Líder indígena Ailton Krenak durante aula no Jardim Botânico em 2015; retorno ocorre nesta quinta, 11, de forma on-line (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Duas formações de conhecimento distintas e duas visões de mundo diferentes estavam apartadas e em conflito durante séculos. Atualmente pretendem estar juntas em um só lugar a favor da conservação da vida. O saber acadêmico vem se encontrando com o saber de povos tradicionais, reconhecendo seu valor. Um encontro que participantes do curso on-line “O Jardim Botânico Educa: Diálogos Formativos” têm percebido ao longo dos meses de janeiro e fevereiro. Nesta quinta, 11, terão nova chance de diálogo: o encerramento do curso, aberto ao público, ocorre com um dos principais líderes e intelectuais indígenas Ailton Krenak e o professor Celso Sánchez, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). A transmissão, gratuita e sem necessidade de inscrição, será feita pelo canal do Jardim no Youtube às 18h. 

“É uma honra, para mim, poder conversar com o Krenak. Sinto-me entusiasmado, honrado e agradecido por conversar com um dos grandes mestres, um sábio. Há um profundo respeito e responsabilidade pelo que significa esse momento. O curso é um marco importantíssimo para diálogos e ecologias de saberes de que tanto precisamos na universidade pública. Minhas esperanças estão renovadas em função dessa proposta”, afirma o professor Celso Sánchez.

Conforme a professora Angélica Cosenza, coordenadora do Grupo de Educação Ambiental da UFJF (GEA), o qual está organizando as aulas com o Jardim Botânico, “o curso foi todo pautado por essa convivência de sujeitos de lugares distintos que vêm pensando a natureza e as relações ambientais na contemporaneidade.”

As aulas vêm, desde janeiro, discutindo o papel e a construção da educação ambiental diante de situações atuais. “Esse encerramento, além de coroar nosso curso de formação para os monitores ambientais, soma diferentes perspectivas de dois profissionais e traz uma reflexão crítica sobre os processos de degradação que estamos vivendo, provocando uma indignação ética e o exercício de posturas mais dialógicas perante à vida”, explica Angélica, que fará a mediação deste último encontro intitulado “Insurgências e Esperanças: o amanhã não está à venda”.

Ailton Krenak

Ailton Krenak é doutor honoris causa pela UFJF (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, o professor e ambientalista Ailton Alves Lacerda Krenak nasceu na região do médio Rio Doce, em Minas Gerais, descendendo da etnia crenaque. Tendo papel fundamental nas questões ambientalistas durante as décadas de 1970 e 1980, ainda hoje luta para assegurar os direitos indígenas no Brasil. Em 2016, tornou-se doutor honoris causa da UFJF como reconhecimento da importância de sua trajetória.

Em sua obra, destacam-se as publicações “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, de 2019; “O Amanhã Não Está à Venda”, de 2020; e “A Vida Não é Útil”, também de 2020. De forma geral, seus livros defendem a diversidade biológica como fruto não apenas de fatores naturais, mas da interação com as formas sociais de coexistência não-destrutiva, muito exemplificada pela vida e organização dos povos indígenas.

Celso Sánchez

professor celso sanchez unirio

Prof. Celso Sánchez pesquisa educação indígena (Foto: Arquivo Pessoal)

O professor Celso Sánchez Pereira, da Unirio, é doutor em Educação e pesquisa educação ambiental, ensino de ciências, educação indígena, educação e ecologia social.

Durante a aula, Sánchez pretende abordar temas como diversidade, saberes indígenas, ancestralidades, universidade, conexões entre ecologias de saberes e reparações históricas. “Pretendo conversar sobre as lutas indígenas, a importância de pensar esse momento em que estamos vivendo de uma maneira crítica e atenta. Precisamos pensar em nosso presente como uma proposta de mudança social, de transformação radical, compreendendo que os saberes indígenas e ancestrais não são apenas uma fonte de inspiração, mas uma referência para a saída dessa crise em que vivemos”, afirma. 

O curso
Toda quinta-feira desde 7 de janeiro, o Jardim Botânico e o Grupo de Educação Ambiental da UFJF tem recebido professores universitários e líderes de povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, como também de movimento negro, para discutirem temas relacionados a educação ambiental, injustiça ambiental e conservação da diversidade biológica e social. As aulas são gratuitas, ao vivo, e podem ser assistidas separadamente, sem necessidade de inscrição. Os encontros ficam gravados no canal do Jardim no Youtube.

Outras informações: jardimbotanico@ufjf.edu.br

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