo de aproximar o processo científico do cotidiano de crianças e adolescentes e humanizar a figura do cientista.

Porta-vozes das águas

A doutoranda Luiza Pedrosa relatou como uma apresentação na escola despertou seu fascínio pela natureza (Foto: Marcella Victer)

“Dependendo das espécies que encontramos, sabemos o quão poluído aquele corpo d‘água está”, explica Gama. Algumas espécies são altamente sensíveis à poluição e às alterações do habitat, enquanto outras desenvolvem adaptações que as tornam tolerantes às condições adversas. “Nós chegamos perto da nascente com uma redinha, parecida com uma peneira bem fina e observamos os pequenos animais”, esclarece Pedrosa. Depois disso, são categorizados e a qualidade da água é medida de acordo com os insetos encontrados.

O caminho até a ciência

Roberto da Gama começa o encontro lembrando de sua infância na Escola Estadual Antônio Carlos, em Juiz de Fora “A minha história começa no mesmo lugar que a de vocês: na escola pública”, revela. Lá nasceu o interesse pelo estudo da natureza e dos animais. Um livro de ciências, uma lupinha e os vastos jardins do Museu Mariano Procópio: essas foram as primeiras ferramentas de pesquisa e o primeiro laboratório do pesquisador. “Lembro que vi no meu livro de ciências um bichinho e decidi procurá-lo no museu”, recorda Gama.

Roberto Gama também abordou a importância de monitorar a poluição aquática através de pequenos seres vivos (Foto: Marcella Victer)

“Quando eu tinha a idade de vocês, aconteceu um encontro muito parecido com esse na minha escola”, lembra a doutoranda Luiza Pedrosa. “Chegou um professor na minha escola e mostrou um monte de bicho. Eu falei: eu quero estudar isso aí. E é exatamente o que eu estudo hoje.” A visita fazia parte do Projeto Manuelzão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A UFJF como possibilidade

“Como entrar na UFJF?”. Essa foi uma das maiores dúvidas dos alunos presentes. Muitas das perguntas vieram da estudante Brendha Reis. “Achei muito legal porque eles tiraram todas as minhas dúvidas”, disse. Brendha tem 13 anos e quer fazer Cinema. “Graças a esse encontro o meu sonho está de pé de novo e eu vou realizar.”

A professora de ciências de duas das turmas, Lívia Lorençato, observa que os alunos têm a ideia de que os cientistas precisam estar em um laboratório, com um jaleco e utilizando cores e fumaças para realizar um experimento. “Essa aproximação dos cientistas, faz com que eles quebrem essa ideia e vejam que se eles se esforçarem podem também ser cientistas e ajudar a explorar esse mundo enorme do conhecimento científico”, afirma.

Outras informações

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