O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reuniu-se nesta sexta-feira, 24, debateu e aprovou a proposta de ensino remoto emergencial para a educação básica durante o período de suspensão das atividades presenciais. Os detalhes da matéria serão divulgadas após publicação da resolução.

O reitor Marcus David abriu a reunião, pedindo autorização ao Consu para que os membros da Comissão de Educação Básica que não fazem parte do conselho pudessem acompanhar a reunião durante o debate do tema. Por se tratar de uma reunião extraordinária, o regimento dispensa comunicações da presidência, no entanto, Marcus David lembrou que o trabalho encaminhado pela comissão teve aprovação em seu âmbito por unanimidade.

Na sequência, a palavra foi passada para a diretora do Colégio de Aplicação João XXIII, Eliete Verbena, que começou destacando que, em princípio, o colégio acompanhou as demais escolas vinculadas a outras universidades sobre o ensino remoto, posicionando-se contra a adoção. Porém, com o agravamento da pandemia e a realidade atual, ouvindo-se todos os fóruns existentes na escola, concluiu-se que seria necessário admitir o ensino remoto emergencial, desde que garantidos a qualidade e os cuidados necessários. Após essa consideração, Eliete fez a leitura do relato da comissão que, em seguida, foi posta em discussão.

O primeiro a se manifestar foi o diretor da Faculdade de Farmácia, Marcelo Silva Silvério, que destacou a importância do trabalho da comissão, mas apresentou alguns questionamentos, como o sigilo das plataformas a serem utilizadas. O diretor aproveitou para consultar o reitor sobre o andamento da aquisição do Google for Education e se há possibilidade de ampliação da plataforma Moodle.

O reitor Marcus David respondeu que todos os cuidados estão sendo tomados pela Administração Superior quanto ao ensino remoto emergencial, incluindo a construção de um formato de proteção para os usuários. Ele lembrou que os trabalhos realizados pelas outras comissões têm cuidado dos vários aspectos que complementam a proposta para a educação básica.

O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFJF (Sintufejuf), Flávio Sereno Cardoso, cumprimentou a comissão pelo trabalho realizado e considerou o parecer sincero pelo o que foi relatado pelos representantes do Sindicato na comissão. Sereno defendeu que o isolamento social não seja afrouxado em momento algum e reforçou a necessidade de garantias de que a proposta de entrega de material aos estudantes seja elaborada com todos os cuidados.

A representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Luiza Gonçalves Lovisi Travassos, também cumprimentou a comissão. A estudante mostrou preocupação sobre como a Universidade pretende viabilizar o acesso aos conteúdos por quem tem algum tipo de limitação, uma vez que se fala em obrigatoriedade. A preocupação se estendeu aos alunos e alunas com necessidades especiais.

A presidente da Associação dos Professores de Ensino Superior (Apes), Marina Barbosa Pinto, elogiou o trabalho da comissão e o fato de a comunidade do colégio ter sido amplamente consultada, considerando que esse trabalho teve reflexo na construção da proposta. Marina avaliou que o colégio conseguiu fazer um bom mapeamento das condições de acesso e das especificidades do ensino remoto emergencial.

Entre suas preocupações, Marina mencionou a realização do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) e a pressão sofrida pela Universidade para a divulgação das datas das provas. Maria lembrou a fala do reitor sobre os impactos das decisões da UFJF na região, considerando ser necessário discutir o Pism com outros setores envolvidos, no sentido de se preservar os direitos ao ensino e ao aprendizado.

A diretora da Faculdade de Direito, Aline Araújo Passos, também cumprimentou a comissão pelo trabalho realizado. Falou de sua preocupação com os equipamentos para os estudantes que não têm acesso às tecnologias de informação. Ela defendeu que as decisões precisam ter definições melhores e mais seguras.

A pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, afirmou que o Colégio de Aplicação João XXIII produz conhecimentos que devem ser observados, pesquisados e que podem contribuir para a condução do ensino superior. Lembrou que a família é um sujeito importante na formação dos estudantes da educação básica e destacou que o debate realizado na comissão foi muito profícuo.

O diretor da Faculdade de Educação, Álvaro Quelhas, elogiou o trabalho da comissão, cumprimentando o grupo. Ele relatou que atuou durante 12 anos na educação básica e disse acreditar que o texto contempla as necessidades que a UFJF e o Colégio de Aplicação João XXIII têm neste momento específico que é necessário enfrentar.

O coordenador do Sintufejuf, cumprimentou a comissão pelo trabalho, mas considerou ser necessário que os conselheiros possam contribuir com sugestões à minuta. Ele reforçou as falas anteriores dos conselheiros Flávio Sereno e Marina Barbosa.

O pró-reitor de Assistência Estudantil, Marcos Freitas, aproveitou sua fala para elogiar a atuação da comissão.

O coordenador-geral do Sintufejuf, Flávio Sereno, em segundo momento, relatou que poucas universidades brasileiras têm feito um debate tão amplo e maduro sobre o ensino remoto emergencial como a UFJF. Ele disse estar preocupado com a qualidade do ensino e que mantê-la não é uma tarefa fácil em tempos de pandemia. Mas manifestou felicidade pelo empenho da comunidade do Colégio e da comissão. O técnico-administrativo em educação reforçou o pedido de que seja incluída na minuta a garantia de isolamento social.

A diretora da Faculdade de Serviço Social, Alexandra Eiras, cumprimentou a comissão e falou da preocupação com as condições de ensino remoto nas residências. Ela relatou que, em levantamento realizado por sua unidade, 71 discentes responderam que têm dificuldade para adotar esse modelo de ensino.

Após as contribuições, a diretora do Colégio, Eliete Verbena, fez alguns esclarecimentos sobre as dúvidas levantadas.

A diretora de Ensino do João XXIII e membro da comissão, Margareth Conceição Pereira, reforçou as colocações feitas pela diretora Eliete, afirmando que o colégio teve cuidado com o acesso à internet. Ela considerou que a avaliação foi importante para traçar a realidade das condições das famílias dos estudantes do colégio.

A representante da Apes na comissão, Daniela Motta de Oliveira, sugeriu uma redação para contemplar as preocupações expostas pela representação do Sintufejuf.

A vice-reitora, Girlene Alves da Silva, parabenizou a comissão pelo trabalho. Ela explicou que o Comitê de Monitoramento e Orientação de Conduta da UFJF sobre o Coronavírus está sempre atento a todos os encaminhamentos, preservando a saúde da comunidade universitária. Segundo a professora, tudo o que está sendo questionado em respeito ao isolamento social já havia sido alvo de análise pelo comitê que fez dez recomendações sobre o caso.

A representante do DCE, Luiza Travassos, questionou sobre a situação do estudante que não tiver acesso a tecnologias de informação e se há risco de reprovação por falta de acesso. As diretoras do Colégio esclareceram que não pode ser atribuída ao aluno a responsabilidade pela falta de acesso e que o João XXIII está preocupado em minimizar a desigualdade, tratando o tema com muito cuidado.

Após um longo debate sobre as posições divergentes quanto aos questionamentos apresentados pelo Sintufejuf, o reitor Marcus David discordou do encaminhamento proposto pelo conselheiro Flávio Sereno, defendendo a manutenção da minuta proposta pela comissão. Por essa razão, foram colocadas em votação as duas propostas, uma delas com alteração de dois parágrafos e a outra com o texto original.

O texto original recebeu 41 votos, enquanto a proposta do sindicato recebeu seis votos. Não houve abstenção. Com a votação, foram aprovadas as normas para ensino remoto emergencial no Colégio de Aplicação João XXIII.