Está no ar a sétima nota técnica produzida pelo grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, composto por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). No documento, os autores analisam dados de casos confirmados, internações e óbitos causados pela doença em Juiz de Fora e região. O objetivo é oferecer suporte aos planos de contingenciamento de leitos, profissionais e equipamentos de saúde no decorrer da pandemia.
Em sua sétima edição, a nota reúne informações coletadas até o encerramento da 29ª semana epidemiológica, concluída no dia 18 de julho. Um dos destaques apontados pelos pesquisadores é que a Covid-19 permanece fora de controle em Juiz de Fora – um cenário também refletido na macrorregião de saúde à qual a cidade pertence, a Sudeste de Minas Gerais. “Confrontamos os indicadores de Juiz de Fora e região com os parâmetros que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são os razoáveis para indicar o controle da pandemia. E nenhum dos nossos indicadores mostra adesão a esses critérios”, explica a pesquisadora Isabel Leite, uma das autoras da nota.
Também durante a última semana epidemiológica, foi contabilizado o segundo maior registro de novos casos confirmados na cidade, bem como um número de óbitos que corresponde a 32,3% do total de mortes atribuídos à doença até sábado passado. Em sua microrregião de saúde, Juiz de Fora segue concentrando a maioria dos casos e vidas perdidas, contabilizando mais de 90% para os dois indicadores. Porém, a proporção de ambos apresentou um aumento em municípios menores da microrregião, o que indica o processo de interiorização da pandemia.
Os parâmetros da Organização Mundial de Saúde
Um dos parâmetros considerados pela OMS é o Número de Reprodução Efetivo (Rt), uma estatística que indica o número, em média, de casos secundários contaminados por um indivíduo com Covid-19. Segundo a OMS, para que a pandemia esteja sob controle, é preciso que os valores do Rt sejam persistentemente menores do que 1, por um período de, ao menos, duas semanas. Essa condição não foi observada em Juiz de Fora, tampouco na macrorregião de saúde Sudeste de Minas. Nas 28ª e 29ª semanas epidemiológicas, o período mais longo com o valor de Rt menor que 1 durou por sete dias na cidade, entre 9 e 15 de julho. Na macrorregião, a maior duração foi a mesma, entre 10 e 16 de julho.
A taxa de positividade dos testes de Covid-19 é outro critério adotado pela OMS: ela deve ser menor do que 5%. Segundo dados coletados entre 12 e 19 de julho, informados pelo relatório técnico emitido pela Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES-MG), a taxa de positividade era de 32% e 30%, respectivamente, para Minas Gerais e a macrorregião Sudeste do estado, onde está localizada Juiz de Fora.
Outro dado observado é o declínio do número de hospitalizações, tanto em leitos de enfermaria quanto de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com a nota técnica da UFJF, o número de leitos ocupados está instável, não apresentando uma tendência clara de queda como recomendado. “A relação de procura por leitos é muito complexa; quando a taxa de ocupação sobe, por exemplo, uma opção do gestor pode ser a ampliação do número de leitos e, naturalmente, a taxa, em uma próxima análise, cairá. Mas isso não quer dizer que não exista o mesmo número, ou até maior, de pessoas que precisam de leitos. Ou seja, a taxa pode cair, mas isso não é o mesmo que dizer que as pessoas não estão mais adoecendo ou precisando de internação”, pondera Isabel Leite.
Notas técnicas
O grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, responsável pelas notas técnicas da UFJF, foi formado a partir de uma parceria entre a Universidade e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que contempla diversas ações nas mais variadas áreas de conhecimento. A primeira nota técnica foi publicada em 14 de abril, contendo a análise dos dados de notificações até o dia 13 do mesmo mês. Os documentos são publicados na plataforma JF Salvando Todos, que apresenta gráficos e estatísticas referentes sobre a Covid-19 referentes não apenas à cidade, mas a todas as regiões do Brasil.
Outras informações:
7ª nota técnica
JF Salvando Todos