Em continuidade às atividades da 73ª Reunião Anual (RA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a programação contou com um painel para dialogar sobre Inovação. Com a mediação do Chefe-Geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, houve o compartilhamento de ideias entre os palestrantes Guilherme Travassos , Ronan Damasco e Bruno Campos de Carvalho. O diálogo abordou temas ligados à evolução das tecnologias, o uso de dados, sustentabilidade e a inovação a partir das demandas da sociedade.
Abrindo o painel “Inovação aberta”, o professor Travassos apontou que para falar de inovação é preciso pensar nos processos construtivos e ações que demandem o desejo de inovar. “Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nós temos 13 programas de pós-graduação de Engenharia que buscam a inovação. Nesse aspecto, precisamos pensá-la como diferentes oportunidades que aparecem maquiadas sobre objetos diferentes. Atualmente, falamos muito em transformação digital e em uma revolução industrial que vem acontecendo por meio dos softwares. Essas questões trazem a expectativa da Inovação Aberta, em que precisamos discutir aspectos como sustentabilidade e benefícios para a sociedade.”
Sobre as ações desenvolvidas pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), abordou sobre a importância da multidisciplinariedade, comunicação e cooperação que criam situações robustas para o desenvolvimento de iniciativas. “Quando olhamos para essas reflexões, percebemos que é preciso mudar a perspectiva do trabalho inovador e envolver um aspecto de aprendizado que agrega novas ideias e situações que, às vezes, não temos a quem perguntar. Isso tem acontecido frequentemente nos últimos anos.”
Travassos ainda explicou que a inovação com diferentes tecnologias e nas mais variadas áreas são baseadas em oportunidades. “Elas acontecem a partir de situações que precisam ser solucionadas e de demandas da sociedade, como, por exemplo, em questões ambientais e, atualmente, no campo da saúde diante da pandemia. São esses aspectos que trazem a inovação e a necessidade para a construção das ferramentas de soluções eficazes.”
Inovação e disrupção digital
O representante da Microsoft, Ronan Damasco, explicou que a inovação tem duas alavancas fortes: o setor econômico e a necessidade. Inclusive, reiterou que o quadro epidemiológico, causador de uma crise global, fez com que o mundo se adaptasse às tecnologias digitais para que pudesse continuar as atividades rotineiras. “Gostaria de fazer uma viagem no tempo, em que vemos a transformação de dispositivos, como a evolução dos telefones e das máquinas fotográficas. Meus filhos conhecem a máquina de escrever, mas nunca usaram uma delas, mesmo que tenham mais de 30 anos, ou seja, as coisas se transformaram rapidamente.”
Na atualidade, Damasco afirmou que as máquinas já se equiparam às habilidades humanas, o quanto a tecnologia faz com que as pessoas sejam reféns de suas ferramentas e como essa dependência encadeia problemas psicológicos e/ou psiquiátricos. “Os dados são os bens mais valiosos que temos hoje. Todo o modelo de negócios tem que ter o dados no centro, sendo um bem imaterial comparado ao petróleo moderno. Costumamos dizer que o produto grátis, ao utilizar os dados dos usuários, faz com que eles sejam os testes do próprios produtos.”
Além disso, trouxe aspectos da evolução da computação quântica sendo otimizados e podendo abrir as fronteiras para um potencial gigantesco. “Elas poderão resolver problemas de 1 bilhão de anos em questões de segundos. As empresas não respeitam mais a tradição, elas estão em busca de inovações. Vale ainda destacar que a inovação é feita por pessoas e a questão cultural, talvez, seja a mais importante, pois são os indivíduos que fazem a transformação”. Fazendo uma referência à famosa frase de Peter Drucker, alertou “a cultura come a estratégia e a execução na janta.”
Inovação aberta na Embrapa
Durante o painel, o representante da Embrapa, Bruno de Campos de Carvalho, dialogou com os participantes sobre as ferramentas utilizadas pela empresa, como, por exemplo, os programas e editais de inovação, para atrair parcerias e ofertar ativos aos parceiros em busca da prospecção da inovação e da possibilidade em se colocar novos produtos no mercado.
“Muitos exemplos dessa busca pela inovação estão sendo realizados nas várias unidades da Embrapa, trabalhando diferentes inovações nas diferentes cadeias produtivas que estão em contato com as inúmeras situações. Hoje, o consumidor move essa cadeia de inovação, pois são os indivíduos que decidem aquilo que devemos produzir e trabalhar para inovar”, aponta Carvalho.
O palestrante também discorreu sobre as questões de sustentabilidade usadas pela empresa em busca de oferecer melhores condições de vida para a comunidade. “Sempre trabalhamos essa questão a partir dos objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Não adianta termos apenas a preocupação com o produto. É preciso pensar no resíduo final, na sustentabilidade, ou se ele não agradar ao consumidor. Na empresa temos o lema “vacas e pessoas felizes”, considerando o bem estar do animal, mas também do produtor que desenvolve as atividades e, além de ganhar dinheiro, precisa ter uma qualidade de vida. Se não pensarmos nisso, não teremos pesquisas que atendam essas demandas”, finaliza.
73ª Reunião Anual da SBPC
O evento acontece até o dia 24 de julho de forma inteiramente on-line, sediando conferências, mesas-redondas, webminicursos, painéis e sessões de bate-papo. Confira também a programação da SBPC Jovem e Família e a SBPC Cultural.
A programação completa da 73ª Reunião Anual da SBPC traz nomes de projeção no cenário científico nacional, sendo transmitida pelos canais SBPCnet, TV UFJF, Centro de Ciências UFJF, Critt – UFJF, UFJF Notícias e Revista A3 UFJF.
Outras informações: Site oficial da 73ª Reunião Anual da SBPC
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