Faculdade de Economia atua em linhas teóricas múltiplas com o objetivo de subsidiar o conhecimento empírico (Foto: VisualHunt)

Qual o papel dos economistas no futuro do Brasil e do mundo? O que a pandemia de Covid-19 pode ensinar para a Economia enquanto ciência? Qual Economia é ensinada na Academia e na Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)? Essas e outras indagações – que muitos de nós estão se fazendo neste momento de crise sanitária e econômica – são respondidas nesta reportagem, pelos profissionais que conduzem a Faculdade de Economia da UFJF. 

O curso de graduação em Economia da UFJF está baseado em três linhas mestres: a quantitativa, com a matemática, estatística e econometria; a das ciências sociais, com história econômica, sociologia e afins; e a da Teoria Econômica, com as abordagens de macroeconomia e microeconomia. Destas, ainda derivam outras teorias, mais aplicadas, dedicadas a entender os mercados especificamente, como o mercado internacional, o regional, o financeiro, o de trabalho, o da saúde, o industrial, o de inovações, o de transportes, o agrícola, dentre outros. Também são ministradas disciplinas que ajudam a ligar todos estes conhecimentos, como a que apresenta as diversas teorias de desenvolvimento econômico. 

De acordo com o diretor da Faculdade de Economia, Claudio Fóffano Vasconcelos, “como o curso de Economia é bastante eclético em termos de conhecimento econômico, suas linhas teóricas são múltiplas e têm o objetivo de subsidiar o conhecimento empírico, posteriormente”.

“Mas, é importante lembrar que o ambiente acadêmico permeado pelo livre pensar não tem e não terá uma única resposta para os problemas. Até porque, historicamente, a escolha de um ou outro caminho de enfrentamento dos problemas depende das condicionantes de formação política e cultural do momento desta sociedade” (Cláudio Vasconcelos)

Segundo Vasconcelos, quando se trata das crises econômicas experimentadas pelo sistema econômico mundial de tempos em tempos (como a que é vivida pelo Brasil, atualmente), a Academia possui infinitas possibilidades de atuação, podendo adotar, como linha mestra, a tarefa que sempre teve em outras crises: de analisar e compreender o que está acontecendo; ajudar a propor soluções emergenciais para o problema em curso, a fim de amenizar os danos; e dar elementos aos estudantes para o futuro que está por vir, revelando os registros do passado e ferramentas para a compreensão do presente. “Mas, é importante lembrar que o ambiente acadêmico permeado pelo livre pensar não tem e não terá uma única resposta para os problemas. Até porque, historicamente, a escolha de um ou outro caminho de enfrentamento dos problemas depende das condicionantes de formação política e cultural do momento desta sociedade”.

Para o vice-coordenador do curso, Eduardo Almeida, uma variável inesperada, como a pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, deve deixar lições valiosas para o presente e o futuro da economia, principalmente no Brasil. “Uma faculdade de Economia deve usar a boa técnica desenvolvida pelos economistas ao longo do tempo para estudar as consequências e efeitos da crise da Covid-19 na realidade socioeconômica de um país. A nossa Faculdade está exatamente fazendo isso, com  a realização de vários estudos feitos pelos seus professores e professoras, tentando avaliar o efeito da Covid na economia brasileira”. 

“O futuro da Economia é continuar adotando o método científico para tentar explicar o mundo e achar soluções para os nossos problemas. Fora da ciência não existe salvação para nada” (Eduardo Almeida)

Outra vertente que deve marcar os próximos passos da Economia, enquanto ciência, é a interrelação com outras áreas do conhecimento, devido às complexidades do mundo contemporâneo. Para o diretor da Faculdade, “a fim de conseguirmos explicar os novos fenômenos econômicos vejo que, cada vez mais, precisamos dos conhecimentos das áreas das ciências do comportamento e do instrumental quantitativo de fronteira para lidar com as informações contidas em grandes volumes de dados disponíveis na atualidade”.

A premissa é compartilhada pelo vice-coordenador do curso: “O futuro da Economia é continuar adotando o método científico para tentar explicar o mundo e achar soluções para os nossos problemas. Fora da ciência não existe salvação para nada”.