A história da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) pode ser contada por seus inúmeros personagens. Entre eles, um obstetra responsável pelo nascimento de mais de 10 mil bebês e do primeiro centro de pesquisa da instituição. Amaury Teixeira Leite Andrade, fundador do Centro de Biologia da Reprodução (CBR), seguiu a profissão de médico inspirado pelo pai, Dirceu de Andrade, formando-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1958, já atuava como professor assistente da primeira disciplina de Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora, cátedra do próprio pai.
O ex-professor relembra os passos dados para que a UFJF pudesse sair do papel. “Participei, ao lado de professores das faculdades de Direito, Medicina, Engenharia, Farmácia e Odontologia, de muitas reuniões, realizadas na Faculdade de Direito, onde se estudava e se montava o projeto da futura Universidade. Após exaustivas viagens ao Ministério da Educação (MEC), no Rio de Janeiro, o projeto foi aprovado.”
Mais do que atuar no planejamento estrutural do campus, as pesquisas de Amaury Andrade foram responsáveis pela instalação do Centro de Biologia da Reprodução (CBR) na Cidade Universitária, em 1970. A intenção era desenvolver investigações na área da biologia da reprodução, divulgá-las e realizar atividades de extensão.
De acordo com Andrade, os trabalhos de pesquisa começaram antes disso, em 1967, em um pequeno escritório nos fundos da Maternidade Therezinha de Jesus, que funcionava na rua São Mateus. O professor havia chegado de um pós-doutorado na Califórnia, realizado com apoio da Fundação Ford, e recebeu, naquele ano, representantes da entidade para acompanhar seu trabalho. “O resultado da visita foi a sugestão da criação de um centro de pesquisas na UFJF. Centro que contaria com a colaboração efetiva da Fundação”, rememora Andrade.
Dentro dessa perspectiva, o reitor Moacyr Borges de Mattos, acolheu a sugestão e fechou-se um acordo em que a Universidade se comprometeria a construir o proposto biotério e a Fundação Ford se responsabilizaria em acompanhar os trabalhos e dar suporte financeiro durante dois anos.
“Em 1969, depois da visita dos representantes da Fundação Ford ao reitor Michel Bechara, foi renovado o acordo por mais dois anos, o que permitiu ao reitor Sebastião de Almeida Paiva construir o prédio do atual CBR. O biotério, que já fora planejado e construído dentro de padrões internacionais, passou a ser uma unidade do Centro de Pesquisa e ocupa, hoje, lugar de destaque entre os biotérios nacionais. As pesquisas que, inicialmente, aconteciam dentro do laboratório instalado em um dos alojamentos de animais e se limitavam à área de reprodução animal, atualmente, se processam em quatro laboratórios com centro cirúrgico, são multidisciplinares e atingem todas as áreas da Universidade”, explica.
Como diretor do Centro desde a sua gestação até o ano 2000, Andrade testemunha que o CBR é o resultado de um grande e continuado trabalho de equipe e vê, na atual diretora, Vera Peters, e em Martha Guerra, dois pilares, entre outros tantos, que lutam para manter acesa a chama da pesquisa e os altos níveis dos trabalhos realizados dentro do centro e, consequentemente, da Instituição. “A UFJF e o CBR são, para nós, motivo de muita alegria. Mas nosso trabalho tem que continuar, sem descanso, para que a nossa UFJF cumpra, integralmente, o seu destino, na busca do conhecimento e no incentivo a novos pesquisadores.”
Amaury Andrade
Amaury Teixeira Leite Andrade atualmente é professor adjunto aposentado, professor convidado e pesquisador do Centro de Biologia da Reprodução (CBR) da UFJF. Além disso, é docente de Obstetrícia e componente do Núcleo Docente Estruturante da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora e ex-diretor Clínico do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus.
Andrade também já atuou como pesquisador da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 1974 a 1998 e da Contrel Research, na Bélgica, de 1998 a 2017. Veja o depoimento gravado por Andrade especialmente para o projeto comemorativo dos 60 anos da UFJF.
UFJF 60 anos
Para celebrar a data, a Diretoria de Imagem Institucional traz a proposta de recordar os mais diversos momentos vividos pela comunidade acadêmica ao longo dos 60 anos. A iniciativa consiste em envolver as pessoas da comunidade para compartilharem suas recordações pelo e-mail ufjf60@comunicacao.ufjf.br ou pelas redes sociais usando a #UFJF60anos.
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