Com um trabalho que privilegia a terceira dimensão, lançando mão da profundidade para fazer com que a obra se lance além da base que a abriga, o artista plástico fluminense Edmundo Schmidt volta a expor na Galeria Espaço Reitoria, no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A mostra “Ecos”, com início nesta quinta-feira, 11, traz esculturas em madeira e colagens a partir de ladrilhos, azulejos, cortiças e pedaços de árvores, além de outros materiais considerados pouco usuais. 

Serpente é uma das 30 peças da série em exposição, em que o artista plástico Edmundo Schmidt busca surpreender o público com materiais, colagens, cores e formas (Foto: Divulgação)

A preocupação com o meio ambiente e a ideia de se valer da reciclagem está presente na proposta do artista, a partir do uso de peças de demolição, possibilitando um novo uso a algo que estaria destinado ao descarte. Autodidata, Edmundo Schmidt trabalha manualmente os elementos de composição, do início da coleta dos materiais à finalização das peças, muitas vezes fazendo uso de ferramentas manuais e elétricas para a sua execução. 

A exposição coincide com os 50 anos de sua formatura pela UFJF, onde se graduou em Engenharia Civil. De lá para cá, exerceu a profissão como consultor em várias cidades do Brasil e do exterior, até voltar para Juiz de Fora, onde fixou residência, iniciando e mantendo ativo seu ateliê artístico, espaço reservado também à realização de peças utilitárias de marcenaria, como mesas e cadeiras, além de objetos de decoração.

O artista ressalta que em todos os seus trabalhos busca surpreender o público, sem a repetição de temas e ideias. “Procuro sempre um fator inusitado para apresentar uma nova série”, diz, destacando sua predileção por cores, tons e contrastes bem marcados. Em vermelho, “Colagem Bordeaux”, e, em azul, “Gota”, estão entre as obras que apresenta na atual exposição. No total, são 30 peças em dimensões diversas.

Experimento promissor
O quadro “Circuito” é exceção ao uso da madeira que caracteriza a exposição, apresentando engrenagens metálicas de máquinas e correntes de bicicleta, eixos rotativos reaproveitados para representar os mecanismos das rotinas de trabalho, de tempo e da própria vida humana. “Para mim, remete aos caminhos que habitualmente tomamos, repleto de curvas e viradas e que, volta e meia, fecham um circuito, voltando ao ponto de partida e recomeçando. Mas também reflete as engrenagens da vida”, conta.

“Não considero “Circuito” uma mudança de trajetória da minha obra, apenas um experimento, que de vez em quando tento fazer. Tal qual as esculturas de parede, como a “Trapizonga” e a “Pinha”. Às vezes tento coisas diferentes, como a obra “Tempos Quase Modernos”, uma visão minha de um passado recente, que não incluí na exposição por achar diferente demais das outras “. 

O quadro “Circuito” é exceção ao uso da madeira que caracteriza a exposição, apresentando engrenagens metálicas de máquinas e correntes de bicicleta, eixos rotativos reaproveitados para representar os mecanismos da rotina de trabalho, de tempo e da própria vida humana (Foto: Divulgação)

Cores e formas
Os trabalhos em madeira trazem títulos sugestivos, como “Autofagia”, “Serpente”, “Medusa”, “Arranha-céu”, “Veneziana”, “Pinha”, “Círculos”, “Breu”, “Revertério”, “Metrópolis”, “Espinhaço” e “Espetada”. O artista também faz suas interpretações para “Vulcão”, “Triângulos”, “Azulão”, “Gaivotas”, “Berta”,  “Espinha”, “Borda preta”, “Vista aérea”, “Engrenagem”, “Minas”, “Simetria”, “Envolvente” e “Verde”. 

O artista conta que a inspiração para “Berta” veio do dinamarquês Thomas Dambo, com base no ogro gigante montado pelo escultor com madeira recuperada na floresta de Schore de Boom, na Bélgica. A execução da peça de Schmidt se deu a partir de centenas de peças finas pintadas em esmalte, tendo uma base de MDF como apoio. Em “Serpente”, a ideia foi criar uma peça multicolorida a partir de uma montagem que simula uma cobra preparando o bote. A técnica foi a mesma utilizada em “Berta”.

Desde a série “Janelas”, apresentada na Galeria Espaço Reitoria, em 2018, o artista seguiu participando, em 2021, da coletiva virtual “Empoderamento na Arte Pandêmica”, no site da Inn Gallery, de São Paulo, tendo realizado presencialmente, em 2022, uma individual para o Centro Cultural Yves Alves, de Tiradentes, cidade onde mantém várias obras expostas em espaços alternativos. 

A exposição será inaugurada nesta quinta-feira, 11, às 19h, e fica aberta ao público, com entrada franca, de segunda a sexta, das 8h às 18h, até 5 de setembro.

Outras informações
(32) 2102-3964