Se a água compõe cerca de 60 a 70% do nosso peso corporal, a proporção também é bastante similar ao planeta Terra, sendo que 71% da superfície terrestre é coberta por água. A hidrosfera compreende os oceanos, mares e águas continentais. É considerado o único planeta que apresenta a água em seus três estados físicos: gasoso, líquido e sólido. 

Nesta terça-feira, 22 de março, é celebrado o Dia Mundial da Água, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993 para alertar a população sobre a necessidade de preservação do recurso para garantir a sobrevivência de todos os ecossistemas do mundo. Em 2022, as reflexões giram em torno da temática Águas subterrâneas: Tornando o invisível visível (vide vídeo produzido pela UN World Water). 

 

Apenas 2,5% de todo o volume de água no mundo é doce, e destes cerca de 70% está na forma de gelo, concentrado nas regiões polares (Ártico e Antártica) e no topo das montanhas. Além disso, 98% da água doce é subterrânea, estando armazenada em aquíferos abaixo da superfície. Cerca de 80% da água da Amazônia encontra-se debaixo da terra. Desde 2010, o Alter do Chão é considerado o maior aquífero do mundo em volume de água disponível; e supera com mais que o dobro o Aquífero Guarani.

Aproveitando o lema da campanha da ONU Água, vamos dar visibilidade às ações da UFJF que contribuem para a preservação e conscientização desse recurso natural precioso. Vale ressaltar que esses são apenas alguns exemplos de como a UFJF contribui para a manutenção desse recurso hídrico tão importante para a vida de todo o planeta.  

Livro analisa alterações no uso e ocupação do solo na Bacia Amazônica 

Em 2021, foi lançada a obra “Bacia Amazônica no início do século XXI: Alterações no uso e ocupação do solo, parametrização física e modelagem hidrológica”, resultado do trabalho do professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Celso Bandeira, durante o estágio de Pós-doutoramento na Texas A&M University. 

Segundo o autor, a publicação compreende o estudo do balanço de água e de energia das águas amazônicas, notadamente associada às duas primeiras décadas do século XXI. Abrange uma perspectiva integrada de emprego de tecnologias avançadas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e modelagem hidrológica, no tratamento da Bacia Amazônica. 

Bacia Amazônica passa por diversos países da América do Sul e representa aproximadamente 60% do território brasileiro (Foto: Paulo Vitale/Revista Veja)

O conteúdo do livro pode subsidiar o planejamento integrado de recursos hídricos no nível nacional, ao identificar questões científicas e tecnológicas importantes no que tange às alterações no uso e ocupação do solo na bacia Amazônica, em função das diversas atividades antrópicas e as suas relações com o balanço hídrico. “O entendimento do bioma da Floresta Amazônica, conjuntamente com os desdobramentos associados a variações e mudanças de ordem hidroclimática, se traduzem em efeitos no nível local, nacional, continental e planetário”, destaca o docente. 

Bandeira informa que, atualmente, há uma iniciativa em conjunto com outros professores, na graduação e pós-graduação da UFJF, voltada à formação de futuros profissionais e líderes na área de recursos hídricos, oferecendo disciplinas técnicas, projetos de pesquisa e desenvolvimento, projetos de extensão e treinamento profissional. 

“Desde 2018 representamos a Universidade no Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), sendo esta uma bacia estratégica em três importantes estados do país (Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais); e também representamos a Associação Brasileira de Recursos Hídricos ABRHhidro, no Conselho Estadual e Política Ambiental de Minas Gerais (Copam) para a construção de políticas que visam atingir a segurança hídrica nessas regiões”, expressa.

Laboratório presta serviços para qualidade da água

A Faculdade de Farmácia sedia o Laboratório de Análise de Alimentos e Águas (LAAA), que há décadas realiza análises físico-químicas e microbiológicas em amostras de alimentos e de águas destinadas ao consumo humano e aplicações industriais. O LAAA desenvolve o ensino, a pesquisa, a extensão tecnológica e a inovação nas áreas de avaliação e controle de qualidade de alimentos e águas. Atende à comunidade em geral, incluindo empresas (indústrias de alimentos, companhias de saneamento e tratamento de água, farmácias, hospitais e prefeituras) e órgãos públicos. 

De acordo com o professor Humberto Húngaro, que coordena o Laboratório ao lado da professora Mirian Rodarte, a água é um recurso natural indispensável à vida no planeta e fundamental na preservação ambiental e no desenvolvimento de várias atividades sociais e econômicas. O acesso a água limpa e segura é direito fundamental do ser humano. “O monitoramento da qualidade da água é realizado por meio de diversas análises físicas, químicas e microbiológicas, e necessário para evitar problemas de saúde pública relacionados ao consumo de água contaminada”, informa. 

Os interessados nos serviços do LAAA devem entrar em contato por e-mail (lab.alimentos@farmacia.ufjf.br) ou telefone (32) 2102-3804. 

Unidade Embrapii-Inerge realiza projetos de energia elétrica 

“Você sabia que mais de 70% da geração de energia elétrica no Brasil é renovável? O elevado investimento em hidroelétrica é o grande responsável por esse resultado fantástico; cerca de 62% da energia elétrica gerada no Brasil vem da força das águas”, apontou o diretor do Inerge Moisés Ribeiro.

Desde meados de 2021, o INCT de Energia Elétrica – Inerge – está sediando a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) na UFJF. Para isso, já estão em andamento ações de prospecção na área de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, incluindo as renováveis.

Quanto ao risco de um apagão por conta da crise hídrica, Ribeiro alega que ele é minimizado pela forte introdução de novas fontes renováveis de energia elétrica na matriz de geração brasileira. “Temos uma condição climática peculiar nesse momento, a qual é de certa forma cíclica, mas também é resultado do impacto do ser humano no meio ambiente. Além disso, a sociedade atual é cada vez mais dependente de eletricidade. Entretanto, o setor vem fazendo vultosos investimentos em fontes renováveis, como a eólica e solar”. 

Pesquisa avalia efeitos ecológicos de lagos artificiais

O projeto de pesquisa Lagos artificiais: efeitos ecológicos na regulação do clima e na produção de alimentos do ICB/UFJF, contemplado na última Chamada Universal nº 18/2021 do CNPq, analisa efeitos dos lagos artificiais na regulação do clima e na produção de alimentos. 

Coordenado pelo professor Fábio Roland, um dos maiores especialistas internacionais em ecossistemas aquáticos, a proposta é estudar, por meio de um programa amostral em lagos artificiais localizados em um grande espectro espacial no Brasil, os estoques e processos de ciclagem de nutrientes, com foco inicial na qualidade da água e emissão de gases do efeito estufa.

As pesquisas em reservatórios de hidroelétricas realizadas pela UFJF e focadas nos gases de efeito estufa promoveram, nos últimos 20 anos, “expressivos avanços para o entendimento de lagos artificiais sobre a ciclagem de carbono, formando recursos humanos e estruturando condições laboratoriais e de amostragem”. No caso deste projeto, a equipe se junta à experiência de outros grupos no Brasil e no exterior com história acadêmica nesse campo para aplicar as experiências conceituais e metodológicas em lagos construídos com o propósito de produção de alimentos aquícolas.

Fazenda Experimental tem potencial para impactar na produção de água

Vista aérea da Fazenda Experimental da UFJF (Foto: Leandro Mockdece)

Está sendo finalizado na Fazenda Experimental da UFJF o plantio de 40 mil mudas em 23 hectares no entorno de Chapéu d’Uvas. A região irá abrigar no futuro uma nova floresta da Mata Atlântica, que impactará na produção de água para toda a população e municípios que dependem da água da represa. 

Segundo dados disponibilizados pela Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), a Barragem de Chapéu d’Uvas chega a ter 12 quilômetros quadrados de espelho d’água, um volume de 146 milhões de metros cúbicos – 11 vezes maior que o volume da Represa Dr. João Penido – e 41 metros de profundidade máxima. Atualmente, ela abastece 40% do município de Juiz de Fora.

“A gente brinca que está plantando água, uma vez que ao reflorestar as minas voltam a brotar. Você pode olhar ali onde tem um relevo mais baixo, muito provavelmente era área de escoamento de minas que secaram”, comentou o professor André Amado, coordenador do projeto Raízes para o Futuro, ao apontar para determinada área da Fazenda.

Selo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 

As ações científicas da Universidade estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, conforme selo criado pela Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional, em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp). 

Embora a água seja uma questão transversal e que impacta todos os objetivos, as iniciativas citadas nesta matéria estão mais diretamente relacionadas aos seguintes ODS: 6 (Água potável e Saneamento), 12 (Consumo e produções responsáveis), 13 (Ação contra a mudança global do clima), 14 (Vida na Água), 15 (Vida Terrestre) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação).

Confira a lista completa no site da ONU.