Documentário foi produzido por Graziella da Silva Alves Fonseca e Jhulie Corrêa Casali (Foto: Divulgação)

Ao longo do último semestre letivo, os alunos da disciplina História da África, oferecida nos cursos de História e Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas (Bach), produziram livros de contos e crônicas e também minidocumentários a partir de temas relacionados com a matéria. O projeto foi orientado pela professora Fernanda Thomaz. 

Já no curso de História, a produção foi feita em conjunto com a disciplina Reflexões sobre o Ensino de História, e contou com a orientação da professora Denise do Nascimento e da monitora Juliana Alexandre. Os livros e filmes já estão disponíveis no site do Grupo de Pesquisa Afrikas e podem ser utilizados tanto por professores da rede básica de ensino quanto pelo público geral que deseja compreender melhor o continente africano. 

O ensino de história e cultura afro-brasileira e africana só se tornou obrigatório na educação básica a partir de 2004, pela Lei 10.639/2003. Para Fernanda Thomaz, o tema ainda é cercado de estereótipos negativos e desinformações. Assim, o material produzido pelos estudantes surge como uma forma de disseminar informações sobre o assunto e também fomentar os debates com a finalidade de combater o racismo.

“É um tema que, além das pessoas terem poucas informações, é carregado de vários estereótipos, várias representações negativas. Fala-se de uma forma extremamente pejorativa do continente africano e de sua história. Essa disciplina tem um caráter político. Ela se tornou obrigatória nas escolas porque o principal objetivo era combater o racismo. Por esse motivo, a ideia é produzir um  material acessível que atinja não só o estudante de escola mas toda a população.” 

Processo de produção

A professora conta que já trabalha há um tempo com a produção de material didático como forma de avaliação de sua disciplina. Neste ano, os alunos do Bach decidiram pelo formato de contos e crônicas, enquanto os discentes dos cursos de História, pelos minidocumentários. Cada grupo de estudantes escolheu três temas relacionados à cultura e história africana, e, a partir deles, extraiu conteúdo para a realização do trabalho.

Segundo Fernanda, o desenvolvimento dos materiais didáticos surgiu dentro da disciplina como uma forma alternativa ao sistema de avaliação marcado por trabalhos e provas. É um modo de trabalhar a criatividade dos alunos e, ao mesmo tempo, criar um conteúdo que pode ultrapassar os muros da universidade e expandir o conhecimento adquirido dentro da instituição para a sociedade. 

“É importante que a gente leve isso para fora. Nós falamos que a universidade tem papel político importante. Então, vamos fazer isso com nossa prática docente. Não é só um trabalho que passo para o aluno fazer e eu dar a nota. Acredito que a nota é uma forma de avaliação que funciona como ameaça. Para o processo educativo, ela não é frutífera, muito pelo contrário. Então digo para eles: vamos sentar, conversar, pensar o trabalho de modo que a gente possa contribuir com a sociedade da qual fazemos parte”, diz Fernanda, completando que, deste modo, os ensinos adquiridos durante o semestre também se tornaram uma forma de transformação da realidade social. 

Outras informações: Afrikas