No dia 5 de maio, o Dia Nacional do Uso Racional do Medicamento é marcado em todo país por meio de campanhas voltadas para demonstrar à população a importância do uso correto e seguro dos medicamentos, sendo acompanhada de ações que promovem o bem-estar e a qualidade de vida. Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), farmacêuticos e docentes da Faculdade de Farmácia se mobilizam para alertar sobre estratégias para o cuidado em saúde e controle das principais doenças, principalmente as doenças crônicas não transmissíveis – altamente representadas em uma alta parcela da população – e a Covid-19, considerando o cenário descontrolado da pandemia.
Situações de alerta aumentaram devido ao uso desregrado de medicamentos durante a pandemia
“Este dia deve ser lembrado por ações que possuem o caráter informativo, no sentido de orientar a população sobre os medicamentos, armazenamento e descarte”, ressalta o diretor da Faculdade de Farmácia da UFJF, Marcelo Silvério. Segundo ele, o uso inapropriado de medicamentos contribui para reações adversas e aumentam os riscos associados à intervenção médica, as iatrogenias.
Em um ano marcado pelo combate à Covid-19, o farmacêutico cita o impacto do contexto da pandemia e a importância redobrada do cuidado com medicamentos. “Se faz necessário ressaltar que é um momento muito importante para a sociedade ter o esclarecimento sobre o uso correto dos medicamentos para o cuidado em saúde. Ao mesmo tempo em que o medicamento cura, ele pode ser prejudicial à saúde ou até mesmo matar.”
Risco do uso indiscriminado de medicamentos na tentativa de combater Covid-19
O farmacêutico e professor da UFJF, Maurílio Cazarim, destaca que, de acordo com trabalhos publicados na literatura científica, uma alta parcela dos pacientes com Covid-19 apresentou reações adversas a medicamentos (RAM). Ao fazer o uso desnecessário de hidroxicloroquina, por exemplo, “tiveram o risco de apresentar RAM aumentado em até duas vezes, sendo as reações mais prevalentes a taquicardia, o prolongamento do intervalo QT, a diarreia e a hepatotoxicidade.”
O uso indiscriminado da ivermectina é outro grande problema para a saúde coletiva dos brasileiros. “A ivermectina tem sido utilizada em uma concentração até 35 vezes maior do que o máximo aprovado pelas agências reguladoras para uso em humanos”, aponta Cazarim. “Situações de alerta começaram a surgir devido a maior possibilidade deste fármaco, em dosagem aumentada, causar efeitos no sistema nervoso central, tais como letargia, sialorréia e disritmias cerebrais, além de efeitos hepatotóxicos e nefrotóxicos, segundo artigo publicado na revista Brasileira de Saúde e Farmácia.”