A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou, nessa terça-feira, 30, a segunda colação de grau presencial no Cine-Theatro Central, após dois anos de excepcionalidade por conta da pandemia da Covid-19. Ao todo, mais de cem concluintes dos cursos de Administração, Administração Pública, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Direito, Jornalismo, Psicologia, Serviço Social e Turismo puderam celebrar o momento com amigos e familiares.
Confira o álbum de fotos da cerimônia
A cerimônia foi marcada por abraços e sorrisos, sem a obrigatoriedade do uso da máscara, devido à situação epidemiológica estável da cidade de Juiz de Fora. O repertório do Coral da UFJF adicionou o tom festivo à solenidade, que apresentou ao público os novos profissionais formados pela instituição.
Os discursos da noite foram marcados pela defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade e pelo seu papel na transformação de vidas. A oradora e formanda do curso de Serviço Social, Mariana Peres, destacou a importância do investimento em auxílios estudantis para que haja mais oportunidades de acesso: “É hora de lutar pelos que virão, por uma universidade popular, com acesso universal e condições concretas de assistência estudantil. Somos mais de cem hoje, mas sabemos que poderíamos ser muito mais que esse número”.
No dia seguinte à comemoração dos dez anos da Lei de Cotas, a colação de grau reforçou a importância das políticas de democratização do ensino superior. A UFJF foi a primeira instituição mineira a aderir ao sistema de cotas, aprovada pelo Consu em 2004, e teve os primeiros estudantes cotistas ingressando em 2006.
A vice-reitora da UFJF, Girlene Alves da Silva, apontou o esforço da instituição para garantir a permanência dos estudantes e a diversidade. “Celebrar este momento de colação de grau é também reforçar que, mesmo durante a pandemia, a UFJF não parou e continua formando profissionais de qualidade e comprometidos com a sociedade. Fomos a primeira universidade de Minas Gerais a implementar o sistema de cotas. Aprimoramos os nossos processos para que quem precisa, de fato, tenha acesso à educação pública.”
Tradicional e muito concorrido, o curso de Direito da UFJF, antes das cotas, poderia ser um desafio grande demais para estudantes de escola pública e negros. Hoje, o perfil dos acadêmicos do curso é mais diverso, e torna possível a realização de sonhos. Filha de mãe solo e ingressante da UFJF pelo sistema de cotas, Giovana Gomes é a primeira de sua família a concluir o ensino superior. “Estou muito feliz e satisfeita, por ter passado por muita coisa e ter chegado até aqui, mesmo com as barreiras enormes que nós temos no caminho. Isso representa muito para mim e para a minha família.”
Exemplo semelhante é da colega Thaís Santiago Fernandes que também entrou pelo sistema de cotas. “Estou me sentindo realizada. Chegar aqui foi muito difícil, foi muita luta. A pandemia chegou e nos deu uma baqueada, mas aguentei firme e hoje estou me formando. É um orgulho muito grande para mim e para a minha família ser a primeira pessoa da minha família a me formar em uma universidade federal e a ocupar o meu espaço no Direito. As pernas chegam a tremer de tamanha alegria.”
Para Natanael Santos da Costa, de Pindamonhangaba (SP), o acolhimento e as políticas de assistência estudantil foram determinantes para sua permanência no curso: “Eu contei o meu tempo aqui e foram seis anos, 152 dias e 17 horas esperando por esse momento. Passei por duas universidades e agora estou me formando. Agradeço à UFJF porque tive bolsa durante todo o período em que estive aqui e isso me ajudou muito a finalizar este ciclo e começar novos que estão por vir”.
Emoção e superação
Único formando do curso de Administração Pública a distância, Luiz Gonzaga Dias de Mendonça, de 70 anos, se emocionou ao lembrar de sua trajetória de dez anos na UFJF, marcada por muitas dificuldades e desafios impostos pela vida. “Não tenho palavras para expressar o quanto estou feliz e grato por está me formando hoje. Minha matrícula é de 2012, mas eu passei por problemas de saúde que me impossibilitaram de estudar por um tempo. Tranquei a faculdade por quase três anos por conta do transplante de medula que precisei ser submetido e depois voltei em 2019 para continuar o curso. Eu sempre amei estudar e hoje eu consegui chegar. Agora é continuar realizando o meu sonho.”
Próxima cerimônia e diploma
Neste semestre, a UFJF realiza duas colações de grau unificadas. A cerimônia realizada na terça-feira, 30, reuniu os concluintes do ciclo do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Os formandos dos demais cursos deverão aguardar a confirmação da data da próxima colação.
Por determinação do Ministério da Educação (MEC), a UFJF passou a expedir diplomas digitais. Os documentos serão disponibilizados progressivamente e, à medida que forem feitos, os alunos serão orientados acerca de como acessá-los pela Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara). As declarações de conclusão de curso já estão disponíveis no Siga.