A comunicação das pessoas com deficiência através das redes sociais foi objeto de estudo de discentes do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora. E a iniciativa rendeu bons frutos: o artigo “A comunicação da Pessoa com Deficiência e de seus familiares por meio de redes sociais digitais à luz da teoria das práticas” foi premiado como o melhor trabalho da área Marketing no XV Congresso de Administração, Sociedade e Inovação.
Durante o desenvolvimento do estudo, as autoras Gabriella Soares Pinto e Karoline Pinheiro da Costa entrevistaram 11 Pessoas com Deficiência (PcD) e seus familiares. Os resultados indicam que a prática de comunicação nas redes sociais digitais vai além da mera troca de informações; o celular é um elemento material desta prática que simboliza a inclusão da PcD tendo significado expressivo para suas vidas. Para a PcD, a comunicação nas redes sociais digitais é um meio de trabalhar, estudar, interagir e se entreter, e para seus familiares é um meio de compartilhar a superação de seus filhos, inspirar e defender a causa da PcD.
“O trabalho foi uma experiência única; as conversas com pessoas PcD’s e seus familiares fizeram perceber como são grupos tão ativos nas redes sociais digitais, mas, infelizmente, invisibilizados nas redes. São pessoas que, para além do ativismo da causa PcD, usam as redes sociais digitais para o lazer, fazer compras, consumir músicas e vídeos, para trabalhar, comunicar com amigos e produzir conteúdo de qualidade. Enfrentam desafios também, pois as redes sociais ainda não possuem componentes que garantem a acessibilidade para eles, e considero isso um ponto crucial a ser abordado com mais ênfase em pesquisas, desenvolvimento de sites e redes sociais. Estamos mesmo garantindo o acesso para todos? É algo a se refletir e dar mais voz a causa, buscar entender mais olhar e os empecilhos enfrentados por eles”, comenta a estudante e coautora da pesquisa, Gabriella Soares Pinto.
A pesquisa se vincula à linha de pesquisa da vulnerabilidade no âmbito do Grupo de Pesquisa Empreendedorismo e Desenvolvimento Territorial, formado por professores da administração, que têm realizado projetos de pesquisa e extensão com o objetivo de entender a vulnerabilidade no consumo e nos negócios.
Coordenadora do projeto de iniciação científica que norteou o artigo, a professora Stela Corrêa, do Departamento de Administração, avalia a relevância da pesquisa e comenta com orgulho o resultado do empenho das estudantes. “A pesquisa deu voz à PcD e seus familiares, e mostrou a finalidade pela qual a PcD e seus familiares acessam as redes sociais digitais. Com isso, a pesquisa aponta a necessidade do estabelecimento de uma rede social cada vez mais acessível favorecendo a inclusão da PcD no ambiente digital, sua ação ativista a favor da causa da PcD, e o seu acesso à educação, trabalho e entretenimento, conforme narrado pelos entrevistados. Ao abrir esses espaços de pesquisa, a UFJF contribui para a inclusão do tema vulnerabilidade na formação do discente, notadamente do discente de administração, proporcionando a ele uma visão mais humanitária das pessoas com as quais interage”.