Obra é dirigida pelo ex-aluno da Faculdade de Comunicação, Cleisson Vidal (Imagem: Divulgação)
O documentário “Paulo César Pinheiro – Letra e Alma”, dirigido pelo ex-aluno da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Cleisson Vidal, foi um dos destaques da 26ª edição do “É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários”. A narrativa reflete a trajetória do escritor Paulo César Pinheiro e conduz a uma viagem que evoca e envolve grandes nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Em breve o filme vai estrear no Canal Curta e também nas plataformas de streaming.
O documentário foi um dos sete longas-metragens brasileiros inéditos selecionados para ser exibido on-line na competição de filmes. Segundo Vidal, a estreia da obra na 26ª edição do Festival É Tudo Verdade tem tido uma repercussão positiva e que já rendeu várias mensagens de carinho, diante da emoção causada pela narrativa.
“As pessoas ficaram muito emocionadas, pois o filme leva a uma viagem musical e cultural do Brasil a partir das letras de Paulo César Pinheiro. De certo modo, nesse período sombrio de ataque governamental à produção cultural e científica, acrescido ao isolamento devido à pandemia descontrolada da Covid-19, o filme mostra que a potência criativa e a resistência pela cultura tem o poder de agregar o campo sensível, trazer força para superar as dificuldades e cantar a boa música. Nesse sentido, a arte, em toda a sua múltipla potência, também atua como valor terapêutico.”
O diretor explica que a criação de um filme é algo desafiador e que requer muita concentração. Além disso, reitera que ao lançar um produto audiovisual, a equipe precisa ter consciência da perda da autoria – a intenção original da obra – pois cada pessoa entende a produção a partir de suas referências. “No caso deste filme, o que me emocionou foi perceber a carência afetiva das pessoas nesse momento tão triste, reacionário e agressivo pelo qual o país passa, que se tenta valorizar o ódio, a indiferença e o conflito ao invés do diálogo e da discussão de ideias. Nesse sentido, o filme foi recebido como um alento, um cobertor, um bem-querer por muitas pessoas, que sentiram vontade de cantar e sorrir ao vê-lo. E nesse atual momento, sorrir é terapia e resistência.”
Sobre o festival, Vidal comenta que possui uma relação de afeto com o “É Tudo Verdade”, pois aprendeu muito sobre a produção documental acompanhando os filmes e conferências no passar das 26 edições. “Hoje é o festival de documentários mais importante da América Latina, que preza de um rigor e independência do comitê de seleção de filmes e no qual tive a sorte de estrear os três longas metragens que produzi.”
Construindo a narrativa
A proposta da realização do documentário, desenvolvido em parceria com a também diretora, Andrea Prates, surgiu em 2012, logo após a produção de um outro filme, “Dino Cazzola – uma filmografia de Brasília”. Segundo Vidal, Andrea comentou que faltava um documentário que pudesse narrar as histórias do escritor Paulo César Pinheiro e esse foi o pontapé inicial para a criação do produto audiovisual. Os passos seguintes foram estudar a obra do escritor e entrar em contato com ele para a apresentação do projeto com o objetivo de criar uma obra que traçasse a trajetória do artista a partir de sua visão de mundo.
“Quando se começa um filme, nunca se sabe realmente aonde vai chegar. Seguimos uma bússola. Para nós, o longa-metragem representava descobrir quem é esse gênio da cultura brasileira que é pouco conhecido pelo público em geral”, aponta Vidal.
No entanto, entre a ideia e a execução do documentário muita coisa foi sendo alterada. “Quando conhecemos Paulo César, ele nos disse que o lugar onde se sentia confortável era na própria casa. Andrea e eu conversamos muito, analisamos as restrições, e então decidimos fazer um filme em primeira pessoa com todos os riscos de criar uma obra hagiográfica e enfadonha. Em paralelo trabalhamos muito no roteiro e em uma grande pesquisa de material de arquivo.”.
Ficha técnica e sinopse
Título: Paulo César Pinheiro – Letra e alma
Direção: Andrea Prates e Cleisson Vidal
Roteiro: Lea Van Steen e Andrea Prates
Produção: Terra Firme / Curta!
Compositor prolífico e um dos poetas mais celebrados da música brasileira, Paulo César Pinheiro é autor de “Canto das Três Raças” e “O Poder da Criação”, entre outros clássicos do samba, do samba-enredo e da canção. Parceiro de Baden Powell, Tom Jobim e Edu Lobo, foi gravado por Elis Regina, Clara Nunes e Maria Bethânia. Aqui, sentado em seu sofá, ele reflete sobre a natureza humana e conduz uma viagem que evoca e envolve grandes nomes da MPB, cobrindo meio século de música, do auge da era dos festivais ao período das canções de protesto contra a ditadura militar.
Paulo César Pinheiro
Aos 71 anos, Paulo César Pinheiro é um compositor, letrista, poeta e escritor que trabalhou em parcerias com inúmeros artistas brasileiros, entre eles, João de Aquino; Baden Powell; Pixinguinha; Tom Jobim; Francis Hime; Ivan Lins; Edu Lobo; Toquinho; e Lenine. Nascido no Rio de Janeiro, em 28 de abril de 1949, aos 14 anos escreveu sua primeira composição “Viagem”, em parceria com João de Aquino. Ao longo da carreira, compôs trilhas sonoras para a televisão, o teatro e o cinema.
É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários
A seleção do É Tudo Verdade 2021 conta com 69 títulos de 23 países. A programação em streaming de filmes, master classes e debates, é distribuída pelas plataformas Looke, Itaú Cultural, Sesc Digital, Spcine Play, no Canal do YouTube do É Tudo Verdade e no Canal Brasil. O evento está sendo realizado e vai até o próximo dia 18.
Os filmes vencedores dos prêmios dos júris nas Competições Brasileiras e Internacionais de Longas/ Médias-Metragens e de curtas-metragens estarão automaticamente classificados para apresentação à disputa pelo Oscar em 2022. A cerimônia de premiação acontece às 17h do dia 18 de abril, no YouTube do É Tudo Verdade.
Outras informações: É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários
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