De acordo com a 33ª edição do Boletim Informativo da Covid-19, lançada no dia 04 de agosto, o nível de transmissão da Covid-19 ainda está muito elevado e houve uma diminuição no ritmo de vacinação contra o coronavírus no município de Juiz de Fora. O documento, que é desenvolvido por pesquisadores da Plataforma JF Salvando Todos, aponta uma queda na média móvel do número de primeiras doses aplicadas, tendo em vista que no dia 03 de agosto, a média de pessoas que receberam a primeira aplicação era de 658,3 – uma redução considerável quando comparada a média de duas semanas atrás, que era de 2809,3 novas aplicações.

O documento também demonstra a redução na aplicação das segundas doses no município. No dia 03 de agosto, a média era de 1416,9 aplicações, contra o número de 2255,4 observado no dia 20 de julho. Desta forma, houve uma redução de 42% no número geral de doses aplicadas em relação à semana epidemiológica anterior. O documento aponta que, de acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora, a queda foi em função da falta de doses distribuídas pelo Ministério da Saúde no período.

Marcel Vieira, um dos autores do documento, reflete sobre os efeitos da vacinação no município: “Os avanços na vacinação em Juiz de Fora, até o presente momento, são substanciais e já percebemos impactos no cenário epidemiológico do município com uma redução do número de vidas perdidas nas últimas semanas. Porém, só podemos considerar uma pessoa imunizada após 2 ou 3 semanas do recebimento da segunda dose ou da dose única. Estudos indicam, sobretudo com a circulação da variante delta, que apenas com a imunização completa (duas doses ou dose única) conseguimos um nível de proteção adequado.”

No boletim são abordadas questões relacionadas à incerteza da circulação da variante Delta no país. Para Vieira, é importante atentar-se ao fato de que com a nova variante, estudos indicam que o nível da população que deve estar totalmente vacinada deve ser maior que 70%, como previsto anteriormente, passando ao nível de 90% de toda a população (incluindo crianças e adolescentes). Como apontado pelo pesquisador, caso a transmissão comunitária da variante Delta aumente, é possível haver um risco de aumento substancial no número de casos, algo que poderia impactar a demanda de leitos hospitalares.

Situação da pandemia no município

No cenário epidemiológico da cidade, é possível notar uma queda na taxa de crescimento do número de casos e mortes, ainda que sob uma perspectiva de estabilidade. No dia 19 de julho, Juiz de Fora tinha 40.047 casos confirmados e 1.843 vidas perdidas pelo vírus. Já no dia 2 de agosto, o município registrava um acumulado de 41.662 casos e 1872 mortes – representando um aumento de 4,0% e 1,6% respectivamente. No período de duas semanas atrás, essas taxas eram de 4,8% e 2,8%, o que demonstra o leve decréscimo. 

Da mesma maneira, foi possível notar reduções em outros dois aspectos: a taxa de letalidade da doença no município, de 4,76% no dia 21 de junho, caiu para 4,49% no dia 02 de agosto. No mesmo caminho, houve uma redução da proporção de mortes na faixa etária superior aos 60 anos, que configurava 75,5% dos óbitos na data de 19 de julho e agora permanece em 75,2%. Vieira aponta que ambas as quedas podem ser reflexos da vacinação na cidade e no país.

Como novidade nesta edição, o boletim incorporou um novo critério de análise: a partir de critérios do Centro de Controle e Prevenção de Doenças norte-americano (CDC), pode-se inferir que o nível de transmissão no município é o mais elevado da escala; tendo em vista que no nível “Alto”, o município deve registrar mais de 100 novos casos por 100.000 habitantes, por semana. Em Juiz de Fora, na 30ª semana epidemiológica, o número de casos por 100.000 habitantes era de 144,6. 

O relatório também aponta uma possível queda na circulação de pessoas no município, assim como uma estabilidade nos níveis de ocupação de UTIs. No dia 20 de junho, 73 leitos de UTI eram dedicados exclusivamente à pacientes com Covid-19, sendo que em 03 de agosto, o número era de 75 pacientes. A taxa de ocupação geral variou de 59,3% para 68,4% respectivamente no mesmo período.

Pandemia no país e relaxamento de medidas de prevenção

Diante da situação da pandemia no Brasil, de acordo com o boletim, houve uma queda no número de casos e de óbitos, ainda em um patamar muito elevado. Ainda assim, os números mostram que desde a 2ª semana epidemiológica (10 a 16 de janeiro deste ano) não se registrava menos de 7 mil vidas perdidas em uma semana, da mesma maneira que desde o dia 22 de janeiro, não se registrava menos de mil óbitos em um dia.

Perguntado sobre quais medidas devem ser tomadas para evitar os efeitos da variante Delta no país, Vieira comenta: “As medidas são muito bem conhecidas, mas para que funcionem precisam ser colocadas em prática. Diante da chegada da variante delta, se tornam mais importantes a aceleração do ritmo da vacinação, o distanciamento social, o uso correto das máscaras de boa qualidade, os cuidados com a ventilação de ambientes e as medidas de higienização. São essas medidas que poderão também reduzir o risco do surgimento de novas variantes no futuro.”