Com o avanço da variante Ômicron no Brasil e diante da quebra dos protocolos sanitários por grande parte da população nas festividades de final de ano, houve um crescimento súbito no número de casos confirmados de Covid-19 no país e na comunidade acadêmica da UFJF. É o que aponta a décima edição do boletim informativo do sistema Busco Saúde, divulgada nesta quarta-feira, 19. 

Desenvolvida por pesquisadores da própria Universidade, a plataforma é utilizada para realizar o acompanhamento de sintomas relacionados à Covid-19 da comunidade universitária, assim como o registro de casos confirmados entre discentes, docentes, técnico-administrativos em educação (TAEs) e terceirizados. Seu uso é obrigatório para todos que atuam em atividades presenciais na instituição, sendo também indicado para aqueles que ainda estão em atividades remotas. 

Aumento de 236% 

Durante o período de recesso pelas festas de final de ano, houve uma paralisação dos serviços Busco Saúde entre os dias 24/12 e 02/01. Desta forma, desde a divulgação do último boletim do ano de 2021, no dia 15 de dezembro, foram confirmados 133 novos casos de Covid-19 entre a comunidade acadêmica da UFJF. Ao comparar com o acumulado de casos do documento anterior, houve um aumento de 236% no número de notificações – de 63 casos, na nona edição do boletim, para 212, na atual. 

Mesmo com o represamento ocasionado pelo recesso da plataforma, foram adotados métodos que preservaram a integridade dos dados acumulados. “Nós procuramos manter as datas dos laudos dos exames dentro da devida semana epidemiológica, assim como nas médias móveis e nas médias diárias, como uma forma de contornar este pico represado”, aponta o docente da Faculdade de Medicina, Fernando Colugnati, um dos pesquisadores responsáveis pela elaboração do documento. 

Sendo assim, a média móvel de casos confirmados também apresentou um aumento expressivo no mesmo período. No dia 14 de dezembro, a média era de 0,14 casos novos por dia. Já no dia 2 de janeiro, esse indicador havia subido para 3 casos diários, tendo chegado no dia 8 de janeiro a 8,3 novos casos e no dia 15 de janeiro a 10,3 – correspondendo a um aumento de 73 vezes na média móvel de casos. De acordo com o boletim, até a presente data, não foram notificadas internações ou óbitos em decorrência da Covid-19 entre a população monitorada pelo Busco Saúde.

Gráfico do número de casos confirmados e a média móvel de casos confirmados notificados (Reprodução/Busco Saúde)

Novas recomendações de isolamento

Na última segunda-feira, 17, a plataforma de monitoramento começou a adotar as novas recomendações do Ministério da Saúde sobre o tempo de isolamento de pacientes. De acordo com a professora Sandra Tibiriçá, da Faculdade de Medicina, as mudanças são positivas pois diminuem o tempo de afastamento escolar, diante do aumento de casos causado pela variante Ômicron no país e no mundo.

“Considerando que nós estamos em uma fase da pandemia que a grande maioria da população está vacinada, houve uma redução do tempo de isolamento de dez para sete dias dos sintomáticos, considerando que o principal período de infectividade são os três a cinco dias iniciais do quadro de sintomas. Sendo assim, em casos confirmados de Covid-19, as pessoas devem ficar até o sétimo dia em quarentena e acessando o Busco Saúde para receber todas as orientações. Caso no último dia ela não apresente febre nem sintoma de tosse, essa pessoa poderá retornar às suas atividades”, aponta a pesquisadora.

Já para aqueles que tenham tido contato com pessoas contaminadas pelo vírus, é necessário fazer uma quarentena de 14 dias. A diferença é que entre o quinto e o sexto dia, pode ser realizado um teste de antígeno rápido ou PCR – e caso ele seja negativo e a pessoa esteja sem sintomas, ela poderá retornar às suas atividades, conforme as novas diretrizes. É importante lembrar que o sistema do Busco Saúde também auxilia no encaminhamento e distribuição de casos suspeitos e confirmados para os locais de atendimento no município do usuário. 

Prevalência e incidência na UFJF

O documento também traz informações a respeito dos níveis de prevalência e incidência da Covid-19 na Universidade. A prevalência é uma estimativa do risco acumulado de desenvolvimento da Covid-19 na população. Ela mostra a proporção total de casos confirmados em relação ao total de usuários ativos até a data de fechamento do atual boletim. Já a incidência aponta a velocidade que os casos novos estão ocorrendo. Desta forma, um aumento repentino desse indicador deve acender um sinal de alerta. 

Sendo assim, até o dia 19 de janeiro, a prevalência geral da UFJF era de 4,3% – número três vezes maior do que o valor desta medida em relação ao boletim anterior, que era de 1,42%. No campus de Juiz de Fora, o índice estimado é de 5,32%, contra 1,94% do período anterior – configurando um aumento de 274%. O nível de incidência, por consequência, também apresentou grande aumento. No campus-sede, o indicador era de 1,9% na segunda semana de 2022 – sendo que na última semana de 2021 figurava em 0,069%. 

Sandra explica que todos esses indicadores permitem que decisões estratégicas de afastamento possam ser tomadas pelas instâncias superiores responsáveis quando necessário. “Os gestores de cada unidade acompanham os dados do sistema, de maneira a verificarem sobre a necessidade de suspender as atividades presenciais de algum setor. Sendo assim, há também uma discussão entre os gestores e a nossa equipe do Busco Saúde para que a melhor decisão seja tomada pelos órgãos responsáveis”, conclui.