Adjacente ao prédio da Escola de Artes Pró-Música foi instituída a Casa Helenira Preta, agora vinculada à Faculdade de Serviço Social (Foto: Divulgação)

O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aprovou resolução que trata dos princípios, da gestão e do funcionamento da Casa Helenira Rezende (Helenira Preta). A instituição ocupa as instalações adjacentes à Escola de Artes Pró-Música (que, por sua vez, passou a ocupar o casarão histórico em que ficava a antiga Casa de Cultura). A Casa Helenira Preta abriga ações de extensão vinculadas à Faculdade de Serviço Social. 

Segundo a diretora da Faculdade de Serviço Social, Alexandra Eiras, programas de extensão são desenvolvidos no local desde a década de 1990. “A intenção de gestão do espaço sempre foi direcionada a projetos interdisciplinares, a programas da universidade que envolvessem diferentes setores e unidades acadêmicas. Os programas de extensão são desenvolvidos e coordenados por professores da Faculdade de Serviço Social, com a participação de professores de outras unidades”, afirma Alexandra. 

De acordo com a resolução do Consu, as instalações da Casa Helenira Preta incluem um edifício de dois andares com catorze salas, anfiteatro com capacidade para 50 pessoas e espaço para estacionamento. A Casa fica situada à Rua Severino Meirelles, 260 – Altos dos Passos. O acesso também pode ser feito pela Avenida Barão do Rio Branco, 3372 – Centro. 

Ainda na avaliação de Alexandra Eiras, a reorganização garantirá uma otimização do espaço ocupado pela Casa Helenira Preta e assegurar a preservação do casarão histórico, que agora é administrado pela Pró-reitoria de Cultura. 

“Nós também temos a intenção (prevista em resoluções do Consu) de desenvolver atividades conjuntas com públicos dos dois espaços. Está no horizonte, por exemplo, a integração de atividades desenvolvidas pela Escola de Artes Pró-Música com atividades desenvolvidas pela Casa Helenira Preta. É uma avaliação positiva que a gente faz nesse momento de alteração na gestão dos espaços e também de possibilidades de integração de ações”, reitera Alexandra. 

Atualmente, a Casa Helenira Preta abriga três projetos de extensão: o Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre processos de envelhecimento, a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop) e o Centro de Referência LGBTQI+. 

Polo sobre o Processo de Envelhecimento

Existente desde 1991, o “Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre processos de envelhecimento”, anteriormente conhecido como “Universidade com a Terceira Idade”, atende idosos de variadas faixas etárias, com foco no resgate da autonomia e na melhoria das relações intergeracionais, além de desenvolver produção científica sobre o envelhecimento. 

Como destaca a professora da Faculdade de Serviço Social e coordenadora do projeto, Estela Saléh da Cunha, de acordo com o Censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 13,62% da população juiz-forana é formada por pessoas com mais de 60 anos, percentual superior ao de Minas Gerais e ao nacional (11,8%), o que indica a necessidade de o município se preparar para o enfrentamento das questões decorrentes do envelhecimento. 

“O programa tem diversos projetos de extensão, que estão vinculados a ele, como o ensino de línguas estrangeiras e o treinamento de habilidades sociais. Anualmente nós atendemos cerca de 500 idosos, que chegam até o programa a partir da divulgação das atividades. Também realizamos um trabalho de nucleação para os bairros de Juiz de Fora, em especial no Dom Bosco, em parceria com o Grupo Espírita Semente”, conta a coordenadora. 

O polo segue realizando suas atividades ao longo da pandemia, de maneira remota. E agora se prepara para o retorno presencial, planejado para o segundo semestre de 2022. A abertura das inscrições será realizada em breve e divulgada nas redes sociais (Facebook e Instagram) do Polo do Envelhecimento. De acordo com Estela Saléh, será dada prioridade às pessoas que se inscreveram em projetos no ano de 2019, tendo em vista participar dos projetos em 2020. As vagas remanescentes serão disponibilizadas para idosos de Juiz de Fora, de forma geral.

Intecoop

Reunião extraordinária do fórum municipal de economia solidária  na sede da Intecoop

A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (Intecoop) é um projeto de extensão que atua na assessoria a coletivos de trabalhadores autogestionários (como associações e cooperativas) que geram renda por meio da produção e oferecimento de serviços. Entre os trabalhadores contemplados pela iniciativa estão movimentos sociais de economia solidária e trabalhadores sem terra, que produzem alimentos para comercialização. 

De acordo com a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia de Souza Coimbra, a Intecoop é articulada à Proex e reúne na Casa Helenira Preta, estudantes e professores de diversas áreas da Graduação e da Pós-graduação, como Serviço Social, Comunicação e Administração. De acordo com as necessidades dos coletivos, as áreas do conhecimento que podem ser contempladas são localizadas na Universidade. 

“Os coletivos de trabalho, como associações e cooperativas, possuem toda uma formatação jurídica na sua criação, que determina também que os participantes desses espaços incorporem medidas como o trabalho democrático, a decisão coletiva e a capacitação profissional constante, que vai desde o planejamento e gestão do negócio, até as suas vendas e também a apresentação dos seus produtos e serviços para a sociedade. A incubadora, então, é um ambiente em que diferentes áreas do conhecimento oferecem apoio a esses coletivos e também a redes de comercialização que congregam essas iniciativas, procurando fortalecer um contexto de acesso a um direito que é fundante, que é o direito ao trabalho”, afirma a pró-reitora de Extensão. 

Feira promovendo a Economia Solidária com os integrantes incubadora

A Intecoop começou suas atividades em 1998 (com um hiato entre 2014 e 2016). Interessados em realizar parcerias com a incubadora precisam entrar em contato com o pessoal da Casa Helenira Preta, que repassa a demanda para a equipe do projeto. 

CeR LGBTQI+

O Centro de Referência de Promoção da Cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queer e Intersexos (CeR LGBTQI+) começou suas atividades em agosto de 2019, tornando-se um projeto de extensão em março de 2020. A iniciativa realiza atendimento psicossocial e de defesa de direitos humanos de pessoas LGBTQI+, com prestação de apoio jurídico, acolhimento de denúncias de violações de direitos ou violência, orientação quanto ao processo de retificação civil de nome e gênero e também quanto ao processo transsexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS) local, entre outras frentes de trabalho. 

Reunião dos integrantes do CeR-LGBTQI+ na Casa Helenira Preta

O projeto foi uma das entidades de Juiz de Fora que assinou o Plano Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos da População LGBTQIA+, política pública encabeçada pelo projeto de extensão, em parceria com outras instituições locais que atuam na defesa dos direitos humanos.  

“O CeR-LGBTQI+ vem se constituindo através de parcerias com diversas pessoas, ativistas, coletivos, entidades e instituições públicas e privadas, além de estudantes de graduação e pós-graduação, todos inseridos com bolsas, ou na modalidade de voluntários, para desenvolver ações permanentes de defesa dos direitos humanos e na garantia de políticas públicas de promoção da cidadania de LGBTQI+”, afirma o coordenador do projeto e professor da Faculdade de Serviço Social, Marco José de Oliveira Duarte. 

As atividades presenciais do Centro de Referência foram retomadas na Casa Helenira Preta, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Toda primeira segunda-feira de cada mês, às 19h, o projeto realiza uma reunião em que diversos assuntos são abordados. A iniciativa está presente no Instagram, no YouTube e no blog. O e-mail é cer.lgbtqi@gmail.com

Quem foi Helenira Preta?

O nome da Casa Helenira Preta foi eleito por meio de um concurso que envolveu a comunidade acadêmica e faz homenagem à militante e desaparecida política Helenira Resende de Souza Nazareth, chamada também pelo apelido “Preta”. Nascida na cidade de Cerqueira César (SP), Helenira estudou Letras na Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL – USP). Após a instituição do Ato Institucional número 5 (AI-5), a jovem entrou para a clandestinidade. Segundo o Relatório Arroyo, durante a Guerrilha do Araguaia em 1972, Helenira Resende teria encontrado tropas das Forças Armadas. Ela atirou nos militares com uma espingarda e foi atingida por uma metralhadora. Depois disso, ela teria sido presa e torturada até a morte. 

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Serviço

Casa Helenira Rezende (Helenira Preta)

Telefone: (32) 3215-4694

E-mail: casa.helenirarezende@ufjf.br