O campus da UFJF se destaca por possuir alguns fragmentos de Mata Atlântica (Imagem: Leandro Mockdece)

A Universidade Federal de Juiz de Fora está entre as atrações turísticas da cidade de Juiz de Fora. Afinal, além de servir à comunidade para lazer e realização de atividades físicas, o campus também encanta os olhares dos visitantes, sobretudo pelo seu paisagismo e sua flora. Muitos dos exemplares de árvores disponíveis têm uma grande importância ecológica. Para aproximar as pessoas que circulam pelo campus dessas espécies foi lançado o livro digital “Guia ilustrado: principais espécies arbóreas da Universidade Federal de Juiz de Fora”. 

Publicado pela Editora da UFJF, o e-book está disponível gratuitamente para download e é resultado de diversas pesquisas realizadas na Universidade. A partir de 2010, a equipe do Laboratório de Ecologia Vegetal, do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), iniciou uma série de inventários da vegetação nos fragmentos florestais do campus da UFJF. Com metodologia padronizada, em termos de tamanho e número de parcelas, eles possibilitam o estudo e a comparação das comunidades arbóreas. Até o momento já foram catalogados seis fragmentos de matas: a do ICB; a de pinheiros da Reitoria; a do Lago dos Manacás; a da “candeia” da Faculdade de Farmácia; Embrapa; e a da Faculdade de Educação Física.

Clique na imagem para ter acesso ao e-book (Imagem: Reprodução)

Grande parte da Mata Atlântica da microrregião de Juiz de Fora foi devastada para transformação em pastagens, cafeicultura e urbanização. Embora a cidade de Juiz de Fora ainda apresente muitas florestas em regeneração, poucas são as áreas para uma efetiva conservação florestal. De autoria de Monize de Paula, Thiago da Fonseca e Fabrício Carvalho, a expectativa é que o guia possa servir como material complementar para o estudo, conservação e recuperação das florestas urbanas de Juiz de Fora e região. 

“A UFJF se destaca por possuir alguns fragmentos de florestas com diferentes históricos de regeneração. Nossas pesquisas já identificaram mais de 110 espécies de árvores, além de outras 80 espécies em fase de identificação botânica”, ressalta Monize de Paula, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Biodiversidade da Universidade Federal de Uberlândia. 

Tais fragmentos representam um recurso precioso para a melhoria da qualidade de vida na cidade, possuindo diversas utilidades e fornecendo benefícios ambientais, socioculturais e econômicos. A manutenção dessas florestas pode contribuir para diversos benefícios, como conservar a diversidade de espécies e promover a melhoria do microclima local, bem como da aparência dos ambientes circundantes. Historicamente, o terreno da unidade da UFJF era uma fazenda com predomínio de pastagens. Com o objetivo de urbanizar a área, na década de 1960, foi implantado o plantio de pinheiros e eucaliptos nas bordas das pistas de veículos e no centro da localidade. 

Segundo o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Fabrício Carvalho, “foram mais de 3000 árvores amostradas e estudadas. Deste conjunto, selecionamos as 30 mais importantes em termos de número de indivíduos, porte e frequência (locais de ocorrência), além daquelas mais visíveis aos frequentadores do campus.” 

Detalhamento

Exemplar de Flamboyant chama atenção por suas flores vermelhas alaranjadas (Foto: Alexandre Dornelas)

Para cada espécie, são apresentadas, no mínimo, quatro imagens, que podem incluir: a árvore, o tronco, as flores ou inflorescências, as folhas, os frutos, entre outros detalhes que auxiliam na sua identificação. As informações botânicas e ecológicas variam de acordo com as espécies, sendo que a maioria delas possui um conjunto básico de informações referentes a: nome científico e popular; família a qual a espécie pertence; forma em que se apresenta; características do tronco, folhas, flores, frutos e sementes; período de floração e frutificação; substrato ao qual se encontra; origem; status de conservação; endemismo; distribuição geográfica; grupo sucessional; domínios fitogeográficos; tipo de vegetação; detalhes sobre produção de mudas e germinação das sementes; e suas principais utilizações. 

Também foi elaborado para cada espécie um mapa de distribuição considerando a sua ocorrência nos estados brasileiros. Ao final do guia, consta um glossário de termos técnicos e uma prancha com ilustrações botânicas para facilitar o entendimento das terminologias utilizadas.

Diversidade 

Floresta de pinheiros próxima à Reitoria promove sombra para os visitantes do campus (Foto: Alexandre Dornelas)

Quem passa próximo ao prédio da Reitoria já deve ter notado uma árvore repleta de flores em tons que vão do vermelho ao laranja. Ela é uma das espécies descritas no e-book, cujo nome científico é Flamboyant Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. (Flamboyant), mas conhecida popularmente como flamboyant. Originária de Madagascar, África, trata-se de uma espécie não avaliada quanto à ameaça, não sendo endêmica do Brasil. 

Outra árvore que também tem destaque na área central do campus é a Pinaceae Spreng. ex F.Rudolphi, ou o popular pinheiro-americano. Podendo chegar a 30 metros de altura, essas árvores são muito utilizadas em reflorestamentos e na construção civil e mobiliários, devido à sua madeira ser considerada resistente, durável e versátil.  

Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU

As ações de pesquisa da UFJF estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A pesquisa citada nesta matéria se alinha aos ODS 11 (Cidades e comunidades sustentáveis) e 15 (Vida Terrestre). 

Confira a lista completa no site da ONU.

Outras informações:

Editora UFJF

Guia Ilustrado: principais espécies arbóreas da Universidade Federal de Juiz de Fora