O projeto Cidades Inteligentes, do Time Enactus UFJF, foi um dos 48 selecionados para a segunda fase do concurso internacional Race for Climate Action (Races). A rede global Enactus, organização sem fins lucrativos, reúne estudantes, professores e líderes executivos em ações empreendedoras com viés social, econômico e ambiental. Ao todo, 72 equipes de 16 países enviaram seus projetos para a fase inicial, foram 91 projetos. Todos os times Enactus do mundo participam do concurso com ações que buscam saídas para o meio ambiente, em consonância com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Cidades Inteligentes atua junto a comunidades do entorno do campus e oferece aos moradores desses locais conhecimentos sobre compostagem e produção sustentável. Segundo a coordenadora do Time Enactus UFJF, Priscila Capriles, a população é orientada na criação de hortas comunitárias adubadas de forma sustentável, com composteiras de material orgânico produzidas localmente – o lixo orgânico vai para as composteiras e o resultado da decomposição do material é usado como adubo nas hortas.
“As pessoas começam a ter consciência da importância da preservação do meio ambiente e a entender os prejuízos que o desperdício e o descarte não sustentável de lixo causam ao meio ambiente. Podemos notar uma diminuição da produção de lixo orgânico e de sua exposição no ambiente. Também percebemos uma preocupação com uma alimentação mais saudável e a inclusão de alimentos que não eram consumidos pelas pessoas no dia a dia. Além de um aprendizado maior sobre as plantas regionais e as plantas alimentícias não convencionais, as chamadas PANCs”, destaca Priscila.
Para a estudante de Nutrição e assistente da presidência do Time Enactus UFJF, Kênia Felipe, o resultado alcançado é muito gratificante, demonstra que o grupo está no caminho certo e é um sinal de solidez do projeto. Segundo a jovem, que ocupou o cargo de PO (Product Owner, líder da equipe) do Cidades Inteligentes em 2021 e participou da inscrição do projeto no concurso internacional, o grau de envolvimento da comunidade é algo a ser notado.
“A Aban (Associação dos Amigos), nossa parceira, fica no bairro Dom Bosco, pertinho da Universidade, e muitas pessoas de lá nunca tinham entrado no campus. É nítido que a nossa presença ali é muito importante, como uma ligação entre comunidade e a UFJF. Isso fica muito claro nas nossas visitas, no nosso dia a dia”, avalia.
Oportunidade de crescimento pessoal e profissional
As experiências vividas pelos jovens no âmbito do projeto Cidades Inteligentes representam oportunidades de crescimento também para os estudantes. Na avaliação de Kênia Felipe, é difícil dizer se a evolução é maior no campo profissional ou no pessoal. Entre essas experiências, está a busca por parceiros internos e externos, como o Núcleo Juiz de Fora dos Engenheiros sem Fronteiras (ligado à Faculdade de Engenharia da UFJF), a Associação dos Amigos (Aban) e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
“Para fazer o projeto acontecer em um cenário tão difícil como o da pandemia, tivemos que buscar parceiros e isso acaba desenvolvendo um networking na cidade. E como a Enactus é multidisciplinar e interdisciplinar, nós, estudantes, trabalhamos juntos. Lidar com colegas de outros cursos também é muito agregador, porque passamos a ter uma visão mais holística de como os processos acontecem, como as coisas se dão na prática”, afirma.
O estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária, Thiago Botti, também foi PO e um dos projetistas (membros da equipe) que inscreveram o projeto na Race for Climate Action. Para ele, a entrada no concurso internacional é “desafiadora”. Depois de participar do projeto, o jovem acredita que a questão ambiental deve ser acessível a todos. “É essa importância que nós tentamos trazer durante nossos encontros dentro da trilha da sustentabilidade. No projeto, eu tive oportunidade e autonomia de decisão para botar em prática temáticas que estudei sobre sustentabilidade, educação ambiental e compostagem. Quando paramos pra pensar tudo que conseguimos desenvolver em uma época de pandemia e como isto ajudou a comunidade, ficamos maravilhados”, reflete.
A atual PO do Cidades Inteligentes é a estudante de Biologia, Mariana Brandi. Para ela, ser do Time Enactus é uma experiência única dentro da UFJF. “É motivador ver uma rede mundial composta por estudantes trabalhando pelo desenvolvimento de projetos sobre ODS e empreendedorismo social. Conseguimos estar em contato com os times de todo o Brasil e do mundo, além da oportunidade de apresentar nosso trabalho para investidores e participar em competições internacionais”, avalia.
A visão é consonante com a da estudante de Engenharia Civil, Laura Coura Soranço, projetista do Cidades Inteligentes e assessora de marketing do Time Enactus UFJF. Laura acredita que ser parte da equipe é “emocionante”. “Trabalhamos muito para o desenvolvimento do projeto e ver o que estamos conquistando é incrível.
Dos 48 projetos selecionados para a segunda fase, 12 continuarão na competição após passarem por uma banca avaliadora. A previsão é que os projetos selecionados sejam divulgados em agosto.
Assista ao vídeo produzido pela equipe do Cidades Inteligentes e enviado à organização do concurso Race for Climate Action para a segunda fase da competição.