O projeto Minas é Cinema, desenvolvido pelo grupo de pesquisa CPCine: História, estética e narrativas em cinema e audiovisual, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens (PPGACL) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em colaboração com professores e pesquisadores das Universidades Federal Fluminense (UFF) e Federal de Ouro Preto (UFOP), recebe destaque nesta segunda-feira, 24, no 19º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais na CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. O evento deste ano tem como tema Memória em Movimento. O evento teve início dia 19 de junho e termina nesta segunda.
Sob a temática da preservação, que propõe a abordagem “O futuro da preservação audiovisual começa no presente”, a participação do Minas é Cinema alinha-se a esse objetivo, contribuindo significativamente para as discussões sobre como preservar e valorizar o patrimônio audiovisual brasileiro. Segundo Alessandra Brum, coordenadora do projeto e professora da UFJF, a apresentação no evento visa mostrar o Minas é Cinema como um todo, destacando seu foco na região da Zona da Mata e os resultados alcançados até o momento.
Ainda de acordo com a pesquisadora, o convite para participar do evento partiu dos curadores da temática, José Quental e Vivian Malusá. “Isso é muito importante, pois reconhece a contribuição do projeto Minas é Cinema para o patrimônio audiovisual nacional”, destaca Alessandra. Ela enfatiza ainda a relevância da CineOP para o debate sobre a preservação do audiovisual: “É na CineOP que os principais profissionais da área se reúnem para dialogar, discutir políticas públicas e compartilhar projetos, técnicas e teorias que fortalecem a consciência da preservação de nossa memória como patrimônio.”
Marco na preservação do audiovisual
Desde 2013, o Minas é Cinema tem sido pioneiro na sistematização e divulgação de informações sobre o cinema em Minas Gerais. Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a iniciativa promove um mapeamento da atividade cinematográfica no estado, principalmente na região da Zona da Mata, cobrindo produção, exibição, distribuição de filmes, recepção crítica e publicações sobre cinema, com um recorte temporal que vai desde os primórdios (1897) até a década de 1960.
Um dos aspectos mais significativos do projeto é o desenvolvimento de um banco de dados dos filmes exibidos nos espaços cinematográficos de Juiz de Fora, cidade sede da ação. Este banco de dados foi alimentado com informações provenientes de sete salas de cinema operadas ao longo do século XX pela Companhia Central de Diversões, incluindo Auditorium, Glória, Palace, Popular, Rex, São Mateus e o Cine-Theatro Central, que é administrado pela UFJF desde a década de 1990.
Para Alessandra, por meio deste banco de dados e do Laboratório de Narrativas Audiovisuais (vinculado ao PPGACL), “o Minas é Cinema não apenas documenta a história do cinema em Juiz de Fora, mas também contribui para a formação de uma memória coletiva acessível”. Todo o acervo coletado pode ser explorado no site do projeto.
A página conta com informações sobre cinemas de Juiz de Fora e das seguintes cidades mineiras: Barbacena, Araxá, Leopoldina, Carangola, Cataguases, Muriaé, Patos de Minas, Rio Novo, Ubá e Visconde do Rio Branco.
Selo Saberes Históricos
Em maio de 2024, o projeto Minas é Cinema foi agraciado com o selo Saberes Históricos, uma distinção que reconhece as boas práticas na difusão de conhecimento histórico, por meio das mídias digitais, a um público amplo e diversificado.
O selo é concedido pelo Fórum Saberes Históricos, uma coalizão que reúne representantes de instituições como: Associação Nacional de História (Anpuh), Associação Brasileira de Ensino de História (Abeh), Associação Brasileira de História Oral (ABHO), Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC), Rede Brasileira de História Pública, Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC), Rede de Historiadores e Historiadoras LGBTQIA+ e Associação Nacional de História do Trabalho. O objetivo com a outorga do selo é ajudar o público em geral a identificar produtos que promovam os princípios éticos da disciplina histórica e os valores democráticos da sociedade brasileira.
“Diante do avanço da extrema direita no Brasil, que se utiliza de mecanismos que falseiam a realidade e o conhecimento histórico, o selo ajuda o público em geral a identificar um projeto comprometido com os preceitos democráticos”, afirma Alessandra Brum. Para a professora, a concessão do selo reconhece o Minas é Cinema como exemplo de comprometimento com a ética na produção e disseminação do conhecimento histórico.
Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP
A CineOP é realizado desde 2006, com a intenção de considerar o cinema um patrimônio cultural em constante intercâmbio com o mundo. Anualmente, reafirma seu compromisso como um empreendimento cultural dedicado à reflexão e à defesa do vasto e rico patrimônio audiovisual brasileiro. A estrutura da programação é organizada em três temáticas principais: preservação, história e educação. O evento conta com homenagens, exibições de filmes brasileiros e internacionais em formatos variados – longas, médias e curtas -, além de oficinas, debates, seminários, mostra de cinema, sessões cine-escola e atrações artísticas. Também integram a programação o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: Fórum Rede Kino.
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