Evento reuniu lideranças políticas, organizações públicas e comunidade. (Foto: Gabriella Moura)

Instituições públicas, representações políticas, advogados e comunidade do vale do Rio Doce se reuniram na última quinta (4), em audiência pública realizada em Governador Valadares. O evento teve como objetivos discutir os impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015, e apresentar as consequências do desastre no cotidiano dos atingidos. O campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) esteve representado pelo diretor-geral, Ângelo Denadai, que destacou os riscos advindos da contaminação da água e pleiteou investimentos necessários na região do Vale do Rio Doce.

Denadai comentou consequências do rompimento da barragem e apresentou pedidos de intervenção. (Foto: Gabriella Moura)

“Muitos problemas de saúde em decorrência do contato com a água contaminada só serão identificados no futuro. Como, então, quantificar os danos causados pela exposição a elementos químicos como arsênio, cromo, bário, liberados no meio ambiente ao longo do tempo?”, questionou Denadai.

Na sequência, o diretor ressaltou os impactos causados pelo rompimento na comunidade acadêmica da UFJF-GV e pleiteou aplicação de recursos na região que abriga a Instituição. “Como consequência, a Universidade ficou paralisada por quase dois meses, não por falta de água, mas pelos obstáculos impostos no nosso calendário, que dificultaram a retomada das atividades”, e reforçou: “Se existe algo que servirá para as futuras gerações e vai gerar repercussão para a formação dos nossos filhos e netos é a educação. Faço aqui, então, o pedido para que haja intervenção de representações do governo na infraestrutura do nosso campus em GV”.

“Muitos problemas de saúde em decorrência do contato com a água contaminada só serão identificados no futuro” Ângelo Denadai, diretor da UFJF-GV

Também durante o encontro, representantes de organizações como o Movimento dos Atingidos por Barragens e o Centro Agroecológico Tamanduá compartilharam experiências de apoio às comunidades impactadas. Na ocasião, lideranças das comunidades atingidas ainda relataram imbróglios financeiros, burocráticos e sociais que vivenciam há quase oito anos, quando a bacia hidrográfica Rio Doce, que antes representava fonte de recursos e renda, foi contaminada por rejeitos de mineração.

A audiência pública foi organizada pela Comissão de Acompanhamento do Acordo de Mariana, instituída pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Antes da reunião, a comitiva formada por deputados, representantes do Governo Federal, lideranças comunitárias e organizações de apoio aos atingidos visitou localidades nos municípios de Aimorés e Governador Valadares para conhecer a situação atual dos moradores.

Segundo o presidente da Comissão, deputado Ulysses Gomes, a ação buscou verificar a realidade dos atingidos, para que, de fato, haja uma reparação justa, a partir das necessidades das comunidades.