Com aumento no número de professores doutores e de investimento, UFJF viu surgir mais mestrados, doutorados e pesquisas

Com aumento no número de professores doutores e de investimento, UFJF viu surgir mais mestrados, doutorados e pesquisas

Criada em 23 de dezembro de 1960, a Universidade Federal de Juiz de Fora já possuía, na década de 1990, diversos cursos de graduação cuja qualidade vinha sendo reconhecida nacionalmente. O percentual de doutores, no entanto, era muito baixo: cerca de 8% do total de professores. Com esse perfil, a Universidade não participou de investimentos nacionais para a instalação da pós-graduação no país, que ocorreu no fim da década de 1970.

No entanto, com a implementação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), nos anos 2000, foram realizadas contratações de docentes já com o título de doutorado, permitindo que, gradualmente, o corpo letivo da Universidade se tornasse apto a propor novos Programas de Pós-Graduação (PPG). Desde então, vêm sendo desenvolvidos programas que visam a oferecer suporte a esse crescimento, acompanhados de outros que estimulam a pesquisa, como as bolsas de Iniciação Científica da UFJF, que totalizam atualmente 530 estudantes contemplados.

A decisão de contratar doutores, impulsionada principalmente pelo Plano de Capacitação Docente, acelerou a modificação do perfil dos docentes da UFJF, lançando-a no cenário nacional de pós-graduação e pesquisa, bem como na formação com excelência de profissionais. Em Juiz de Fora e Governador Valadares, a Universidade conta com mais de 80% de doutores em seu quadro de docentes.

De acordo com o pró-reitor adjunto de Pós-Graduação e Pesquisa, Luís Paulo Barra, “a expansão da pós-graduação foi acompanhada da expansão da produção científica acadêmica nas mais diversas áreas do conhecimento, com uma crescente colaboração com pesquisadores estrangeiros e crescente participação nas mais prestigiosas revistas científicas internacionais e em publicações com maior número de citações. Tudo isso culminou na colocação da UFJF em posição de destaque de diversos rankings.” 

27 anos de pós-graduação

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Laboratório de Física Atômica da Pós-graduação em Física, uma das primeiras da UFJF (Foto: PPG Física/UFJF)

A UFJF possui 45 programas de pós-graduação, sendo 20 com mestrado e doutorado, 15 com mestrado acadêmico e 10 com mestrado profissional. 

Relativamente recente na história da instituição – os doutorados de Artes, Cultura e Linguagens; Ciências Farmacêuticas; Comunicação e Serviço Social, por exemplo, foram criados em 2019 – a primeira pós-graduação stricto sensu local veio surgir há apenas 27 anos, com o mestrado em Ciência da Religião, registrado em 1993, com a etapa de doutorado estabelecida em 2000. Na sequência, vieram o mestrado em Comportamento e Biologia Animal, em 1994, que recentemente, após uma fusão com a Ecologia, adotou o nome de Biodiversidade e Conservação da Natureza. Na sequência, foram criados os Programas de Física, em 1996, e de Educação e Engenharia Elétrica, em 1998. 

O professor associado do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (ICE/UFJF) Fernando Sato é um exemplo do movimento de ingresso de doutores na Universidade em 2009. Para ele, “o Programa de Pós-Graduação de Física, que inicialmente limitava-se apenas ao mestrado, incentivou outras áreas da UFJF a se qualificarem e a implementarem um programa de pós-graduação. O PPG-Física permitiu que os alunos aqui formados tivessem uma possibilidade de especialização sem a necessidade de se deslocarem para longe, sendo, em resumo, muito importante para o início das pós-graduações da UFJF.”

Conforme Sato, os programas de pós-graduação promovem um avanço em todos os sentidos, mas principalmente na produção intelectual e  organizacional da sociedade. “Isso implica em um melhor bem-estar para todos, sendo necessário, porém, se atentar ao fato de que a produção intelectual advinda da comunidade acadêmica nem sempre é imediata. Às vezes, leva muito tempo até atingir a grande população ou o usuário final. Devemos sempre ter em mente que a pesquisa promove evolução e é um bom caminho para novas descobertas”, completa.

Alexandre Bessa, professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Elétrica, frisa que o programa de que participa desde 2014 é um dos mais renomados do país, principalmente pela qualidade de seu corpo docente e discente. “O mestrado vem ganhando destaque nacional e internacional pela excelência de seus trabalhos de pesquisa e contribuindo na formação de profissionais qualificados que atuam tanto na área de pesquisa e ensino quanto no mercado de trabalho voltado para a área de Engenharia. É importante ressaltar a dedicação do professor José Luiz Rezende (in memoriam), incentivando a todos e trabalhando incansavelmente nas propostas para abertura dos cursos.”

O crescimento do curso acompanhou o da Universidade. “É como uma engrenagem, no qual ambos atuam conjuntamente na área de ensino, pesquisa e extensão enquanto crescem exponencialmente. São trabalhos que se completam e se alinham. Nossos programas de pós-graduação contribuem na qualificação de nossos alunos, dando-lhes novas oportunidades. Desta forma, PPGs fortes e atuantes significam universidades fortes e atuantes”, afirma Bessa. 

Caminhos da pesquisa

Estacao fotovoltaica foi a primeira receber investimento da Finep

Estação fotovoltaica, na Faculdade de Engenharia, foi a primeira receber investimentos da Finep

Na década de 1980, as pró-reitorias da UFJF foram ocupadas por docentes engajados em promover mudanças da Universidade. Na ocasião, sob o reitorado do professor Sebastião Marsicano, o âmbito da pesquisa começa a ganhar nova feição e espaço na instituição.

Durante o período, a UFJF vinha sendo amplamente contemplada pelo edital “Nova Universidade”, lançado pelo Governo Federal, que, no entanto, limitava-se a financiamentos a projetos de pequeno porte. Foram criadas gerências para maior empenho administrativo em áreas específicas pouco contempladas até então, como a Gerência de Pesquisa e Projetos Especiais.

O Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep) lançou ações de incentivo à pesquisa, entre eles o primeiro Programa de Iniciação Científica, em 1987, com bolsas mantidas pela Universidade. A ação foi seguida da primeira solicitação da UFJF para ingressar no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), que na época ainda era incipiente. 

Ampliaram-se também os financiamentos dos projetos de docentes, principalmente aqueles oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Sob o reitorado da professora Margarida Salomão, implantaram-se outros PPGs, assim como um Programa de Apoio à Pós-graduação, Programa de Apoio à Pesquisa e o Centro Regional de Inovação e Tecnologia (Critt). Nesse período, a UFJF também recebeu seu primeiro financiamento institucional da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), voltado à instalação da estação fotovoltaica na Engenharia e à área de fármacos. 

Entre 2006 e 2014, além de um número bem maior de PPGs, a UFJF contava também com um percentual crescente de doutores: 53% em 2006 e 72% em 2014. Entre esses anos, a Universidade ficou entre as dez instituições de ensino e pesquisa nacionais com maior captação de recursos. 

De acordo com a então pró-reitora de Pesquisa, Marta D’Agosto, “a estrutura conquistada pela instituição permitiu se criar uma pirâmide de formação de recursos humanos e de pesquisa na qual graduandos, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e docentes atuam em conjunto. Esses investimentos em pesquisa precisam ser garantidos e contínuos, uma vez que a formação de um pesquisador demanda muitos anos e a consolidação de uma linha de pesquisa é um processo lento e constante.”

Estímulos à inovação: a criação do Critt

Critt ufjf - foto historica

Critt começou com foco na incubação de empresas e se expandiu em diversos ramos de inovação

O Centro Regional de Inovação e Transferência em Tecnologia (Critt) foi criado, em 1995, sob o objetivo de levar o conhecimento produzido em âmbito acadêmico ao setor público e empresas, favorecendo o desenvolvimento de setores mais intensivos ao mesmo tempo que torna os setores tradicionais mais competitivos através da incorporação de tecnologia.

Entre 1995 e 2004, as atividades do Critt eram focadas quase por inteiro na Incubadora de Base Tecnológica e nos núcleos tecnológicos, que reuniam professores e pesquisadores para atender demandas empresariais. A partir de 2004, com a Lei de Inovação, o centro passa a ser considerado Núcleo de Inovação Tecnológica da universidade, voltando sua atenção também à proteção ao conhecimento e ao processo de transferência de tecnologias. O propósito mantinha-se o de elevar a capacidade competitiva das empresas e a eficiência do setor público através de inovação e incorporação de tecnologias.

Desde então, vários outros projetos vieram se integrando ao Critt, como a ideia de se criar um parque tecnológico de Juiz de Fora e região ─ que hoje encontra-se em processo de implantação com perspectiva de inauguração em 2022. Além disso, o núcleo conta com vários programas no setor de empreendedorismo; como oficinas de ideação e modelagem de negócios, Speedlab, a própria Incubadora, condomínio de empresas e o Programa de Inovação Aberta, que permite uma aproximação entre empresas já estabelecidas e grupos de pesquisadores e startups para busca de soluções tecnológicas em atendimentos.

Segundo o diretor do Critt,  Ignácio Delgado, nos últimos anos, “o Núcleo de Inovação tem elevado substancialmente o número de contratos firmados com o setor empresarial e também com o público”. Em 2019, a UFJF passou a integrar o grupo das 50 instituições brasileiras que mais depositam patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que considera instituições de Ciência e Tecnologia e empresas. “O Critt tem essa finalidade de fazer com que o conhecimento gerado na instituição flua para a economia e para a sociedade, melhorando a vida das pessoas e, na nossa região, fazendo com que possamos mirar a recuperação econômica e sua estabilidade no cenário econômico nacional.”

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